Café: Cidades do cinturão brasileiro acumulam 4 meses sem chuvas volumosas; veja a previsão estendida
O cinturão produtivo de café do Brasil está sendo impactado pelas altas temperaturas e baixos volumes de chuva em pleno desenvolvimento da safra comercial 2020/21. Dados do Sismet, sistema de monitoramento agrometeorológico da Cooxupé (Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé), mostram que cidades produtoras estão há quatro meses sem chuvas volumosas.
"A situação das lavouras está ficando bastante complicada. As temperaturas estão altas e há falta de chuvas, o que faz com algumas lavouras já comecem a murchar. Se não tivermos precipitações até o final da próxima semana a situação fica muito catastrófica", afirma o engenheiro agrônomo e pesquisador da Fundação Procafé, Alysson Fagundes.
De acordo com os dados disponibilizados pela plataforma de acompanhamento agrometeorológico da Cooxupé, no Sul de Minas Gerais, em Guaxupé (MG), a última chuva acima de 10 mm, considerada volumosa, ocorreu no dia 18 de maio, quase quatro meses atrás. Em Nova Resende (MG), a última chuva expressiva foi em 17 de maio, com 14 mm, há exatos quatro meses.
No Cerrado Mineiro, a situação de chuvas é parecida com a do Sul de Minas. Coromandel (MG) recebeu a última chuva volumosa em 17 de maio, com 39,2 mm. Em Caconde (SP), na divisa com Minas, a última chuva acima de 10 mm foi em 04 de agosto. As temperaturas máximas no período em ambas as cidades ficaram na casa dos 30°C.
Veja o mapa de precipitação mensal em algumas cidades do cinturão produtivo dos 3 últimos anos:
Guaxupé (MG) - Fonte: Sismet/Cooxupé
Nova Resende (MG) - Fonte: Sismet/Cooxupé
Coromandel (MG) - Fonte: Sismet/Cooxupé
Caconde (SP) - Fonte: Sismet/Cooxupé
O mapa de precipitação acumulada dos últimos 90 dias em todo o Brasil mostra que as chuvas ocorreram no período apenas sobre os pontos do extremo Norte e Sul do país, além de localidades do litoral Nordestino. Enquanto isso, áreas centrais tiveram tempo extremamente seco e com altas temperaturas.
O mercado do arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) subiu 5,87% no acumulado da semana passada acompanhando em parte as preocupações com o Brasil. "Fotos de floradas seguidas de um prognóstico de chuvas apenas para outubro geraram preocupações entre os participantes, já que há algum tempo já se comenta e se espera uma safra recorde para o ciclo de 2020/2021", disse Rodrigo Costa, diretor da Comexim".
Veja o mapa de precipitação acumulada dos últimos 90 dias em todo o Brasil:
Fonte: Inmet
Em entrevista ao Notícias Agrícolas, Leonardo de Oliveira, engenheiro agrônomo de Cássia (MG) destacou que a colheita da temporada passada nem terminou e as atenções estão para a próxima diante das condições climáticas adversas na região. A ferrugem também preocupa o especialista que gerencia propriedades.
"Nós temos muitas áreas há mais de 50 dias sem chuvas. Lavouras novas estão sentido muito a seca e lavouras velhas também sentem, já que tem sistema radicular mais superficial", disse Oliveira. Depois de perdas entre 15% a 20% na região em 2019/20, o agrônomo teme que nova quebra ocorra na próxima temporada.
A próxima safra de café do Brasil tende a ser de bienalidade positiva, ou seja, mais alta do que a que acabou de ser colhida, mas diante das recentes condições do tempo, a situação preocupa. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou nesta terça-feira (17) que a safra de 2019 teve produção de 48,99 milhões de sacas de 60 kg beneficiadas.
O volume tem queda de mais de 20% ante a temporada iniciada no ano de 2018. Por espécie, o arábica teve produção de 34,47 milhões de sacas, com uma redução de 27,4% ante a safra de 2018 2018. O conilon, segundo a companhia, deve atingir volume produzido de 14,52 milhões de sacas com elevação de 2,5% ao ano anterior.
Leia mais:
» Produção de café estimada pela Conab é de 48,99 milhões de sacas com redução de 20,5%
"A gente já pode afirmar com certeza que a safra de 2020 é menor que a safra de 2018 por situações de déficit hídrico e de frio extremo. As lavouras perderam muita produtividade", pondera Fagundes fazendo um comparativo da safra de 2018 e a do próximo ano, que está em desenvolvimento.
Previsão do tempo
Os mapas dos principais modelos de previsão do tempo não apontam a chegada de chuvas volumosas para áreas do cinturão produtivo de café do Brasil pelo menos até os últimos dias de setembro, que é quando podem ocorrer pancadas de chuva, mas ainda assim muito fracas.
Veja o mapa de precipitação acumulada do Inmet para os próximos 7 dias:
Fonte: Inmet
De acordo com o mapa de previsão estendida do centro de previsão da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA, na sigla em inglês), no período de 17 até 25 de setembro, as chuvas mais volumosas ocorrem em áreas da região Norte, Sul, Sudeste e pontos da região Nordeste.
De 25 de setembro até 03 de outubro, as chuvas tomam com mais força áreas centrais do Brasil, mas as precipitações mais volumosas ficam concentradas sobre áreas da região Norte, Centro-Oeste, Sudeste, Sul e Nordeste. Ainda assim, os volumes serão de fracos a moderados.
Veja o mapa com a tendência de precipitação acumulada para o período de 17 de setembro até 03 de outubro:
Fonte: National Centers for Environmental Prediction/NOAA
Clique e veja a previsão para os próximos 15 dias em algumas cidades produtoras de café do Brasil:
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