Blairo Maggi diz em rede social que aceitou adiar importação de café robusta no Brasil
O ministro da agricultura, Blairo Maggi, informou agora a pouco, através de rede social, que aceitou adiar a importação de café robusta (conilon) até que o mercado brasileiro apresente estoque suficiente para atender a demanda das indústrias. A medida foi decidida após reunião com representantes do setor produtivo, na maioria capixabas, que apresentaram levantamentos que comprovavam a não necessidade de importação, que o grão sairia até mais caro que o brasileiro e também alertaram o ministro sobre a possibilidade de doenças que o país estaria suscetível com a liberação da medida.
"Acabou há pouco reunião com representantes do setor cafeeiro que produzem, no Espírito Santo, algo em torno de 85% da produção nacional do conilon. Na pauta, a importação para o Vietnã. O Governo aceitou adiar a autorização até que o mercado interno apresente estoque suficiente para atender a demanda", disse o ministro em sua página oficial no Facebook.
Blairo Maggi com setor produtivo de café após reunião, em Brasília (DF), nesta 3ª feira - Reprodução: Facebook
A reunião, que aconteceu hoje pela manhã, foi pedida pelo presidente Michel Temer, que solicitou na semana passada a Maggi "muita calma" ao tratar do assunto. Segundo o ministro, em entrevista à Reuters na última sexta-feira (3), essa é uma decisão que pode criar arestas políticas, por isso o cuidado de Temer com o assunto. Segundo participante do encontro, o ministro vai pedir uma nova avaliação dos estoques, desta vez mais completa, município a município, e se for confirmado o volume superior a 4 milhões de sacas, não libera a importação.
"O ministro reconsiderou nosso pedido de reavaliação dos estoques, iremos reapresentar nosso relatório que protocolamos no Mapa, em 4 de janeiro, em que afirmávamos um estoque de 4,3 milhões de sacas, contestando a Conab portanto. Esse nosso relatório será auditado, se confirmado, o assunto será encerrado", disse o deputado federal Evair Vieira de Melo (PV-ES), que participou da reunião.
Em coletiva de imprensa com jornalistas na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) na segunda-feira (6), Blairo Maggi chegou a afirmar que ele e sua equipe estavam convencidos da necessidade de importação de café robusta nesta safra no Brasil, mas que a medida deveria ser feita de forma temporária e em volume específico a ser definido. O documento de autorização, inclusive, já estava pronto e o pedido à Camex (Câmara de Comércio Exterior), órgão do Ministério do Desenvolvimento, poderia ser feito ainda nesta semana.
Representantes da indústria de café solúvel e torrado e moído pleiteiam a importação de 200 mil sacas mensais desde o fim do ano passado, no período compreendido entre janeiro e maio, volume que seria isento da tarifa de importação. Acima disso, seria aplicada a Tarifa Externa Comum (TEC) de 35%. Os cafés poderiam ser importados de países como o Vietnã e Indonésia. A proposta do governo é liberar a importação de um milhão de sacas, com distribuição mensal de 250 mil sacas de fevereiro a maio. Para isso, o café seria incluído na lista de exceção da TEC Tarifa Externa Comum), até o limite de um milhão de sacas, com alíquota de 2%. Acima desse limite, a alíquota de exportação, que hoje é de 10%, sobe para 35%.
Dados do Mapa demonstram que houve queda na safra de café no Espirito Santo, em 2016, de 45% em relação ao ano de 2014. E a previsão para este ano é de que a safra seja muito próxima a do ano passado. Em contrapartida, as exportações aumentaram 116% sobre a média do período de 2010 a 2013 e, em 2015, foi registrado crescimento 163% acima da média de 2010 a 2013. As informações são do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).
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