Produção de cafés especiais deve cair até 10% nesta safra impactada pelo clima adverso
As chuvas que atingiram grande parte do cinturão de café nos últimos meses prejudicaram a produção dos grãos especiais, principalmente no Sul de Minas Gerais, na região da Mogiana, em São Paulo, e algumas áreas do Paraná. A Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) estima que a quebra nesta safra possa chegar a 10%, além da menor qualidade já verificada nas primeiras amostras que chegam ao mercado.
De uma forma geral, o cinturão produtivo de café do Brasil recebeu volumes consideráveis de chuva nos meses de maio e junho, momento em que se iniciava a colheita. "As chuvas fizeram com que os cafés mais maduros caíssem das plantas, o que já compromete a qualidade", explica o presidente da BSCA, Adolfo Henrique Vieira Ferreira. Estima-se que a perda da qualidade do café nesta safra seja, em média, de 20% a 40% no Sul de Minas Gerais.
Dados reportados pela Climatempo mostram que a região Sul Mineira chegou a receber aproximadamente 100 milímetros de chuva durante o mês de junho. Além disso, em julho, algumas áreas do estado também registraram baixas temperaturas, inclusive com ocorrência de geadas, que impactaram o potencial produtivo da próxima safra.
Segundo dados da BSCA, a demanda mundial por cafés especiais cresce cerca de 10% ao ano. Porém, devido às intempéries climáticas no cinturão produtivo nesta safra, estima-se uma queda de 10% na produção dos grãos desse tipo. "Essas perdas podem prejudicar o mercado, mas a cada ano entram mais produtores nesse negócio", afirma Ferreira em referência a um possível equilíbrio no mercado.
Ainda assim, para Ferreira, diante da menor oferta do grão podem ser registrados picos de alta nos preços ao longo do ano. O café especial costuma ter preço de 20% a 30% maior que o commodity (cotado em cerca de R$ 500,00 a saca). "O mundo busca café de qualidade e o único país que pode suprir essa demanda é o Brasil", pondera o presidente da BSCA.
De acordo com a ABIC (Associação Brasileira da Indústria de Café), o consumo de café especial no país cresce cerca de 15% ao ano e deve triplicar até 2019, quando pode totalizar 24 milhões de sacas de 60 kg. O Brasil já é o segundo maior produtor de grãos desse tipo no mundo, perdendo apenas para a Colômbia. Ambos os países possuem áreas com maior altitude que favorecem o cultivo do produto de qualidade.
A última estimativa divulgada pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) aponta a safra 2016/17 de café do Brasil em 49,67 milhões de sacas. O arábica, que abrange 81% do total produzido no país, deve ter um incremento de 25,6% no volume de produção, com uma colheita de 40,27 milhões de sacas. Normalmente, 20% desse volume é composto por cafés especiais.
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