Primeira florada da safra 22 de café abre na principal área de produção de arábica, mas continuidade das chuvas preocupa produtor
As chuvas dos últimos meses têm ficado abaixo da média na região Central do Brasil, mas as baixas precipitações das últimas semanas foram suficientes para induzir a primeira florada da safra 22 de café na maior região produtora de arábica do Brasil. A safra de 2022, que antes era esperada com uma super produção, começa com vários problemas climáticos e incerteza em relação ao tamanho da produção.
De acordo com relatos enviados ao Notícias Agrícolas, a primeira florada foi registrada no sul mineiro e também na Zona da Mata de Minas Gerais. A florada da nova safra renova as esperanças no campo, mas após um ano com muita irregularidade climática, o cenário ainda é de apreensão e atenção em todo o setor.
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Adriano Rabelo, coordenador do Departamento Técnico e engenheiro agrônomo da Minasul, em algumas áreas do Sul de Minas Gerais, a florada é considerada positiva apenas em algumas áreas de atuação da cooperativa, como na região de Bom Sucesso que registrou chuvas de 30mm há 10 dias.
Já na cidade de Varginha/MG, por exemplo, a chuva aconteceu de forma muito irregular e a florada ficou fora do ideal. O especialista explica ainda que normalmente são registradas três floradas no início da safra, mas alerta que a possibilidade de baixo volume de chuva daqui pra pra frente aumenta as preocupações.
Veja fotos registradas na área de atuação da Minasul:
Em São Pedro da União/MG, a florada também abriu após uma chuva de 15mm, depois de 165 dias de seca. O produtor de café Fernando Barbosa relata que a florada abriu apenas nas lavouras que não tiveram produção neste ano. "A situação é complicada. O reservatório de água está com nível baixo, já temos apagão em algumas cidades", comenta.
Para a safra do ano que vem, Fernando acrescenta que 40% da área, que não produziu este ano, já está pronta para começar a produzir, mas também ressalta que falta de chuva preocupa muito na região. "Esse tempo muito quente já preocupa para saber se a florada irá vingar sem água suficiente no solo. Somente as lavouras que estão descansadas, esqueletadas devido à seca, tiveram a florada", comenta.
Veja fotos registradas em São Pedro da União/MG:
No município de Fervedouro, na Zona da Mata de Minas, a condição é a mesma. A chuva irregular induziu a florada, mas o tempo muito seco e as altas temperaturas tiram o sono do produtor. Segundo Bruna Carolina da Silva, produtora de cafés especiais, "os cafés estão sofrendo com a crise hídrica, está caindo muita folha e murchando os pés de café. Estamos esperando para ver se vai vingar a florada do dia 12", comenta.
De acordo com Bruna, para levar alívio ao parque cafeeiro, é necessário que chova, pelo menos, 100 milímetros ainda neste mês. "O que também foi observado é que abriu essa primeira florada e vai dar outra, então o café vai desigual no ano que vem", acrescenta.
É importante lembrar que a irregularidade da florada foi um fator determinante de baixa para a produção de 2021 de café arábica. Com baixo volume de chuva e temperaturas elevadas, a Conab aponta em uma redução de 25% em comparação com o ciclo anterior, segundo dados divulgados nesta terça-feira (21). + Conab: Novo levantamento da safra de café nacional estima produção de quase 47 milhões de sacas
Veja fotos registradas em Fervedouro/MG:
Pedro Araújo, Diretor de Produção e Comercialização da Coocafé - cooperativa em atuação na Zona da Mata, explica que caso não chova nos próximos 15 dias, a situação para o ano que já começa a ficar ainda mais complicada.
Em relação à florada, Pedro explica que também abriu de forma pontual, mas ressalta que as chuvas não vieram, além de trazer problemas para esses produtores, pelo segundo ano consecutivo, deve afetar a produção da região. Em 2021, a cooperativa afirma que houve quebra de 60% na produção.
De janeiro até setembro choveu apenas 50% do esperado para a Zona da Mata. "No momento, o déficit hídrico é de mais de 100mm, está muito quente, as lavouras perdendo muito folha. Se chover, a situação melhora, mas precisa ser no máximo dentro de 15 dias e de pelo menos uns 40mm, além disso, precisa continuar chovendo", finaliza.
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