Melhores perspectivas da oferta levam a correção baixista no mercado de café, aponta relatório da OIC
A Organização Internacional do Café – OIC, instituição representativa da cafeicultura mundial sediada em Londres e da qual o Brasil é país-membro, destaca em seu Relatório sobre o mercado de Café – novembro 2016, entre outras análises do cenário da cafeicultura global, que a recente recuperação dos preços do café "sofreu uma inversão significativa" que pode ser atribuída em grande parte a perspectivas de melhores condições climáticas verificadas nas regiões produtoras no Brasil e Vietnã, e também à valorização do dólar norte-americano em relação à moeda brasileira nos últimos meses.
Segundo a Organização, esses dois fatos conjugados, de certa forma, abrandaram preocupações do mercado cafeeiro mundial como a possível redução da oferta de café no futuro pelo fato de o mercado ter tido déficit nos dois últimos anos, devido principalmente às perdas na produção do café Robusta. Disso mais, conforme a OIC, o mercado deverá continuar a ter café disponível, tanto que nos 12 últimos meses as exportações totalizaram 112,4 milhões de sacas.
Conforme as análises constantes do Relatório sobre o mercado de Café – novembro 2016, que está disponível na íntegra no Observatório do Café do Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café, "após alcançar o ponto mais alto de sua evolução diária em 23 meses, com 155,52 centavos de dólar dos EUA por libra-peso em 7 de novembro, o indicativo composto da OIC despencou para 137,01 centavos no final do mês, com uma perda de mais de 18,5 centavos".
Assim, com base nesses dados, a OIC sugere que a despeito de uma certa tendência baixista nos "Preços indicativos diários dos grupos da OIC" a média mensal verificada no mês de novembro terminou 2,2% acima da média de outubro, registrando 145,82 centavos de dólar por libra peso, nível mais elevado registrado desde janeiro de 2015.
Dessa forma, nas suas análises referentes ao mês de novembro de 2016, o Relatório destaca que declínio dos ‘Preços indicativos diários dos grupos da OIC' pode ser evidenciado com mais clareza pelos indicativos dos três grupos de Arábicas adotados pela Organização (Colombian Milds, Other Milds e Brazilian Naturais) que caíram em média 25 centavos de libra peso no intervalo entre seus pontos mais altos e mais baixos. Em contrapartida, os preços indicativos diários dos Robustas caíram apenas 8 centavos, mas sua média mensal apurada pela OIC fechou quase inalterada em relação à média de outubro.
Com relação às exportações, especificamente no primeiro mês do ano cafeeiro da OIC - que vai de outubro a setembro -, os embarques de café caíram 1,9% no primeiro mês (outubro), para 9,1 milhões de sacas de 60 kg, ante o volume vendido no exterior no mesmo mês do ano passado. A OIC atribuiu tal fato ao volume dos embarques do café do tipo Arábica terem subido 4,7%, e, em contraponto, os do tipo Robusta terem registrado redução de 2,9%, mesmo com o aumento do volume estimado das exportações do Vietnã.
Em relação a outros países produtores de café, a OIC destaca que o desempenho do Peru nas exportações se manteve forte nos últimos meses, particularmente de abril a outubro. Os embarques de café aumentaram 31,2% em relação a 2015/16, alcançando quase 2,5 milhões de sacas, números que indicam que a produção melhorou consideravelmente nesse país. No caso da Colômbia, o ano cafeeiro também começou de forma positiva. A produção nos dois primeiros meses (outubro e novembro) foi um pouco superior a 3 milhões de sacas, maior volume desde 1998. Isso também significa que a produção da Colômbia nos últimos 12 meses alcançou 14,4 milhões de sacas, em contraste com 13,8 milhões no período anterior. No entanto, a OIC ressalva que a safra de 2017 desse país poderá ser afetada devido ao potencial de grandes chuvas e ainda à possibilidade de ocorrência do fenômeno La Niña no início de 2017.
Por último, o Relatório sobre o mercado de Café – novembro 2016 considera que embora nos dois últimos anos a oferta cafeeira tenha sido ligeiramente escassa, registrando déficits tanto em 2014/15 quanto em 2015/16, há certo potencial para a recuperação em 2016/17, particularmente no caso dos cafés Arábicas devido a melhores perspectivas de condições climáticas nas regiões produtoras. Com relação aos cafés Robustas, a Organização prevê que a produção ainda cairá na maioria dos principais produtores.
Essas e outras análises constantes do Relatório sobre o mercado de Café de novembro de 2016 estão disponíveis na íntegra no Observatório do Café (Conjuntura Mundial) do Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café.
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