OIC aponta que fundos de hedge são responsáveis pela queda nos preços do café

Publicado em 11/05/2017 15:51

Os fundos de hedge são a principal causa da queda nos preços do café, que tem levado os futuros arábica e robusta para mínimas de vários meses, informou a OIC (Organização Internacional do Café), observando amplas correlações do movimento nas  commodities.

A OIC, que apontou que os preços do café medidos pelo seu índice composto caíram 2,7% em abril para um mínimo de nove meses, disse que os especuladores tinham liderado a queda "significativa".

"A queda repentina dos preços na segunda metade de abril foi resultado principalmente de intensa atividade dos fundos de cobertura que venderam posições longas acumuladas nos últimos meses", disse a OIC.

"Exportações elevadas"

A venda refletiu, em parte, os fundamentos da oferta e da demanda, com a organização notando um "pano de fundo de uma perspectiva cada vez mais positiva de oferta suficiente de café no mercado mundial".

A OIC prevê que a produção mundial caia abaixo da demanda pelo terceiro ano consecutivo em 2016/17, desta vez 3,48 milhões de sacas, dizendo que "a combinação de exportações muito altas e estoques crescentes em países consumidores ajudou a superar as preocupações iniciais com a oferta".

As exportações mundiais de café no período de outubro a março, primeira metade da campanha de comercialização 2016/17, subiram 4,8% para 60 milhões de sacas, com aumentos consideráveis da Colômbia e da América Central compensando uma queda nos embarques de Brasil, o maior exportador do mundo.

"A Colômbia se recuperou com sucesso da crise de ferrugem do café e aumentou a produção a níveis vistos pela última vez na primeira metade dos anos 90", disse a organização.

"Pressão baixista"

No entanto, a OIC também sinalizou o papel de uma venda indiscriminada, por fundos que visualizam commodities como uma classe de ativos, ao invés de investirem com base nos fundamentos da oferta e da demanda.

"Como no caso de outras commodities agrícolas, o mercado de café vem sofrendo pressão baixista", disse a organização.

"Esta evolução faz parte de uma diminuição mais generalizada dos preços, tendo em conta as expectativas de oferta de produtos básicos agrícolas e não agrícolas".

Mercado 'Trumpflation'

Apostas sobre commodities foi um negócio popular no início do ano, impulsionado pelo chamado "Mercado Trumpflation", com ideias de que a eleição de Donald Trump como presidente dos EUA levaria a medidas de estímulo econômico a impulsionar aumentos de preços em ativos como matérias-primas.

No entanto, o dinheiro administrado – tendo mais que dobrado sua rede de longo prazo em futuros e opções nas principais commodities agrícolas negociadas nos EUA nas primeiras sete semanas de 2017, em quase 800.000 lotes – tem sido revertido rapidamente desde então.

Na terça-feira da semana passada, os especuladores mantiveram uma rede de quase 190 mil contratos.

Embora essa tendência tenha sido liderada por posições em grãos, ela tem ecoado também nas soft commodities, no qual o corte de dinheiro gerenciado tem a sua rede agora longa por 10 semanas sucessivas, a mais longa da série sobre os registros remonta a 2006.

Em futuros e opções de café arábica negociados em Nova York, os especuladores reverteram de uma rede longa líquido de mais de 27 mil lotes no final de janeiro para uma rede de menos de 12 mil contratos.

Embora o investimento em fundos de hedge seja visto por muitos observadores como um benefício, ao melhorar a liquidez do mercado, alguns frustram o investimento em commodities de base que, por serem menos sensíveis às demandas dos mercados individuais, podem silenciar os sinais dos preços aos produtores ao aumentar ou diminuir a produção.

Influência sobre os preços à frente

A OIC acrescentou que as perspectivas de oferta para a temporada 2017/18 "parecem cada vez mais positivas", graças à diminuição das preocupações com a geada no Brasil e a seca no Vietnã, principal produtor de grão robusta.

No entanto, "considerando os baixos níveis de estoque no Brasil, qualquer evento climático adverso nos próximos meses representaria um risco para a oferta futura do país".

"Da mesma forma, a ameaça de um surto de ferrugem do café em países produtores, como Honduras, aumenta a incerteza".

Tradução: Jhonatas Simião

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Fonte:
Agrimoney

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