Café: Bolsa de Nova York consolida sétima alta seguida nesta 3ª feira e fica próxima de US$ 1,60/lb
Os contratos futuros do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) encerraram a sessão desta terça-feira (6) com alta de mais de 200 pontos repercutindo as incertezas em relação à safra 2017/18 do Brasil, a escassez na oferta do grão apontada pelos recentes dados de exportação e o câmbio. Com esse novo avanço, o sétimo consecutivo, os preços externos da variedade nos lotes mais distantes já estão próximos do patamar de US$ 1,60 por libra-peso.
O vencimento setembro/16 registrou na sessão de hoje 152,42 cents/lb com 235 pontos de alta, o dezembro/16 teve 153,75 cents/lb também com 235 pontos de avanço. Já o vencimento março/17 encerrou o dia cotado a 156,85 cents/lb com 235 pontos de valorização e o maio/17, mais distante, anotou 158,60 cents/lb também com 235 pontos positivos.
Havia a expectativa entre os envolvidos de mercado de que as cotações do arábica nesta terça-feira pudessem realizar ajustes técnicos para baixo depois de seguidas altas registradas nas cotações externas, ainda mais que ontem (5) a bolsa não funcionou por conta do feriado "Labor Day", Dia do Trabalho nos Estados Unidos. No entanto, fatores diversos continuam dando suporte às cotações.
"Após a reabertura dos trabalhos, os operadores resolveram digerir melhor as recentes divulgações no quadro fundamental e desta forma, um bom suporte para as cotações continuou a ser formado", afirma o analista de mercado da Maros Corretora, Marcus Magalhães.
Com as chuvas em boa parte do cinturão produtivo do Brasil nos últimos dias, algumas lavouras receberam floradas. No entanto, caso essas condições climáticas mudem como apontam alguns institutos meteorológicos, pode ocorrer o abortamento, que impactaria o potencial produtivo para o próximo ano. Além disso, a próxima safra já deve ser bienalidade negativa na maioria das regiões.
"É um mercado de clima novamente. As temperaturas no Brasil devem continuar moderadas nesta semana favorecendo a última parte da colheita, que deve ficar mais ativa. No entanto, o tempo vira e deve ficar seco novamente, e há uma preocupação dos impactos disso na floração", disse em seu informativo diário o vice-presidente da Price Futures Group, Jack Scoville.
Na semana passada, especialistas afirmaram à Reuters que ainda é cedo para saber se as floradas do café terão ou não abortamento nos próximos meses. A única certeza é que de fato elas vieram mais cedo, mais uma vez. De acordo com a Fundação Procafé, a floração ocorreu pelo menos duas semanas mais cedo do que o normal, o que tem levantado preocupações sobre a viabilidade das primeiras flores.
Os preços externos do café também avançaram hoje com os operadores externos ainda temerosos com um possível desequilíbrio entre oferta e demanda no mercado. Essa preocupação ganhou força depois que a OIC (Organização Internacional do Café) apontou queda de 22% nas exportações globais do grão em julho, totalizando 7,75 milhões de sacas de 60 kg no período. As exportações da variedade arábica tiveram no mês recuo de 19,2% em relação a 2015, para 4,78 milhões de sacas. Já as de robusta caíram 26,2% na comparação anual, totalizando 2,96 milhões de sacas.
Além das questões fundamentais, o mercado também teve suporte do câmbio nesta terça-feira. A moeda norte-americana recuou 2,26%, cotada a R$ 3,2081, com investidores cautelosos diante do cenário político conturbado no Brasil e as apostas menores em relação aos juros dos Estados Unidos. O dólar mais baixo em relação ao real tende a desencorajar as exportações da commodity fazendo com que os preços subam.
Mercado interno
Apesar das valorizações externas, o mercado no Brasil segue com negócios isolados após esboçarem liquidez um pouco maior no fim da semana passada. "Um misto de véspera de feriado no Brasil com início da semana especulativa, já que ontem foi feriado nos Estados Unidos, deu a tônica e literalmente paralisou as negociações que já vinham lentas", diz Marcus Magalhães.
Para o analista de mercado de café do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/USP), Renato Garcia Ribeiro, o cenário nos preços internos não devem esboçar muitas mudanças nos próximos dias. "O café já vem se comportando na casa de R$ 490,00 e R$ 500,00 desde junho. Portanto, acredito que esse quadro não deve apresentar mudanças no curto prazo", diz Garcia.
O tipo cereja descascado fechou o dia com maior valor de negociação em Espírito Santo do Pinhal (SP) com R$ 600,00 a saca e alta de 1,69%. A maior oscilação no dia dentre as praças ocorreu em Poços de Caldas (MG) com queda de 3,01% e saca a R$ 547,00.
O tipo 4/5 teve maior valor de negociação em Guaxupé (MG) com R$ 584,00 a saca – estável. A maior oscilação no dia dentre as praças ocorreu em Varginha (MG) com avanço de 1,92% e saca a R$ 530,00.
O tipo 6 duro registrou maior valor de negociação na cidade de Guaxupé (MG) com R$ 529,00 a saca – estável. A maior oscilação no dia dentre as praças ocorreu nem Poços de Caldas (MG) com R$ 496,00 a saca e queda de 1,98%.
Na segunda-feira (5), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 498,64 com queda de 0,26%.
Bolsa de Londres
A Bolsa de Londres (ICE Futures Europe), antiga Liffe, para o café robusta fechou o pregão desta terça-feira com leve alta. O contrato setembro/16 anotou US$ 1867,00 por tonelada com alta de US$ 12, o novembro/16 teve US$ 1889,00 por tonelada com avanço de US$ 12 e o janeiro/17 anotou US$ 1911,00 por tonelada com valorização de US$ 13.
Na segunda-feira (5), o Indicador CEPEA/ESALQ do café conillon tipo 6, peneira 13 acima, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 424,93 com alta de 0,47%.
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