Mercado do café já se prepara para oferta limitada com quebra do Brasil, diz consultor
Depois de uma safra recorde para o Brasil, o setor cafeeiro já começa a se preparar para as consequências dos problemas climáticos que atingiram a maior região de arábica no Brasil no ano passado.
Levantamento feito pela Pharos Consultoria, liderado pelo analista de mercado Haroldo Bonfá, destaca que o mercado já se preparada para o segundo semestre de 2021, mostrando ainda que o Brasil aumentou de maneira expressiva sua participação nos estoques certificados da ICE.
Na última sexta-feira, dia 22, os preços no mercado futuro foram pressionados por uma alta nos estoques da ICE. A Bolsa de Nova York (ICE Future US) fechou o dia com mais de 200 pontos de desvalorização. Até esta terça-feira (26), os estoques contavam com 1.602.404 sacas de café.
A reposição nos estoques chamam atenção, levando em consideração que no ano passado o volume chegou ao nível mais baixos dos últimos 20 anos. No dia 9 de setembro, os estoques contavam com 1.2354 milhões de sacas. "O mercado entendeu que precisa compor os estoques para o segundo semestre, já entendendo a tendência de altas expressivas na formação de preços no mercado futuro", afirma o analista.
De acordo com dados divulgados na semana passada, no 1º Levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento, a safra de arábica do Brasil deve ter uma quebra entre 32 % e 39% na produção de arábica, considerando o ano de bienalidade baixa e os problemas climáticos. "Nós, sem dúvidas, teremos uma redução de oferta e o mercado vai reagir, vai subir preço", afirma Haroldo.
Com uma oferta limitada e preços mais altos, a tendência é que o mercado consuma esse estoque já sendo preparado pela ICE. Vale lembrar que em 2020, o que motivou a mudança no consumo foi a pandemia do Coronavírus. Com as incertezas sobre os embarques, importantes polos consumidores como Europa e Estados Unidos passaram a fazer uso dos cafés que já estavam disponíveis, indicando assim um cenário confortável para o consumo de café mesmo com lockdown acontecendo mundo afora.
Apesar das incertezas econômicas ainda sondarem o setor, a chegada da vacina na Europa e também nos Estados Unidos (principal consumidor do café brasileiro), tende a dar um tom positivo para o mercado, já que a longo prazo, a tendência é de uma diminuição nas medidas de contenção da Covid-19.
Prova disso é que as exportações brasileiras seguem fortes desde o final do ano passado, com a entrada da safra 20 no mercado. "O Brasil hoje, considerando os fatos atuais, tem um cenário muito positivo. Tem estoque e tem venda feita. O produtor garantiu o bom preço e isso é muito positivo", afirma o especialista.
Em 2020, o Brasil exportou 44,5 milhões de sacas de café, considerando a soma de café verde, solúvel e torrado & moído, segundo relatório consolidado pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). O dado confere ao país um novo recorde histórico das exportações do produto para o ano e representa um crescimento de 9,4% em relação ao volume total exportado em 2019.
>>> Brasil exporta 44,5 milhões de sacas de café em 2020 e bate novo recorde histórico
Os números do levamentamento mostram ainda o aumento da participação do Brasil nos estoques certificados, o que confirma que o café brasileiro tem cada vez mais qualidade e conquista novos espaços. Os dados da Pharos mostram que em 20 de janeiro de 2020, o Brasil tinha apenas 0,05% de partipação nos estoques - com 975 sacas.
Exatamente um ano ano depois, 36,10% - com 578 mil sacas. Segundo o analista, o resultado é reflexo da produção em alta escala, mas principalmente do produtor capitalizado que consegue fazer os investimentos necessários para conseguir atender as exigências da ICE.
Brasil aumenta participação nos estoques da ICE
É importante ressaltar que além da boa produção do Brasil, os problemas enfrentados por Honduras colaboram para o aumento na participação. Além das dificuldades com a pandemia, o produtor de Honduras segue enfrentando problema econômico social, com parte da população fazendo movimentação migratória para outros países.
É importante considerar ainda que toda América Central passou por dois furacações, levando além de problema nos cafezais, problemas também para a logística da região, o que deve comprometer as exportações.
Falando em mercado, Haroldo destaca que diante da quebra de safra em 2021, a tendência é que seja observada uma movimentação mais expressiva de renegociação de posição na Bolsa, levando em consideração que muitos produtores fizeram travas no mercado futuro, aproveitando a alta nos preços no final de 2019 e também durante o ano de 2020.
A orientação, segundo Haroldo, é que o produtor tenha um preço médio e que não deixe de participar do mercado futuro. "O produtor precisa ter em mente que oportunidades surgem, mas também precisa estar atento com as vendas futuras considerando as condições da safra atual", finaliza. Enquanto ainda não se sabe o tamanho exato da quebra para o Brasil, Haroldo acredita que os preços continuarão nos patamares atuais, considerando que a pandemia e o câmbio ainda são fundamentais para a formação de preços na Bolsa.
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