Café: Em um ano, preços caíram quase 20% na Bolsa de Nova York e cerca de 15% no mercado brasileiro
Os futuros do café arábica caíram quase 20% em um ano na Bolsa de Nova York (ICE Futures US), saíram de US$ 1,48 para US$ 1,20 por libra-peso no vencimento referência, e no mercado brasileiro recuaram cerca de 15% nas principais praças de comercialização, segundo levantamento realizado pelo economista do Notícias Agrícolas, André Bittencourt Lopes.
No período de um ano, de 16 de fevereiro do ano passado para 16 de fevereiro deste ano de 2018, os lotes de arábica com vencimento para maio, que são os de referência para o mercado no momento, tiveram recuo de 18,83%. Saíram de 148,40 cents/lb em 2017 para 120,45 cents/lb na última sexta-feira. No mesmo período, o dólar comercial subiu 4,55% ante o real.
Por trás dessa queda, de acordo com o analista de mercado da Safras & Mercado, Gil Carlos Barabach, está principalmente a assimilação do mercado com a safra 2018/19 do Brasil, maior produtor e exportador do grão. Além disso, os estoques mais altos nas mãos dos importadores também contribuíram para o cenário.
"A pressão em Nova York ocorre desde o segundo semestre do ano passado com a perspectiva de safra recorde se desenhando no Brasil. Além disso, os importadores nos últimos meses, antecipando um cenário de déficit global, aceleraram as compras e aumentaram seus estoques", afirma o analista.
Agora, com expectativa de safra alta à frente, importadores começam a escoar os volumes armazenados. Os estoques de café verde dos Estados Unidos, por exemplo, registraram a sexta queda consecutiva em janeiro, totalizando 6,61 milhões de sacas de 60 kg. "É natural que eles reduzam os estoques neste momento, já que é inverno no hemisfério Norte, mas esse recuo é até pequeno", explica Barabach.
A Safras & Mercado vê grandes possibilidades de a safra brasileira de café neste ano ficar próxima de 60 milhões de sacas. As colheitas de conilon e arábica, segundo Barabach, devem ser maiores do que a anterior. A produção de arábica ficará um pouco abaixo de seu potencial por conta do atraso da florada com condições climáticas adversas.
No mercado interno, o período também foi de queda, ainda que um pouco mais limitadas pelo câmbio. Em Guaxupé (MG), por exemplo, o tipo 6 estava cotado em R$ 505,00 a saca em fevereiro do ano passado e na sexta-feira passada fechou em R$ 430,00. Uma queda de 14,85%. "O dólar ajudou menos do que em outros anos, mas deu suporte aos preços internos", disse Barabach.
Ainda assim, os preços internos seguem as oscilações na Bolsa de Nova York, principal referencial para a as cotações do café.
Além de preços mais baixos neste ano de 2018, os produtores brasileiros de café também devem enfrentar aumento nos custos de produção de até 4% por conta de aumento nas despesas com mão de obra e câmbio, segundo levantamento da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária). Em 2017, em Guaxupé (MG), os custos de produção, em média, estavam em R$ 453,07.
Com a perspectiva de safra mais alta neste ano de 2018, os tipos de café com qualidade inferior, que tiveram picos de alta nos últimos dias com a demanda da indústria para substituir o arábica, devem ter o preço mais normalizado. Além da expectativa de boa produção de conilon no Brasil, a colheita no Vietnã também deve subir nesta safra e aumentar a oferta do grão no mercado.
Diante do cenário, Gil Carlos Barabach, pontua que os produtores devem ter cautela nas negociações, já que a pressão nos preços será inevitável. "O cafeicultor terá que trabalhar bem a comercialização, saber se proteger, ser cauteloso e ficar menos exposto com a vulnerabilidade de entrada de safra", explica.
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