Em 8 dias de guerra café recua mais de 2300 pontos com cenário de incerteza no consumo e volta ao patamar de R$ 1.300 no BR
O mercado futuro do café arábica teve mais um dia de queda expressiva e encerrou as cotações desta quinta-feira (3) com preços próximo da casa dos 220 cents/lbp na Bolsa de Nova York (ICE Future US).
Em oito de guerra e sem acordo entre Rússia e Ucrânia, a incerteza com o consumo de café no Leste Europeu continua pesando sobre os preços do café. Depois de ver os preços explodirem no último ano, o produtor de café viu em oito dias o contrato referência na Bolsa de Nova York recuar exatos 2.382 pontos, o que representa uma baixa de 9,65%.
De acordo com análise de Fernando Maximiliano, da StoneX Brasil, a grande incerteza do mercado continua sendo com o consumo de café. O levantamento da consultoria mostra que os números do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicaram que no ciclo 20/21 o consumo de café na Rússia foi de cerca de 4.1 milhões de sacas e a Ucrânia teve consumo de 1.2 milhões de sacas. O volume, de acordo com o analista, é expressivo e a grande pergunta que fica no mercado é: Quanto tempo essa crise vai durar? Quais impasses isso pode trazer para o café?
Fernando comenta que não acredita em redução total do consumo no Leste Europeu, mas que com certeza de alguma forma esses números serão afetados. "A percepção que a gente tem é que pode sim cair bastante, tudo isso pode trazer uma mudança que pode afetar socialmente e isso tudo balança o mercado que ainda trabalha com bastante dúvida", acrescenta.
Com relação aos fundamentos sólidos para valorização do café, Fernando acrescenta que eles continuam válidos, mas a crise entre os dois países vai continuar afetando muito a economia global e trazendo ainda mais volatilidade ao mercado de café, que por si só já vem passando por uma "montanha-russa" nos preços nos últimos meses.
"Ainda tem vários fatores que são positivos. Hoje nós tivemos a informação de redução na produção da Colômbia, tem a quebra do Brasil para esse ano e o consumo em outras áreas em alta. O que precisamos esperar é para saber como ficam as condições daqui pra frente", acrescenta.
De acordo com a Federação Nacional dos Cafeicultures (FNC), pelo segundo mês consecutivo a produção de café na Colômbia sofreu com o excesso de chuva e teve queda de 16% em fevereiro. A preocupação do segundo maior produtor de café arábica do mundo é justamente com os próximos meses, caso as chuvas continuam impactando as condições das lavouras.
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+ La Niña favorece excesso de chuva e Colômbia tem queda de 16% na produção de arábica em fevereiro
Na Bolsa de Londres, o café tipo conilon também teve um dia de desvalorização. Maio/22 teve queda de US$ 17 por tonelada, valendo US$ 2013, julho/22 teve queda de US$ 11 por tonelada, cotado por US$ 1991, setembro/22 teve queda de US$ 12 por tonelada, valendo US$ 1990 e novembro/22 teve baixa de US$ 12 por tonelada, valendo US$ 1990.
Café volta ao patamar de R$ 1.300,00 no Brasil
No Brasil, o mercado físico acompanhou Nova York e também encerrou com desvalorização nas principais praças de comercialização do país.O mercado físico, que já estava travado, está ainda mais parado nesta semana de baixas. A cotação do tipo 6 bebida dura bica corrida voltou aos patamares de R$ 1.3000,00. "Nas bases de preços em reais que os compradores tentam oferecer aos cafeicultores não aparecem vendedores. Provavelmente teremos outra semana de mercado físico paralisado", destaca o analista de mercado Eduardo Carvalhaes.
O tipo 6 bebida dura bica corrida teve queda de 3,68% em Guaxupé/MG, negociado por R$ 1.310,00, Poços de Caldas/MG teve queda de 3,45%, negociado por R$ 1.400,00, Araguarí/MG teve queda de 5,19%, valendo R$ 1.280,00, Varginha/MG teve queda de 5,04%, valendo R$ 1.320,00, Campos Gerais/MG teve baixa de 4,34%, valendo R$ 1.323,00 e Franca/SP teve queda de 3,65%, valendo R$ 1.320,00.
O tipo cereja descascado recuou de 3,45% em Guaxupé/MG, negociado por R$ 1.400,00, Poços de Caldas/MG teve baixa de 3,33%, negociado por R$ 1.450,00, Patrocínio/MG teve desvalorização de 3,48%, cotado por R$ 1.385, 00, Varginha/MG teve baixa de 4,76%, cotado por R$ 1.400,00 e Campos Gerais/MG teve queda de 4,16%, valendo R$ 1.383,00.
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