Cafeicultores estão sendo 'estrangulados vivos' com margem apertada, afirma deputado brasileiro em fórum da OIC
Os cafeicultores do Brasil estão sendo 'estrangulados vivos' com os preços do grão não acompanhando os custos de produção, disse o deputador brasileiro Carlos Melles em Fórum da OIC (Organização Internacional do Café), culpando o fracasso da reforma de livre comércio há 26 anos como o principal fator para o declínio do setor.
Melles é deputado federal do DEM pelo estado de Minas Gerais, que é o maior estado produtor de café do Brasil, e já foi presidente da Cooparaíso (Cooperativa Regional dos Cafeicultores de São Sebastião do Paraíso), e alertou que os produtores continuam a aumentar a produtividade, mas sem garantias sobre os preços.
"Aumentando a produtividade aumenta-se o risco [dos produtores] sem qualquer compromisso do outro lado", disse o deputado Melles durante o Fórum da OIC que trata sobre financiamentos do setor cafeeiro.
Elevar a produção significa também em aumento dos investimentos, gastos com trabalho e insumos agrícolas, cujos custos subiram muito mais rápido do que os preços do café.
De acordo com Melles, desde 1994, o salário mínimo do Brasil aumentou em 1400%, os preços dos combustíveis 871% e os insumos cerca de 700%, enquanto que os preços do brasileiro tiveram uma valorização de 261%.
O gerente de operações da OIC, Marcela Urena, disse no Fórum que os custos variáveis para o café brasileiro subiram 8,6% entre 2006 e 2015, em comparação com um aumento de 1,45% nos valores do grão, segundo dados do índice da organização.
'Estrangulados vivos'
"Os produtores estão sendo estrangulados vivos", disse o deputado Melles, apontando o fracasso nas reformas de livre mercado, em 1990, quando o mercado internacional de café foi desregulamentado para proteger os rendimentos dos agricultores, como o principal fator para o declínio do setor.
"Os produtores estão mais descapitalizados" desde que as reformas foram introduzidos.
"Não há preço justo no mercado livre - não temos preço justo", disse ele, pedindo ação da OIC para melhorar as perspectivas do setor.
No entanto, o deputado Melles, que também já foi presidente da Frente Parlamentar do Café do Brasil, não quer a reintrodução de rigorosos controles antes da década de 1990 dizendo: "não queremos cotas".
Trabalho mais caro
O rendimento médio do café brasileiro subiu para 25 sacas por hectare, de 14 sacas por hectare há 15 anos, conduzindo a um aumento de 50% na produção do país, disse durante o Fórum Carlos Brando, especialista de café que aconselha diversas entidades, incluindo o Banco Mundial.
No entanto, ele advertiu sobre a queda nos investimentos – vendo medidas como a mecanização como chave para defender as margens dos agricultores em detrimento aos custos de produção, enquanto a melhora na qualidade permitirá preços mais altos.
A mecanização poderia envolver o terraceamento em plantações de café de alta altitude para permitir o uso de colheitadeiras e reduzindo o trabalho que ele disse que "é responsável por 60% dos custos totais de produção".
De acordo com o deputado Melles, os custos de mão de obra nas fazendas custam entre US$ 800,00 a US$ 1000,00 por mês, levando em conta todas as contribuições sociais.
Tradução: Jhonatas Simião
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