Exportações de café do Vietnã atingem em fevereiro maior alta em três anos com perspectiva de safra mais baixa no Brasil
O Vietnã, maior produtor de café robusta do mundo, exportou cerca de 130 mil toneladas do grão em fevereiro, uma alta de três anos, informou o governo na terça-feira, com os torrefadores acumulando estoques depois que o Brasil, maior exportador, previu uma safra menor na temporada 2017/2018.
Os embarques em fevereiro, equivalentes a 2,17 milhões de sacas de 60 kg, representam um aumento de 9% em relação ao mesmo mês do ano passado, informou o Departamento de Estatísticas do governo do país em seu relatório mensal, e também das 97 mil toneladas exportadas em fevereiro de 2015.
Com o volume de fevereiro, as exportações de café do Vietnã totalizam 650 mil toneladas desde outubro de 2016, início do atual ano agrícola de 2016/2017, um aumento de 2% em relação ao período anterior, com base nos dados do governo. O ano agrícola começa em setembro de 2017.
O aumento das vendas de café do país no exterior seguem uma tendência de alta global, segundo a qual as exportações mundiais para o período de outubro a dezembro subiram 8,3% em relação a um ano atrás para 29,8 milhões de sacas, com base em dados da OIC (Organização Internacional do Café), com sede em Londres.
A Conab, prevê que a produção do Brasil cairá em torno de 10% neste ano e ficará entre 43,65 milhões e 47,5 milhões de sacas na safra 2017/18, disse a OIC em seu relatório de janeiro, divulgado no início deste mês.
"Os grandes volumes de exportação e os altos níveis de estoques nos países consumidores provavelmente pressionarão os níveis de preços", disse o relatório.
O Brasil é o maior produtor e exportador de café do mundo. Produziu uma safra de café arábica recorde no ano passado, enquanto a produção de robusta, conhecida localmente como conilon, caiu para o nível mais baixo desde 2004 após dois anos de seca no principal estado produtor, o Espirito Santo.
O governo brasileiro estima os estoques atuais de robusta do país em cerca de 2 milhões de sacas, o que os processadores dizem não ser suficiente para cobrir até dois meses de demanda, informou a Reuters.
Em 20 de fevereiro, o Ministério da Agricultura do Brasil afirmou que estava buscando permissão para importar 1 milhão de sacas de robusta, com embarques prováveis vietnamitas.
Mas dois dias depois, o presidente do Brasil, Michel Temer, suspendeu as importações de café robusta, empurrando os preços futuros da variedade em mais de 1% ou US$ 28 por tonelada.
Os preços do robusta no Vietnã, que seguem de perto o mercado de futuros de Londres, também caíram após uma breve recuperação, diminuindo cerca de 1%, para VND 45,6 mil o kg em Dak Lak, província produtora do país.
No entanto, os preços em Dak Lak subiram 28% até agora na safra atual.
Somente em janeiro, os preços do robusta atingiram 108,32 centavos de dólar por libra-peso, o maior nível mensal desde setembro de 2011, segundo o relatório da OIC.
"Esse aumento pode ser atribuído principalmente à escassez do grão conilon no Brasil e à redução das previsões de safras para o Vietnã e a Indonésia", disse.
O Vietnã projeta colher 26,7 milhões de sacas na temporada 2016/17, uma queda de cerca de 8% em relação ao ano anterior, devido às condições secas trazidas pelo fenômeno climático El Niño, informou o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos em dezembro passado.
O USDA também prevê que a produção 2016/2017 da Indonésia cairá 21% para 10,0 milhões de sacas, citando a seca severa na maioria das regiões produtoras.
Tradução: Jhonatas Simião
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