Diretor do IEA explica o viés especulativo nos preços futuros do Café
Os agentes de mercado, acompanhando a sinalização das autoridades monetárias do Brasil, vêm antecipando a queda das taxas nominais dos contratos de juros futuros negociados no Brasil Bolsa Balcão [B3]. A queda da taxa básica de juros facilitará a concessão e a tomada de crédito, dinamizando o consumo e o investimento privado, contribuindo decisivamente para a retomada do crescimento econômico. Esse cenário favorece o mercado de alimentos e bebidas, projetando a médio prazo demanda aquecida para os itens que compõem esse gênero de mercadorias, avalia Celso Luís Vegro, pesquisador da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, diretor do Instituto de Economia Agrícola (IEA).
Em março de 2017, as cotações futuras do café arábica na Bolsa de Nova York sinalizaram movimentação baixista na comparação das médias semanais. Na média da primeira semana, por exemplo, a posição futura de setembro foi cotada a US$ 148,39/lbp, reduzindo-se para US$ 143,91/lbp, na média da quinta semana, ou seja, declínio de expressivos 3,02% no período.
Com a aproximação do início da colheita no Brasil, as cotações do arábica passam a refletir essa condição de curto prazo que consiste no incremento da oferta. Todavia, em qualquer cenário que se elabore, tanto os estoques internacionais como o nacional encontram-se em níveis reduzidíssimos, o que provocará, a partir de outubro e novembro, movimentos especulativos com repercussões sobre a amplitude de volatilidade das cotações. “Planejar a comercialização em 2017 será uma árdua tarefa dos cafeicultores e suas assessorias”, alerta o pesquisador.
A média dos preços recebidos pelos cafeicultores da região de Franca, levantada pelo IEA, foi de R$ 483,85/sc. “Cotejando-se esse preço com o registrado pela média da quinta semana para a posição de setembro de 2017 (US$ 143,91/lbp), constata-se que não há interesse pelo hedge, pois, efetuadas as conversões e adicionando-se 20% para o diferencial frente ao contrato C para o natural brasileiro, chega-se à cotação de R$ 472,07/sc., montante inferior ao registrado pelo físico. O ciclo é favorável ao cafeicultor e o permite atuar de forma mais especulativa retendo percentual maior de sua produção”, explica Vegro.
Na Bolsa de Londres o mercado futuro de contratos de café robusta exibiu movimento bastante especulativo. De qualquer modo, prevaleceu a perspectiva de que o momento é de escassez de suprimento do produto, que pode recrudescer caso se instale o fenômeno climático do “El Niño”, oferecendo assim suporte para as cotações com média para a quarta e quinta semanas do mês, para a posição de julho/2017 com acentuadas inclinações.
Se, por um lado, a situação econômica brasileira passa a exibir momento mais favorável na direção do crescimento, por outro, no âmbito internacional o que se observa é justamente o contrário, com redução das expectativas de crescimento motivadas pelo recrudescimento dos obstáculos ao comércio internacional. De alguma maneira esse fato se refletirá nos negócios envolvendo café e, talvez, essa seja a condição que tenha tornado tão especulativo esse mercado a partir da segunda quinzena de março.
“O Instituto de Economia Agrícola, um dos seis órgãos de pesquisa da Secretaria de Agricultura, sob orientação da Pasta, destaca as cotações da Curva Futura do Café, com o objetivo de fornecer ao produtor mais um importante instrumento de tomada de decisão, afirmou Arnaldo Jardim. A análise do comportamento mercado externo, juntamente com outras informações produzidas pelo Instituto, possibilita a elaboração de políticas para apoiar o setor. Isso é fundamental na nossa economia atual. Orientados pelo governador Geraldo Alckmin estamos cada vez mais próximos do setor produtivo e essa a forma de atuação da nossa Secretaria”, concluiu o secretário.
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