Exportações de café solúvel do Brasil recuam 12,4% no 1º semestre e deixam indústria em alerta
As exportações brasileiras de café solúvel caíram 12,4% no primeiro semestre de 2017 em relação ao mesmo período do ano anterior, de acordo com dados do Cecafé (Conselho dos Exportadores de café do Brasil). A informação foi divulgada nesta quarta-feira (19) pela ABICS (Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel), que alerta os membros do setor para a situação, uma vez que a redução foi ocasionada pela perda de clientes. O Brasil enfrentou problemas com o abastecimento nos últimos meses.
"Essa diminuição no número de clientes resulta de contratos que deixaram de ser fechados a partir do segundo semestre de 2016, no auge da crise de preços e abastecimento de conilon para a indústria e exatamente o período de renovações de contratos entre empresários brasileiros e os compradores internacionais", disse a ABICS em relatório mensal de oferta de matéria-prima e exportação.
O Brasil enfrentou no final de 2016 e 2017 problemas com o abastecimento do grão conilon no mercado, o que gerou uma queda de braço entre produtores e a indústria. O Espírito Santo teve sérios problemas com o clima, o que afetou as plantações do estado que é o maior produtor da variedade no país. Chegou-se a pensar, inclusive, na possibilidade histórica de importação de café robusta do Vietnã para reequilibrar a oferta e demanda no mercado.
A Associação da Indústria de Café Solúvel acredita que se essa tendência de baixa permanecer no decorrer de 2017, as exportações devem voltar a patamares de 2014, com redução aproximada de 500 mil sacas nos embarques do produto. "Esse cenário implica que será engolido todo o trabalho e todo o resultado positivo alcançado em 2015 e 2016, quando se registrou 11% de crescimento após oito anos de estagnação. No ano passado, os embarques de café solúvel brasileiro bateram recordes históricos em volume e faturamento".
A expectativa dos envolvidos no mercado de café solúvel é de uma leve recuperação na produção da safra 2017/18, que está em plena colheita no cinturão produtivo do país. A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) aponta que o Brasil terá produção de conilon de 10,14 milhões de sacas neste ano, com um crescimento de 26,9% sobre a safra 2016. O Espírito Santo terá participação de quase 60% nesse volume colhido.
"Frente a esse cenário, as esperanças estão no resultado de uma colheita de conilon ligeiramente superior no Espírito Santo, que, aliada a uma possível demanda menor de cafés robustas por parte das torrefações, as quais, devido às recentes dificuldades de abastecimento trocaram o conilon pelos arábicas em seus blends, pode proporcionar um cenário de regularidade de oferta de robusta para as fábricas de solúvel e, assim, mantendo-se os preços internos próximos aos patamares das cotações internacionais, não haverá necessidades de importação", pondera a ABICS.
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