Café: Bolsa de NY fecha semana acima de US$ 1,60/lb após preocupação com abastecimento voltar ao mercado

Publicado em 21/10/2016 16:50

As cotações futuras do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) fecharam a semana praticamente estáveis levando em conta o acumulado de preços nas últimas cinco sessões. O mercado oscilou nos últimos dias entre altas e baixas ainda repercutindo as preocupações no abastecimento do grão no próximo ano, mas também realizou ajustes técnicos e acompanhou o câmbio. As lavouras do Brasil, maior produtor e exportador da commodity no mundo, estão em plena florada e condições climáticas adversas neste momento podem prejudicar a produção.

Após quase perder a linha de US$ 1,60 por libra-peso com duas baixas seguidas até ontem (20), os lotes de café arábica na ICE retomaram o patamar nesta sexta-feira (21). O vencimento dezembro/16 fechou a sessão de hoje cotado a 156,10 cents/lb com 20 pontos de alta, o março/17 registrou 159,60 cents/lb também com avanço de 20 pontos. Já o contrato maio/17 anotou no pregão 161,80 cents/lb com 15 pontos positivos e o julho/17, mais distante, também subiu 15 pontos, cotado a 163,70 cents/lb.

Os ajustes técnicos registrados pelo café arábica nas últimas duas sessões já eram esperados pelos envolvidos de mercado uma vez que a Bolsa registrou até a terça-feira (18) cinco altas consecutivas e chegou a ficar acima de US$ 1,60/lb no vencimento dezembro/17. "O mercado de café teve mais uma semana difícil. A Bolsa de Nova York oscilou bastante e os contratos com vencimento em dezembro próximo acumularam alta de 70 pontos.", afirmou o Escritório Carvalhaes em seu boletim semanal mais recente.

O Rabobank, importante banco especializado em commodities informou ao site internacional Agrimoney que a definição nos preços do café nos próximos meses depende da situação das colheitas na América Central e na Colômbia. "Os primeiros sinais de aumento das culturas nestes países poderia fazer o mercado cair", informou. O banco previu os preços a um pouco menos de 140,00 cents/lb no período de um ano, em comparação com os 167,10 cents/lb que os futuros de dezembro/17 estavam cotados na última sexta-feira (14).

A colheita da safra 2016/17 acabou em todas as regiões produtoras do Brasil. A Cooxupé (Cooperativa Regional dos Cafeicultores em Guaxupé), maior cooperativa de café do Brasil, informou na quinta-feira que seus armazéns receberam 6 milhões de sacas da safra 2016/17 o até 18 de outubro.

Os operadores agora seguem atentos à safra 2017/18, que é impactada pelo clima adverso em algumas regiões produtoras. As plantações da safra comercial 2017/18 estão em plena florada e condições climáticas adversas neste momento podem prejudicar a produção e abalar o abastecimento do grão no próximo ano, que já promete ser de bienalidade baixa para a maioria das áreas produtoras do país. "Mais chuvas são necessárias, especialmente por conta da fase de floração", disse ontem (18) Shweta Upadhyay, analista da Global Coffee Monitor, ao Agrimoney. "Há enormes preocupações com o abastecimento no Brasil para 2017", pondera a analista.

Mapas climáticos apontam previsão de pancadas de chuvas nos próximos dias em algumas áreas produtoras após dias quentes e secos em boa parte do cinturão. Um bloqueio atmosférico e instabilidades tropicais devem contribuir para acumulados entre 30 e 50 milímetros no Paraná, São Paulo, Sul de Minas Gerais e Cerrado. O calor também deve diminuir nessas áreas.

Durante o 42º Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras, em Serra Negra (SP), o presidente da Fundação Procafé, José Edgard Pinto Paiva revelou as projeções baixistas da entidade para a próxima safra do país. "Na média, teríamos no próximo ano uma produção de 39 milhões de sacas entre arábica e robusta, isso representa uma queda de 20% em relação a 2016. Esses números não são finais, porque ainda são necessários levantamentos de campo, mas refletem a realidade do mercado", explica.

Para Paiva, essa queda expressiva na produção do grão brasileiro está relacionada às questões climáticas – que afetaram as plantações do país neste ano –, a bienalidade baixa e a idade das plantações do país. "Nosso parque cafeeiro precisa ser renovado", ressalta o presidente da Fundação Procafé.

O dólar comercial, que impacta nas exportações da commodity, acabou exercendo pouca influência sobre o fechamento na ICE e fechou a sessão desta sexta-feira com alta de 0,67%, cotado a 3,1639 na venda. O mercado de câmbio acompanhou o desempenho da moeda norte-americana no exterior e realizou ajustes técnicos.

Leilões da Conab

A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) colocou à venda na quinta-feira (20) pouco mais de 90 mil sacas de 60 kg de café arábica em dois leilões na modalidade mista e teve arrecadação de mais de R$ 43 milhões. Do volume total ofertado pela autarquia nos avisos 188/2016 e 189/2016, 100% foi arrematado. Os preços de venda do grão, dependendo do lote, variaram entre R$ 447,60 e 461,40 a saca.

Desde janeiro, o governo brasileiro já comercializou, em 24 leilões, mais de 500 mil sacas de café de um total de 1,25 milhão de sacas dos estoques públicos. Restam ainda cerca de 260 mil sacas que devem ser comercializadas até dezembro. O Paraná já vendeu todo seu estoque. São Paulo e Minas Gerais são os estados que ainda possuem o grão.

As operações, segundo a Conab, continuam até o fim do ano para atender uma estratégia do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) de regular o mercado interno em virtude da elevação dos preços do produto.

Mercado interno

Os preços do café arábica continuam esboçando altas nas principais praças de comercialização do Brasil diante das incertezas no próximo ano. Os produtores, no entanto, esperam uma maior clareza no mercado para voltarem aos negócios. "Os produtores mostram-se desorientados com o comportamento dos preços. Vendem na medida de suas necessidades de 'caixa' para fazerem frente aos compromissos mais próximos e não conseguem entender como os preços do conilon e do arábica estão no mesmo patamar", afirma o Escritório Carvalhaes.

Diante da escassez de café robusta, ou conilon, no mercado brasileiro, as torrefadoras têm utilizado tipos de arábica de menor qualidade. A diferença de preço das variedades robusta e arábica chegou ao menor valor na história na terça-feira (18), segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da ESALQ/USP). Isso tem contribuído para a liquidez em algumas praças de comercialização do país.

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De acordo com estimativa divulgada nesta quinta-feira pela Safras & Mercado, a comercialização da safra 2016/17 do Brasil chegou a 56% até o dia 18 de outubro. Portanto, já foram comercializadas 31,01 milhões de sacas, levando em conta a estimativa de consultoria de 54,9 milhões de sacas para o país.

Segundo o analista de mercado da Safras & Mercado, Gil Carlos Barabach, o fluxo comercial ganhou força diante da melhora no preço. Mesmo que de forma mais cadenciada, o produtor vem aproveitando o bom momento para fazer negócios. "Já é natural a comercialização ganhar mais ritmo a partir do mês de setembro, só que nesse ano o avanço foi mais expressivo por conta da puxada nas cotações e pela maior agressividade do comprador", afirmou.

O tipo cereja descascado fechou o dia com maior valor de negociação em Espírito Santo do Pinhal (SP) com R$ 600,00 a saca e alta de 1,69%. A maior oscilação no dia dentre as praças ocorreu em Varginha (MG) com alta de 1,79% e saca a R$ 570,00.

Da sexta-feira passada para hoje, a cidade que registrou maior variação para o tipo foi Varginha (MG) com alta de R$ 10,00 (1,79%), saindo de R$ 560,00 para R$ 570,00 a saca.

O tipo 4/5 teve maior valor de negociação em Guaxupé (MG) com R$ 537,00 a saca e alta de 0,94%. Foi a maior oscilação no dia dentre as praças.

Para o tipo, conforme o gráfico, a maior oscilação na semana foi registrada em Varginha (MG), que tinha saca cotada a R$ 530,00, mas subiu R$ 15,00 (2,83%) e agora vale R$ 545,00.

O tipo 6 duro registrou maior valor de negociação na cidade de Varginha(MG) com R$ 540,00 a saca – estável. A maior oscilação no dia dentre as praças ocorreu em Araguari (MG) com avanço de 1,92% e saca a R$ 530,00.

A variação mais expressiva de preço na semana para o tipo 6 duro foi registrada em Varginha (MG). A saca estava cotada a R$ 525,00 na sexta-feira passada, mas teve valorização de R$ 15,00 (2,86%) e agora está em R$ 540,00.

Na quinta-feira (20), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 507,50 com desvalorização de 1%.

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Por:
Jhonatas Simião
Fonte:
Notícias Agrícolas

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