"Projeto Carbono" entra na fase final e dados podem ser link para produtor de café aproveitar novo mercado
O consumidor de café está cada vez mais exigente buscando entender o processo de produção, as práticas agrícolas adotadas, as histórias por trás da xícara de café e, principalmente, por sustentabilidade.
Essa é uma realidade já conhecida por todo setor cafeeiro do Brasil, que a cada dia trabalha com foco na promoção de imagem do café e comprovando as ações sustentáveis adotadas pelos cafeicultor brasileiro. Entre as pautas do setor, fala-se muito da "cafeicultura de carbono neutro", que também é foco do Comitê de Responsabilidade Social e Sustentabilidade (RSS) do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
O "Projeto Carbono", que visa mensurar o balanço líquido das emissões de gases de efeito estufa nas áreas de produção de café arábica em Minas Gerais, está em reta final, com previsão de divulgação dos resultados nas próximas semanas. A informação foi confirmada na manhã desta quinta-feira (17), por Silvia Pizzol, gestora de sustentabilidade do Cecafé no evento online "Um Caminho para a Neutralidade de Carbono no Café".
De acordo com Pizzol, neste momento, a equipe técnica está trabalhando no refinamento de dados. A gestora explica que a ação tem sido realizada no Sul de Minas Gerais, Cerrado Mineiro e nas Matas de Minas.
Ela explica, no entanto, que o foco da pesquisa não é estimular uma "competição" entre as áreas de produção, mas sim mostrar a evolução de uma cafeicultura mais sustentável na principal área de produção de café arábica do mundo. "A mensagem principal que o projeto quer passar é a evolução conjunta das três regiões em prol de uma cafeicultura mais sustentável. O objetivo é compor uma média das emissões no principal estado produtor de café do Brasil", acrescenta.
Silvia ainda pontua que para a quantificação do estoque de carbono, amostras de solos e cafeeiros foram extraídas dos pares de propriedades rurais.
"Seguindo métodos descritos na literatura especializada, e analisadas por combustão a seco", explica. Comenta ainda que em parceria com a Imaflora, para fazer o balanço, está sendo levantado um inventário de emissões para os biênios 2018/2019 e 2019/2020, sob a liderança científica do professor Carlos Eduardo Cerri, da Esalq/USP.
De acordo com o Cecafé, a análise laboratorial dessas amostras permitirá quantificar e comparar, com base em metodologia validada pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), a contribuição dos diferentes sistemas produtivos característicos da cafeicultura mineira para o sequestro de carbono da atmosfera e a consequente mitigação das mudanças climáticas.
Com os resultados em mãos, o objetivo do Conselho é aplicar os dados na promoção internacional da cafeicultura brasileira e principalmente mostrar para os principais clientes, assim como para quem está no campo, a importância das boas práticas na cafeicultura.
Silvia acrescenta a importância do produtor brasileiro estar por dentro das boas práticas e das inúmeras oportunidades que isso pode trazer no longo prazo. "Queremos divulgar esse tipo de informação para os produtores para estimular essa transição na produção. Esse cálculo também é muito importante para mostrar a oportunidade de link para esse mercado de carbono, que nem existiria sem as ações de boas práticas", finaliza.
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