Castanhal vê volume de exportação de café em sacos estável em 2017
SÃO PAULO (Reuters) - O mercado de exportação de café em sacas em 2017 deve experimentar volumes semelhantes aos apresentados este ano, que mostrou crescimento de participação sobre exportações a granel, prevê a Castanhal Companhia Têxtil, maior fabricante de sacos para embarques do grão no país.
"Estamos calculando 15 milhões de sacos de juta para café no ano que vem para exportação. Desse total, vamos fornecer uns 10 milhões. Ano que vem vai ser equivalente a este ano", afirmou o diretor superintendente da Castanhal, Flavio Junqueira Smith, em entrevista à Reuters.
As exportações anuais de café verde do Brasil, maior produtor e exportador global da commodity, estão estimadas em pouco mais de 30 milhões de sacas (equivalentes).
Segundo o executivo, no ano passado, 44 por cento das exportações de café do país foram em sacos, percentual que cresceu para 47 por cento neste ano.
A principal geradora de receita para a companhia é a venda de sacos de juta para café, produto que deve consumir metade da produção de 10 mil toneladas da empresa neste ano.
A companhia perdeu um rival este ano, a Brasjuta, em Manaus, mas do outro lado do país, em Lages (SC), a Klabin iniciou uma campanha para conquistar clientes cafeicultores para seus sacos de papel em um momento em que o mercado de construção civil consome cada vez menos sacos de cimento. A Klabin é a maior fabricante brasileira de papel para embalagens.
Smith afirmou que a entrada da Klabin no segmento "não preocupa" a Castanhal, cujo saco de juta de 60 quilos segue na preferência dos cafeeicultores para o embarque do produto ao exterior, além do transporte a granel.
"As novas tecnologias que tomaram espaço da juta fizeram isso há 20, 25 anos atrás, que foram os 'big bags'", disse Smith, referindo-se aos grandes sacos de polipropileno que possuem capacidade para cerca de uma tonelada e meia de café.
Segundo ele, por serem totalmente biodegradáveis, os sacos de juta encontram apelo nos mercados europeu e japonês, que são mais sensíveis a questões de sustentabilidade. O material também resiste mais a choques no transporte e permite retiradas mais simples de amostras dos sacos em relação aos modelos de papel com forração de filme plástico, disse Smith.
Enquanto a juta passa a contar com novos rivais como o papel no mercado de sacos, a Castanhal tem apostado em novos segmentos como o automotivo para encontrar aplicações diferentes para o material, produzido a partir de fibras vegetais plantadas em margens de rios.
A Castanhal vendeu este ano cerca de 600 toneladas do produto para fornecedores de autopeças do Brasil, que incorporam a fibra em tetos, bancos, capôs e painéis para obter ganhos como redução de ruído. Segundo Smith, o volume representou um crescimento de 30 por cento sobre 2015. "A tendência é aumentar essa participação, conforme as montadoras estão retirando amianto e fibra de vidro dos automóveis", disse o executivo.
A expectativa da empresa é encerrar 2016 com faturamento de 95 milhões de reais, uma expansão de cerca de 20 por cento sobre o ano passado, apoiada no crescimento da participação das exportações de café ensacado do país e fechamento da concorrente em Manaus.
"Além disso, creio que os exportadores estavam com estoques baixos de sacos", disse Smith.
(Por Alberto Alerigi Jr.)
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