Café: Bolsa de NY dá continuidade aos ajustes técnicos nesta 5ª e vencimentos próximos fecham abaixo de US$ 1,60/lb
As cotações futuras do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) deram sequência ao movimento de ajustes técnicos da véspera também na sessão desta quinta-feira (20). Com essa nova baixa, os preços externos da variedade tiveram queda de cerca de 200 pontos e já estão abaixo do patamar de US$ 1,60 por libra-peso nos lotes com vencimento mais próximo. Ainda assim, os operadores externos seguem bastante atentos ao clima no cinturão produtivo do Brasil, que está em floração.
Os lotes de café arábica na ICE com vencimento mais distante se mantiveram acima do patamar de US$ 1,60/lb. O vencimento dezembro/16 fechou a sessão de hoje cotado a 155,90 cents/lb com 195 pontos de queda, o março/17 registrou 159,40 cents/lb também com recuo de 195 pontos. Já o contrato maio/17 anotou no pregão 161,65 cents/lb com 185 pontos negativos e o julho/17, mais distante, recuou 180 pontos, cotado a 163,55 cents/lb.
De acordo com o analista de mercado da Maros Corretora, Marcus Magalhães, as cotações para o arábica recuaram em realização de lucros. Até terça-feira, o mercado registrava cinco altas seguidas e chegou a ficar acima de US$ 1,60/lb no vencimento dezembro próximo. "Tecnicamente, os fechamentos externos para o café apesar de negativos são neutros ao mercado", pondera o analista.
Essa correção técnica na Bolsa de Nova York, iniciada ontem (19), e que teve continuidade nesta quinta já era esperada de certa forma pelos envolvidos de mercado uma vez que os preços vinham de uma escalada de seguidas valorizações. "Preocupações recentes sobre chuvas irregulares, que atrapalham o período de floração no Brasil, elevaram os preços arábica nas últimas cinco sessões", informou ontem a agência de notícias Reuters.
Apesar da queda, informações de agências internacionais dão conta que os operadores no mercado seguem bastante atento às condições climáticas no cinturão produtivo do Brasil, maior produtor e exportador da commodity no mundo. Mapas climáticos apontam previsão de pancadas de chuvas nos próximos dias em algumas áreas produtoras após dias quentes e secos em boa parte do cinturão. Um bloqueio atmosférico e instabilidades tropicais devem contribuir para acumulados entre 30 e 50 milímetros no Paraná, São Paulo, Sul de Minas Gerais e Cerrado. O calor também deve diminuir nessas áreas.
O clima segue ditando os fundamentos no mercado externo uma vez que as plantações da safra comercial 2017/18 estão em plena florada. Condições climáticas adversas neste momento podem abalar o abastecimento do grão no próximo ano, que já promete ser de bienalidade baixa para a maioria das regiões produtoras do país. "Mais chuvas são necessárias, especialmente por conta da fase de floração", disse ontem (18) Shweta Upadhyay, analista da Global Coffee Monitor, ao site internacional Agrimoney. "Há enormes preocupações com o abastecimento no Brasil para 2017", pondera a analista.
Durante o 42º Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras, em Serra Negra (SP), o presidente da Fundação Procafé, José Edgard Pinto Paiva revelou as projeções baixistas da entidade para a próxima safra do país. "Na média, teríamos no próximo ano uma produção de 39 milhões de sacas entre arábica e robusta, isso representa uma queda de 20% em relação a 2016. Esses números não são finais, porque ainda são necessários levantamentos de campo, mas refletem a realidade do mercado", explica.
Para Paiva, essa queda expressiva na produção do grão brasileiro está relacionada às questões climáticas – que afetaram as plantações do país neste ano –, a bienalidade baixa e a idade das plantações do país. "Nosso parque cafeeiro precisa ser renovado", ressalta o presidente da Fundação Procafé.
Mercado interno
No Brasil, os negócios com café seguem lentos com os produtores à espera de patamares ainda mais altos diante da perspectiva de safra complicada no próximo ano. "O mercado interno opera com preços firmes de olho em demanda", afirma Marcus Magalhães. Diante da escassez de café robusta no mercado brasileiro, as torrefadoras têm utilizado tipos de arábica de menor qualidade.
A diferença de preço das variedades robusta e arábica chegou ao menor valor na história na terça-feira (18), segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da ESALQ/USP). Isso tem contribuído para a liquidez em algumas praças de comercialização do país.
De acordo com estimativa divulgada nesta quinta-feira pela Safras & Mercado, a comercialização da safra 2016/17 do Brasil chegou a 56% até o dia 18 de outubro. Portanto, já foram comercializadas 31,01 milhões de sacas, levando em conta a estimativa de consultoria de 54,9 milhões de sacas para o país.
» Café: Safras & Mercado estima comercialização 2016/17 do Brasil em 56%
O tipo cereja descascado fechou o dia com maior valor de negociação em Espírito Santo do Pinhal (SP) com R$ 590,00 a saca e avanço de 1,72%. Foi a maior oscilação no dia dentre as praças.
O tipo 4/5 teve maior valor de negociação em Varginha (MG) com R$ 545,00 a saca e alta de 0,93%. Foi a maior oscilação no dia dentre as praças no dia junto com Guaxupé (MG) que registrou R$ 532,00 a saca e recuo de 0,93.
O tipo 6 duro registrou maior valor de negociação nas cidades de Franca (SP) e Varginha (MG) com R$ 540,00 a saca, queda de 0,92% na primeira e alta de 0,93% na segunda. A maior oscilação no dia ocorreu em Araguari (MG) que teve queda de 4,59% com saca a R$ 520,00.
Na quarta-feira (19), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 515,16 com desvalorização de 0,49%.
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