Conselho Internacional define ações para combater baixos preços do café

Publicado em 21/09/2018 11:56
Em Londres, colegiado elenca a sustentabilidade econômica como prioridade, voltando os olhos para a elevação do consumo e para o uso alternativo do café de qualidade inferior

Nesta semana, foram realizadas, em Londres, Inglaterra, a 122ª Sessão do Conselho Internacional e demais reuniões da Organização Internacional do Café (OIC), com a participação do Conselho Nacional do Café (CNC) como membro ativo da delegação brasileira.

Os representantes dos países produtores externaram sua preocupação com o atual cenário de preço do mercado internacional, que não cobre os custos de produção na maioria das nações cafeeiras, retirando sua sustentabilidade econômica.

Além disso, os representantes da produção demonstraram que os preços correntes não refletem os fatores fundamentais do mercado físico e argumentaram, com base em posicionamento apresentado pelo CNC, que o consumo é um instrumento crucial para garantir a viabilidade econômica da cadeia de valor do café.

O presidente do CNC, Silas Brasileiro, entende que a defesa da ampliação do consumo é fator vital para que haja equilíbrio entre oferta e demanda e que qualquer iniciativa que almeje incremento produtivo deve estar, obrigatoriamente, atrelada à elevação dos níveis consumidos da bebida.

“Essa é uma preocupação que sempre deixamos clara nos últimos anos na OIC, em todas as reuniões realizadas em Londres, Costa do Marfim e México. Não há como aceitarmos solicitações para aumento de produção sem que haja demanda nos mesmos níveis de crescimento, pois isso sufocaria ainda mais os cafeicultores em todo o mundo”, recorda.

Brasileiro espera que as indústrias contribuam nesse cenário, permitindo que haja sustentabilidade econômica na cadeia. “O respeito socioambiental os produtores possuem por princípios e necessidade de zelar por seu patrimônio, principalmente no Brasil, onde trabalhamos sob os olhos de rígidas e corretas legislações. Precisamos que os industriais exerçam o lado econômico da sustentabilidade, comprando nosso produto sustentável a preços remuneradores e que permitam a manutenção dos cafeicultores na atividade, com renda para suas famílias e seus países”, aponta o presidente do CNC.

Em relação ao panorama crítico de preços no mercado internacional, os países Membros da OIC elencaram, em resolução consensual assinada pelas nações produtoras e importadoras que compõem o Conselho Internacional do Café, uma série de ações a serem adotadas para mitigar o cenário de falta de renda aos produtores, que envolvem:

1 – Lançar um plano de comunicação global voltado aos consumidores, envolvendo produtores, indústrias, formadores de opinião e outras partes interessadas buscando divulgar, por meio de mídias sociais e demais meios de comunicação, a realidade econômica do setor cafeeiro – do produtor ao consumidor final – a partir do Dia Internacional do Café, em 1º de outubro de 2018;

2 – Instruir a OIC a promover o diálogo entre todas as partes interessadas que integram a cadeia de valor do café para assegurar a sustentabilidade econômica dos produtores;

3 – Instruir a OIC a garantir que entre os países Membros haja um intercâmbio eficaz de iniciativas nacionais de políticas públicas que promovam a sustentabilidade econômica;

4 – Mudar as prioridades do Plano Estratégico da OIC, adotando o tema "Rentabilidade: Consumo e Produtividade" para o ano cafeeiro 2018/19;

5 – Incluir a promoção do consumo como diretriz em todos os planos de ação da OIC que visam à implementação da Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável;

6 – Estimular os Membros exportadores a adotarem programas que incrementem seus níveis de consumo interno e incentivar a OIC a apoiar iniciativas que explorem usos alternativos para o café de qualidade inferior, de acordo com o item 9 da Resolução 420; e

7 – Instar o diretor executivo da OIC a estreitar laços com a indústria torrefadora internacional como medida de urgência, visando a obter apoio para a implementação desta Resolução.

Segundo o presidente do CNC, a delegação nacional foi muito bem coordenada pelo Representante Permanente do Brasil junto aos Organismos Internacionais sediados em Londres, embaixador Hermano Telles Ribeiro, que contou com a participação ativa da entidade na redação da resolução aprovada pelo Conselho Internacional.

“Realizamos a orientação do conteúdo para garantir ação mais ativa da OIC na promoção do consumo e de usos alternativos para o café de qualidade inferior, além do compartilhamento dessas responsabilidades com a indústria torrefadora internacional”, conclui Brasileiro.

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Fonte:
CNC

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1 comentário

  • Carlos Rodrigues

    Num mercado global sem regras tudo isso que foi acordado vai dar em que?? é o salve-se quem puder!!

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    • carlo meloni sao paulo - SP

      Os salve-se quem puder sao os grandes produtores com colhedeiras mecanicas de cafe' -----Para eles sobra pouquinho mas ainda tem condiçoes de se manter de pe'-----Mas essa estoria nao vai acabar bem , porque quando nao sobrar poder aquisitivo para a grande maioria da populaçao , quem vai consumir??

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