Fundação Procafé testa adubo organomineral que aumenta a produtividade e reduz impacto ambiental

Publicado em 11/10/2017 15:00

A Fundação Procafé, instituição privada que desenvolve pesquisas e difusão de conhecimento para a melhoria das técnicas cafeeiras há 40 anos, iniciou em Franca testes com um fertilizante organomineral que está aumentando a produtividade de lavouras de soja, milho e feijão em até 20% em Minas Gerais.

O teste terá duração de 4 anos e está sendo realizado com 350 plantas da variedade catuaí amarelo do café arábica, que é o tipo mais cultivado no Brasil. Cerca de 60% da Alta Mogiana, no nordeste do estado de São Paulo e uma das principais regiões produtoras de café no país, utiliza essa variedade.

“São aplicadas diferentes doses do organomineral e diferentes doses do mineral convencional para avaliarmos o diferencial de produtividade, análise nutricional da planta e os parâmetros de desenvolvimento vegetativo entre os dois tipos de adubo”, explica o pesquisador da Fundação Procafé Marcelo Jordão Filho.

O adubo, composto por matéria orgânica proveniente da cana-de-açúcar e nutrientes, é desenvolvido por uma empresa brasileira a partir de uma tecnologia proprietária que libera os nutrientes no solo gradualmente, o que evita a segregação mineral e a salinização concentrada próximo às raízes, reduzindo os impactos ambientais causados pelo excesso de minerais no solo.

Foram cinco anos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), R$ 150 milhões de investimentos e mais de 100 testes agronômicos realizados em campo e casas de vegetação em parceria com instituições como UFU, ESALQ, EPAMIG e EMATER, até ser comprovada a eficiência do produto que já está sendo utilizado por produtores rurais em Minas Gerais. 

Na Fazenda Santa Julieta, a produção de milho e feijão aumentou 20% na comparação com o cultivo adubado com o fertilizante mineral. O crescimento na produção também foi percebido por uma cooperativa produtora de café em Campos Altos, que produziu 10% a mais na última safra em relação à anterior.

Os testes em Franca começaram este ano e os primeiros resultados virão na próxima safra, em 2018. A perspectiva é de um aumento de 3 a 5 sacas de café por hectare no primeiro ano. Nos anos seguintes, a tendência é de um crescimento ainda maior da produção, considerando a mesma área cultivada. “Quando se utiliza esse tipo de produto, o aumento é progressivo ano a ano devido ao condicionamento do solo e a menos salinização”, explica Ernani Júdice, CEO da Geociclo fabricante do fertilizante. 

O prolongamento da solubilização do adubo evita também que o produtor rural entre mais vezes na lavoura, economizando recursos com máquina e mão de obra. Em aplicações de cobertura, a solubilização dos nutrientes no solo leva, em média, de 20 a 30 dias. Quando aplicado no sulco de plantio pode levar até 40 dias.

“Os sistemas de alimentação precisam ser mais inteligentes e mais eficientes. O Brasil importa cerca de 70% do fertilizante utilizado na agricultura. Essa dependência de nutrientes estrangeiros influencia diretamente no custo da lavoura. Nosso produto por ser mais eficiente utiliza 50% menos desses produtos minerais”, conclui Ernani.

Com foco em culturas de maior valor agregado, como hortifrúti, café, milho e grãos a Geociclo firmou uma parceria com a gigante norte-americana ALLTECH Crop Science, presente em 120 países e com 250 pontos de distribuição de produtos para a agricultura no Brasil, para ampliar sua base de distribuição para a Alta Mogiana (SP), leste do Estado de São Paulo, em todo o Estado de Minas Gerais e Espírito Santo, no Vale do São Francisco (PE/BA) e no Cinturão dos Grãos (GO).

Reaproveitamento de resíduos

Para a fabricação do fertilizante é utilizado um composto orgânico proveniente do resíduo da cana de açúcar. O resíduo é tratado na compostagem para ficar livre de microorganismos nocivos às plantas e ao meio ambiente. Esse processo tem como objetivo fornecer uma matéria prima biologicamente estável para a produção do adubo organomineral de qualidade.

O aproveitamento da torta de filtro, resíduo proveniente da extração do caldo de cana, contribui para a redução dos resíduos das usinas. Para cada tonelada de cana sobram, em média, 40 kg. Em torno de 1,8 tonelada desse material, em contrapartida, é capaz de produzir uma tonelada do fertilizante organomineral.

A aeração, a temperatura e a umidade em níveis adequados, assim como o controle de PH e de tamanho partícula garantem uma compostagem assistida bem sucedida. Uma máquina trazida dos Estados Unidos faz esse trabalho. A parte mineral da fórmula possui fontes de nitrogênio, potássio e fósforo. Elas se unem ao composto orgânico transformado em pó e depois em pellets que serão aplicados na lavoura.

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Fonte:
Asscom Geociclo

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