Café: Danos causados pelas geadas podem aparecer nos próximos dias; veja fotos
As geadas previstas pelos principais institutos meteorológicos nos últimos dias chegaram neste final de semana ao cinturão produtivo de café do Sudeste do Brasil. Após alguns registros da condição climática no Paraná, reportados pelo Notícias Agrícolas na semana passada, a massa de ar polar avançou para áreas cafeeiras de São Paulo e Sul de Minas Gerais no domingo (12). Segundo relatos de cafeicultores, não há registros de prejuízos representativos nas principais regiões produtoras. No entanto, os danos causados às plantações podem aparecer nos próximos dias.
"Devido às previsões de geadas para essa segunda-feira, muitos produtores, técnicos e demais pessoas ligadas ao setor ainda não foram a campo avaliar as reais perdas que esse frio extremo está provocando. Os percentuais de perdas só começarão a ser divulgados ao longo dessa semana, até porque, há uma necessidade de se esperar alguns dias para ver, realmente, os impactos da geada na fisiologia da planta. Porém, pelo que conversei com produtores, os danos serão pequenos", explica o agrometeorologista da Somar Meteorologia, Marco Antonio dos Santos.
Os principais relatos de geadas vieram de produtores de áreas isoladas no Sul de Minas Gerais e na fronteira entre Paraná e São Paulo. Segundo informações da Somar Meteorologia, a região de Poços de Caldas (MG), importante produtora de café, registrou na madrugada desta segunda-feira (13) mínimas de -1,7ºC. Outras localidades do cinturão produtivo tiveram temperaturas acima de um grau.
De acordo com o engenheiro agrônomo, Marcelo Jordão Filho, da Fundação Procafé, em Franca (SP), a maior parte das lavouras de Minas Gerais e São Paulo foi atingida leves geadas. Já no Paraná, algumas áreas foram mais afetadas. (Veja imagens e vídeos abaixo).
"O ponto de congelamento [da planta] está normalmente em torno de 3ºC a -4ºC, quanto maior for a queda da temperatura, mais graves e mais extensos serão os danos, após o congelamento intracelular, o tecido morre, por isso deve-se observar a plantação alguns dias após a geada, pois o mesmo nem sempre aparece no dia do acontecimento climático", explica Jordão Filho.
O IAPAR (Instituto Agronômico do Paraná) e o Sistema Meteorológico do Paraná – SIMEPAR mantiveram para a madrugada desta terça-feira (14) o alerta de geadas no estado. "A recomendação para os cafeeiros recém-plantados no campo com até seis meses de idade, é de manter enterradas as mudas. Os viveiros também devem ser protegidos com camadas de cobertura plástica e/ou aquecimento. A proteção deve ser retirada, logo que a massa de ar frio se afastar e cessar o risco de geada", indica o Instituto.
Segundo Santos, a geada é tão temida pelos cafeicultores porque congela a seiva dos cafezais e os danos não aparecem imediatamente. "No caso do café, que é uma cultura perene, ela pode fazer com que a planta demore até duas safras para se recuperar", afirmou o agrometeorologista pela manhã em entrevista ao Notícias Agrícolas. Outras culturas, como o milho, café, cana-de-açúcar, feijão e hortaliças também foram afetadas pelas baixas temperaturas no Centro-Sul do país.
O agrometeorologista alerta ainda que, para os próximos quinze dias, as previsões indicam aumento gradual nas temperaturas no Centro-Sul do Brasil, que devem variar entre 16ºC a 20ºC. Porém, novas massas de ar polar de grande intensidade podem ocorrer nos meses de julho e agosto.
Mercado climático
Nos últimos dias, os operadores na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) têm repercutido com força os reflexos das adversidades climáticas na safra 2016/17 do Brasil. Na semana passada, o mercado externo registrou alta acumulada de quase 8%, com o vencimento julho/16 saindo de 127,10 cents/lb para 136,95 cents/lb na sexta-feira (10).
No entanto, na manhã desta segunda-feira (13), após a confirmação de que poucas lavouras haviam sido impactadas pelas geadas, o mercado chegou a recuar mais de 300 pontos. "Apesar do frio nos últimos dias, não houve relato de geadas de maneira representativa nas regiões produtoras de café, nada que venha comprometer a cafeicultura, e o mercado repercute isso", afirmou pela manhã o analista de mercado da Maros Corretora, Marcus Magalhães.
Às 15h26, os lotes de arábica com entrega para julho/16 subiam 35 pontos, cotados a 137,30 cents/lb.
Cafezal após geada em Ribeirão Corrente (SP) - Foto: Joel Stefani
Geada em Guaxupé (MG) - Foto: João Luiz
Geada em São Pedro da União (MG) - Foto: Fernando Barbosa
Geada em Ribeirão Corrente (SP) - Foto: Douglas Diovanny
Geada em Pardinho (SP)
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