Café: Com forte alta do dólar na semana, arábica acumula perdas de quase 7% na Bolsa de Nova York
Após abrir a semana com maior alta dos últimos quase dois anos, as cotações do arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) encerram com baixas acumuladas em cerca de 7% nos últimos sete dias. Com as incertezas econômicas trazidas pela vitória de Donald Trump na presidência dos Estados Unidos esta semana, patamares foram rompidos no mercado, mesmo com as preocupações em relação ao abastecimento.
Nesta sexta-feira (11), as cotações em Nova York chegaram a ceder quase 250 pontos, dando seguimento às perdas observadas no pregão anterior, quando registraram a maior desvalorização dos últimos 13 meses. O vencimento dezembro/16 anotou quedas de 240 pontos, com cotação a 159,45 cents/lb. Já março/17 anotou 163,10 cents/lb, após ceder 255 pontos na sessão, assim como maio/17 que é negociado a 165,40 cents/lb e julho/17 a 167,40 cents/lb.
No pregão de hoje, os contratos continuaram refletindo a alta do dólar no Brasil, mesmo com a intervenção do Banco Central. Porém, a valorização da moeda norte-americana foi menor do que a observada no dia anterior, fechando a R$ 3,3923 na venda após subir 0,92%. No fechamento anterior, houve a valorização de quase 5% para o câmbio no Brasil, o que afetou fortemente os mercados em Nova York.
Em boletim, o vice-presidente da Price Futures Group e analista, Jack Scoville explica que a depreciação do real frente ao dólar tem mantido as cotações em queda nos últimos dias. Já o analista da Safras & Mercado, Gil Carlos Barabach, aponta que as altas registradas em Nova York na semana anterior e, também no início desta, deixou o mercado sobrecomprado e sujeito a correções e realizações de lucros. Além disto, foi iniciada a rolagem dos contratos com vencimento dezembro para o março, que também movimenta o cenário internacional.
O mercado vinha de um período de alta, diante das preocupações com o abastecimento em 2017, devido a problemas climáticos enfrentados em países produtores, além de ser uma safra de baixa bienalidade. Porém, a reviravolta nas eleições nos Estados Unidos trouxeram incertezas aos mercados, após Donald Trump ser escolhido presidente.
Informações da agência de notícias Reuters apontam as altas para o arábica chegaram a surpreender operadores. "O aperto [na oferta] é realmente para o robusta, mas arábica surpreendeu a todos com sua forte alta. Isso está sendo desenrolado um pouco agora", disse Kona Haque, chefe de pesquisa da ED & F Man à Reuters.
Chuvas também estão previstas para o cinturão produtivo com uma chegada de uma frente fria, trazendo pontos positivos para o desenvolvimento da safra 2017/2018 de café do Brasil. Mapas climáticos mostram que uma frente fria deve trazer volumes significativos para o Paraná, São Paulo, sul de Minas Gerais, Zona da Mata Mineira e Cerrado.
Ainda esta semana, o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil) divulgou que as exportações de café do Brasil registraram o melhor mês de outubro dos últimos cinco anos para o arábica. No mês, foram embarcadas 3.224.116 sacas, totalizando 27.562.454 sacas no acumulado do ano.
“É interessante notar que houve um desempenho muito fraco no café robusta, reflexo ainda da seca no Espírito Santo, que prejudicou a produção. Contudo, o arábica mais do que compensou esse cenário, sendo o maior volume exportado nos últimos cinco anos, se for levado em consideração o mês de outubro. Desde 2010 não embarcávamos tantas sacas de arábica no mês de outubro”, afirma o presidente do Cecafé, Nelson Carvalhaes.
Mercado interno
No Brasil, o cenário também foi de incertezas com os reflexos dos preços em Nova York. Com isso, o levantamento semanal de preços realizado pelo economista do Notícias Agrícolas, André Lopes, apontam que a movimentação foi mista na semana.
Segundo informações de Gil Barabach, produtores estão dosando as vendas no Brasil, aguardando oportunidades mais interessantes de comercialização. Além disso, a forte alta do dólar fez com que os preços não cedessem tanto.
Além disto, os problemas com a falta de café robusta têm elevado os preços para o café arábica nos tipos de menor qualidade, utilizado em substituição. O Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) aponta que torrefadoras têm buscado tipo 7 (bebida rio) para o blend. “Com isso, os preços do arábica tipo 7 estão subindo com força no mercado brasileiro, acompanhando as fortes altas dos valores dos grãos mais finos” aponta o boletim.
Diante desse cenário, para o café cereja descascado a maior valorização registrada ocorreu em Espírito Santo do Pinhal (SP), com ganhos de 5% e cotação a R$ 630,00 pela saca de 60 quilos. Já em Varginha (MG), a alta acumulada foi de 3,33%, com negócios a R$ 620,00 pela saca.
Já o tipo 4/5 registrou desvalorizações nas praças de comercialização. Em Poços de Caldas (MG), a queda acumulada foi de 2,56% e negócios a R$ 571,00 pela saca. Em Varginha (MG) houve recuo de 1,67% e cotação a R$ 590,00 pela saca.
No tipo 6 duro, os preços subiram 3,64% em Patrocínio (MG), com negócios a R$ 570,00 pela saca de 60 quilos. Em Vitória (ES), a valorização acumulada foi de 3,85% na semana, com a saca cotada a R$ 540,00.
Na quinta-feira (10), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 562,61 com alta de 0,01%.
0 comentário
Mercado cafeeiro fecha sessão desta 5ª feira (21) com fortes ganhos em NY e queda na bolsa de Londres
Região do Cerrado Mineiro avança no mercado global com leilão virtual
Com a presença de toda a cadeia produtiva, Semana Internacional do Café discute sobre os avanços e desafios da cafeicultura global
Em ano desafiador para a cafeicultura, preços firmes e consumo aquecido abrem oportunidades para o setor
Mercado cafeeiro trabalha com preços mistos no início da tarde desta 5ª feira (21)
Cooabriel fala sobre a expectativa da safra do café conilon para o Espírito Santo e Bahia