Consumo de café vai continuar subindo nos próximos anos e Brasil precisa estar preparado para ampliar market share
Durante o pico da pandemia da Covid-19, uma das maiores incertezas do mercado de café foi em relação ao consumo da bebida mundo afora. As medidas de restrição resultaram em uma queda de consumo fora de casa em importantes polos consumidores como Estados Unidos e Europa, e agora o desafio do setor é entender como será a retomada do consumo fora de casa, mas para Albert Scalla, vice-presidente da consultoria StoneX, o cenário é positivo quando o assunto é consumo de café, prevendo que o mercado continuará aquecido nos próximos nove anos.
"Felizmente nós temos uma condição a nossa favor. O consumo de café vai continuar subindo, a pergunta que temos que fazer é: qual é a velocidade que isso vai acontecer? Nós tivemos a Covid que resultou em queda de consumo, mas rapidamente começou a subir. A dúvida é saber em qual velocidade. O Brasil, enquanto maior produtor e exportador, precisa puxar esse consumo", destaca o especialista, que participou na manhã desta quarta-feira (27) do Encoffee, evento realizado desde ontem em Urbelândia/MG. O painel foi mediado por Fernando Maximiliano, analista de mercado de café da StoneX.
Segundo Albert, o atual momento do mercado de café continua cercado por incertezas. Com os problemas climáticos no Brasil, inflação e retomada do consumo acabam gerando variações expressivas nos preços de café. "Para onde vai o dólar? São muitas variáveis, esse é o preço máximo ou mínimo? E a pergunta mais difícil: Qual a safra oficial do Brasil em 2021? Qual será a safra de 2022? O mercado continua tentando encontrar esse número", diz.
Já em relação ao público que deve fomentar esse consumo, Albert afirma que é o jovem que vai promover essa escalada para o café. "Esse é o grupo que vai movimentar o próximo consumo. Temos que puxar esse consumo, nós promoveremos esse consumo como a Coca-Cola o promove, por exemplo? Precisamos entregar esse café do jeito que o jovem quer tomar", comenta.
O eventou contou ainda com a participação de Marcos Matos, diretor executivo do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), que destacou que o Brasil faz a lição de casa quando o assunto é qualidade, sustentabilidade e entrega, mas que a retomada da economia traz boas notícias, mas também muitos desafios logísticos, como vem sendo observado por todo setor produtivo do país. De acordo com dados do Cecafé, os reflexos pós-pandemia começaram a afetar os embarques do Brasil em abril deste ano, e de maio a setembro, o país deixou de embarcar 4,2 milhões de sacas, o que representa receita de US$ 600 milhões a menos no período.
O CEO do Cecafé destacou que o Brasil, além de ser o maior produtor e exportador de café do mundo, vem ampliando market share com importantes parceiros comerciais, destacando China e Austrália como potenciais países quando o assunto é aumento de consumo. Segundo Marcos, a participação da China cresceu 390% nos últimos dez anos, enquanto a Austrália consome em média 5 milhões de sacas/ano, deste montante 30% do café é proveniente do Brasil.
"A gente exporta para os mais variados e exigentes mercados, mas quanto o Brasil precisa produzir só para atender market share? Nós temos que investir mais em produtividade, mais em sustentabilidade, mostrar as boas práticas e aí entra a nossa atividade de dialogar com o mundo para verem nossa realidade", afirma
Mais uma vez o aumento da participação de países produtores de café, como a Colômbia, voltou a ser destaque entre os especialistas do setor. Os três foram unânimes em dizer que o Brasil continua muito a frente dos outros países, sobretudo pelo avanço nas pesquisas e qualidade do café entregue ao mercado. "O Brasil é vanguarda em pesquisa e boas práticas agrícolas, precisamos estar sempre a frente em alguns desafios", comenta Marcos.
Albert acrescentou ainda que o produtor brasileiro precisa estar atento às mudanças de mercado, sobretudo quando o assunto é café de diferenciado, outro ponto que o Brasil vem se destacando e conquista novos espaços, focando na Europa que deve apresentar um comportamento diferenciado nessa retomada.
"Vai continuar subindo porque esse consumidor está pedindo café de qualidade, a Europa apresenta expressiva mudança de consumo. É questão de tempo, a mudança vai acontecer mais cedo, temos que aproveitar porque só temos esses próximos meses para aproveitar esse marke share", disse.
Mais segurança no mercado de café
O Cecafé apresentou ainda para os produtores presentes a parceira entre o Conselho e o Serasa Experian que tem como principal objetivo oferecer uma ferramenta de gestão de riscos ao mercado de café. "Objetivo de olhar em prol do produtor, exportador e para indústria. Quando você tem uma ferramenta que faz gestão de risco, nós conseguimos identificar o produtor que faz uma ótima gestão com vendas seguras e aquele que se expõe demais e podemos trabalhar de forma educativa", afirma o CEO.
Explicou ainda que a plataforma chega para entender melhor como está o contexto dos contratos futuros e todas as formas de fixação de preços. As informações incluídas na plataforma, que será operada exclusivamente pela Serasa Experian, serão fornecidas por associados do Cecafé que aderirem ao projeto, atendendo, de maneira rigorosa, a legislação pátria, especialmente a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), quando aplicável.
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