OIC enfraquece tendência para exportações de café do Brasil com aumento do real
A OIC (Organização Internacional do Café) enfraqueceu as perspectivas para as exportações de café brasileiras diante da firmeza do real, bem como os estoques enfraquecidos no país, mesmo que os dados do setor mostrem uma lenta melhora nos volumes pós-colheita.
Ao mesmo tempo em que a OIC mostrou queda nas remessas do Brasil, também assinalou que as exportações mundiais de café "permaneceram em um nível muito alto" em julho, subindo 11% de um ano para o outro, em 9,4 milhões de sacas de 60 kg.
Já os volumes do Brasil, maior país produtor e exportador de café, caíram 11% no período para 1,75 milhões de sacas, incluindo o café solúvel, "o menor volume que o país exportava desde fevereiro de 2004", disse a organização.
A desaceleração refletiu em parte as baixas reservas para exportação, esgotadas por "uma colheita anteriormente pobre", quando a produção de café robusta, em particular, foi prejudicada pela seca.
A OIC também sinalizou uma "taxa de câmbio com o dólar dos EUA desfavorável, corroendo a competitividade do café brasileiro no mercado mundial".
Dados da Colômbia
O real recuperou-se 7,1% em relação ao dólar até o momento em 2017, tornando as exportações brasileiras menos acessíveis para os compradores em dólares, que é a moeda de comércio internacional de muitas commodities, incluindo o café.
Em contrapartida, a OIC sublinhou "aumentos significativos" nas exportações de café da Colômbia, o segundo maior produtor e exportador de grãos de café arábica, e cuja moeda, o peso, manteve-se estável em relação ao dólar neste ano.
"Os volumes embarcados em julho dobraram em relação a julho passado", disse a organização, reconhecendo que o número do ano anterior estava excepcionalmente deprimido graças à greve de caminhoneiros no país.
"No entanto, as cifras recentes mostram uma continuação do desempenho forte do país este ano cafeeiro". Os embarques da Colômbia para 2016/17, que começaram em outubro, tiveram um aumento de 11,6% de um ano para o outro, totalizando 11,2 milhões de sacas.
"Melhor perspectiva"
Esses comentários vieram no mesmo momento em que o Cecafé, grupo industrial brasileiro de exportadores de café, revelou dados do mês passado que mostram exportações totais de 2,37 milhões de sacas.
Os dados representam levantamento do marcado a partir de julho e um reflexo do impulso da oferta exportável da nova colheita de café arábica.
"Agosto traz uma perspectiva melhor para as exportações", disse Nelson Carvalhaes, presidente da Cecafé, marcando "sinais de recuperação".
No entanto, o desempenho é o mais fraco para qualquer agosto pelo menos desde 2009, mesmo assim Carvalhaes pediu cautela sobre as perspectivas de revitalização.
Enquanto este mês "deve voltar a ver volumes maiores, cerca de 20% mais altos" do que em agosto, mesmo com o aumento que implica embarques de setembro de cerca de 2,85 milhões de sacas, representaria uma queda nos volumes de 7% de um ano para o outro, segundo dados do Cecafé.
Movimentos de preço
O impulso nas exportações brasileiras de café da safra de 2017 foi adiado em parte pelo clima úmido que, além de diminuir a colheita, também prejudicou a secagem dos grãos, para torná-los aptos para o armazenamento.
Além disso, tem se falado que os produtores brasileiros estão segurando as vendas na esperança de preços mais altos.
Os preços do arábica brasileiro estão em R$ 444,12 a saca, de acordo com o instituto de pesquisa Cepea, uma queda de 8,6% até o momento em 2017. Os grãos de robusta tem queda de 19,8%, em R$ 395,58 a saca, impactado pela produção melhor após melhoras nas chuvas em áreas de cultivo atingidas pela seca.
Tradução: Jhonatas Simião
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