Epamig discute novas tecnologias para produção de mudas e plantio de café
A produção de mudas de café mais resistentes e livres de nematoides foi tema de mais um Seminário promovido pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) em parceria com a Associação Brasileira de Insumos para Agricultura Sustentável (INPAS). O evento ocorreu na última quinta-feira (10), no município de Patrocínio (MG), e reuniu empresários, produtores, viveiristas e pesquisadores do ramo da cafeicultura.
Na abertura do Seminário, a diretora-presidente da Epamig, Nilda Soares, destacou que a utilização de mudas de qualidade é a base para o sucesso das lavouras cafeeiras. Além disso, Nilda enfatizou o papel da pesquisa agropecuária no processo de geração de novas tecnologias para a produção de mudas cada vez mais vigorosas e de qualidade.
"Nosso objetivo, em um evento como esse, é discutir modos de produzir a melhor muda para servir nossos agricultores, os grandes protagonistas na produção de café no Brasil. As mudas são as principais indicadoras dos resultados que serão obtidos em nossos campos, e a pesquisa agropecuária da Epamig tem o compromisso de otimizar esses resultados", afirmou.
O diretor-presidente da INPAS, Carlos Biondo, endossou as palavras de Nilda Soares e enfatizou que discutir novas tecnologias é essencial para o sucesso da cafeicultura brasileira.
"Para falar em eficiência na cafeicultura é preciso falar de novas tecnologias. No caso das muda de café, estamos discutindo a questão da utilização de substratos sustentáveis e com garantia de isenção de nematoides", pontuou Carlos Biondo.
O Seminário, que neste ano chegou a 3ª edição, foi realizado com o apoio da Embrapa Meio Ambiente e da Fundação de Desenvolvimento do Cerrado Mineiro (Fundaccer).
O presidente da Fundaccer, Francisco Sérgio de Assis, destacou em sua fala que a região do Cerrado mineiro é exemplo mundial em termos de tecnologia, sustentabilidade e união. Francisco relatou sua experiência como produtor para ressaltar o valor dos trabalhos de pesquisa na busca por sanidade e variedade das lavouras.
"Graças aos trabalhos da Epamig com cafeicultura estamos avançando na sustentabilidade das lavouras em áreas infestadas por nematoides. A tecnologia, a inovação e a pesquisa são coisas que temos que abraçar e andar de mãos dadas. Se queremos que a nossa cafeicultura seja sempre sustentável, a pesquisa é fundamental", finalizou.
O problema dos nematoides
Considerado um dos principais inimigos dos parques cafeeiros, os nematoides são microrganismos encontrados no solo e capazes de parasitar o sistema radicular das plantas.
Segundo a pesquisadora da Epamig, Sonia Salgado, uma vez infestados por nematoides, é praticamente impossível erradicar a praga. Além disso, o café é uma cultura perene. Isso significa que a possibilidade de reprodução de nematoides nas raízes se perpetua ao longo de vários ciclos nos campos.
"Na última década, temos notado maior ocorrência dos nematoides nas lavouras cafeeiras. Com o tempo, esses nematoides vão danificando os sistemas radiculares, o que faz com que as plantas percam raízes. Consequentemente, há perda de folhas e, então, a tendência é a morte dos cafeeiros", explica a pesquisadora, responsável por uma das palestras do evento.
Mudas em substratos
Já que a recuperação de plantas atacadas por nematoides é difícil, a atitude mais correta é atentar-se para novos modos de produção de mudas sadias, livres dessas pragas.
Uma opção discutida no evento foi a utilização de mudas produzidas a partir de substratos, sem o uso do solo, e com riscos menores, ou quase nulos, de portar nematoides.
"No mercado encontramos vários produtos para compor substratos, tais como fibras de coco, vermiculita, turfas. O viveirista pode misturar esses materiais em seu próprio viveiro ou comprar o substrato pronto para fazer as mudas", exemplificou Sonia Salgado.
Segundo o engenheiro agrônomo, José Augusto Taveira, a diferença entre uma muda produzida em solo e uma muda produzida em substrato é perceptível. Para ele, a muda preparada em substrato sem solo, bem manejada e nutrida, tende a ter um potencial produtivo maior. Um dos motivos são as taxas de porosidade presentes nos substratos.
"Existe uma diferença enorme quando a gente evolui de uma muda produzida em solo para uma muda bem formada em substrato de alta qualidade. O solo é internacionalmente reconhecido como material que não possui porosidade suficiente para ser usado em recipientes. Solo tem apenas 50% de porosidade, e o mínimo que se exige para produção de plantas em recipientes é 85%", explicou Taveira.
Nesse sentido, Sonia Salgado concluiu sua fala com o exemplo bem-sucedido da citricultura. A pesquisadora relembrou que, na atualidade, as mudas de citros são feitas em substratos. "Se os citricultores venceram essa batalha, porque nós não seguimos o exemplo na cafeicultura? Precisamos inovar para evitar maiores prejuízos com nematoides", concluiu.
Viveiristas engajados
O 3º Seminário sobre novas tecnologias para produção de mudas de café trouxe depoimentos de viveiristas da região do Cerrado mineiro.
O empresário Paulo Nascentes, de Patos de Minas (MG), entende que o mercado de produção de mudas de café precisa mudar. Para ele, a produção de mudas em tubetes ou bandejas com substratos livres de solo é uma das soluções para fugir dos temíveis nematoides.
Questionado sobre o preço das mudas feitas em substratos, Paulo Nascentes disse que, de fato, as mudas são levemente mais caras. Porém, o empresário afirma que os benefícios obtidos são capazes de compensar os valores investidos.
"O produtor é resistente com mudas feitas em substrato porque elas são um pouco mais caras. Ele fica fazendo contas, mas se esquece de que as mudas em substrato dão origem a plantas muito melhores, com pegamento melhor, que produzem mais e que não têm o risco de apresentar nematoides", afirmou Paulo Nascentes.
O empresário de Monte Carmelo (MG), Francisco Spanhol, faz parte da terceira geração de uma família produtora de café. O município onde Francisco produz as mudas tem histórico de infestação por nematoides. O empresário, contudo, obtém êxito na produção ao seguir à risca o que diz a legislação e ao escolher boas cultivares e substratos.
"Nós não vendemos apenas mudas de café, nós vendemos tecnologia. Uma boa muda, acima de tudo, respeita as normas estabelecidas pelo Ministério da Agricultura e emprega o que há de mais moderno no mercado. Eu, por exemplo, só utilizo sementes credenciadas, comercializadas com nota fiscal, e estou sempre de olho em novas cultivares e insumos que vão originar mudas mais vigorosas", explicou Francisco Spanhol.
Legislação
Minas Gerais é o estado que mais produz mudas de café no Brasil. Por esse motivo, o evento realizado em Patrocínio contou com a participação da auditora fiscal do Ministério da Agricultura (Mapa), Lidiane Lisboa.
Em sua fala, Lidiane enfatizou que o Brasil possui legislação específica para a produção de mudas. Entre o material exposto, o destaque ficou para a Instrução Normativa nº 35, própria para materiais de propagação de café. Para ter acesso ao documento na íntegra, clique aqui.
A Epamig é uma empresa vinculada à Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa).
0 comentário
Preço do café sobe 4% nesta terça-feira e Bolsa de NY renova máximas para cotações do arábica
Mercado cafeeiro segue em sua tendência de alta no início da tarde desta 3ª feira (26)
Chuvas regulares trazem expectativa de uma boa safra de café em Minas Gerais, diz presidente da Faemg
Mapa divulga marcas e lotes de café torrado desclassificados para consumo
Após fortes altas, mercado cafeeiro inicia 3ª feira (26) com ganhos moderados e realização de lucros
Café em alta: novo recorde em exportação sinaliza que mundo abraça cada vez mais os grãos de Minas