StoneX: Com muitas variáveis na formação dos preços, café ganha mais um ingrediente com mercado climático
Com fundamentos sólidos para valorização, mas muitos fatores externos influenciando nos preços, o mercado de café ganha um novo ingrediente na formação dos preços nas próximas semanas. De acordo com análise divulgada nesta sexta-feira (6) pela consultoria StoneX, assinada por Fernando Maximiliano e com participação do analista Leonardo Rossetti, a tendência ainda é de muita volatilidade no mercado de café sobretudo pelos números divergentes referentes à produção brasileira.
Fernando destaca que, como tradicionalmente já é conhecido do mercado, o Brasil enquanto maior produtor e exportador de café do mundo, continuará tendo o maior peso na definição global de café no ciclo 2022/23 e na oscilação de mercado.
A colheita da safra 22 já começou para alguns produtores, mas os trabalhos devem ganham força também nas próximas semanas nas principais áreas de produção. "Apesar das preocupações com a produção, o início da colheita da safra 2022/23, que se iniciará em meados de maio e deve atingir seu pico entre junho e julho, deve aliviar a preocupação do mercado com a oferta no curto/médio-prazo", afirma a consultoria.
A aproximação do inverno no Brasil, que por si só já traz bastante insegurança e volatilidade ao mercado, neste ano deve influenciar ainda mais na formação dos preços após os danos provocados pelas geadas no ano passado. "O temor de que o inverno de 2022 possa acarretar novos danos na produção brasileira de café arábica deve gerar bastante volatilidade ao mercado", afirma.
A StoneX destacou na sua estimativa que as análises dos modelos meteorológicos continuam indicando a permanência do fenômeno climático pelo terceiro ano seguido influenciando nas condições climáticas e por isso continua sendo fonte de preocupação para o setor cafeeiro. Enquanto no Brasil, o La Niña corta as precipitações, a Colômbia - segundo maior produtor de café arábica do mundo, sofre com o excesso de água no parque cafeeiro.
A Federação Nacional dos Cafeicultores tem a expectativa de reduzir em mais de 10% a produção no primeiro semestre de 2022. "Uma extensão das projeções de La Niña para o segundo e terceiro trimestre elevaria os riscos de atrasos e redução no volume de chuvas no período que antecede a florada na safra brasileira de 2022/23, afetando seu potencial", destaca a consultoria.
Estoques certificados
O cafeicultor viu o preço de café atingir patamares históricos na Bolsa de Nova York nos últimos meses e grande parte desta valorização, além dos problemas climáticos, também foi impulsionada pela redução dos estoques certificados na ICE. Até meados de fevereiro, as cotações em Nova York avançaram cerca de 16% no ano para suas máximas em 10 anos, quando o contrato mais ativo tocou os US₵ 258,45/lb no dia 9 de fevereiro.
A consultoria destaca que desde o final de fevereiro os estoques registraram leve avanço, mas ainda assim seguiram de forma estável, em torno de 1,1 milhão de sacas. "O monitoramento dos estoques certificados é prescindível, tendo em vista que, apesar dos avanços vistos recentemente, as condições ainda não são favoráveis à certificação de novos cafés das origens", acrescenta.
Fernando ressalta que mesmo que a produção do Brasil seja mais alta quando comparada com o ano passado, o o fator por si só não deve ser um impulsionador para certificação do café brasileiro na ICE no curto/médio prazo, considerando principalmente os problemas logísticos que ainda são uma realidade para o setor exportador do Brasil. Vale lembrar que o país deixou de gerar uma receita de aproximadamente US$ 500 no ano passado.
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