Café: Com cenário climático e dólar, Bolsa de Nova York sobe quase 4% nesta 4ª feira
Nesta quarta-feira (08), as cotações futuras do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) operam com ganhos significativos, pela sétima sessão consecutiva. Segundo analistas, o mercado reflete a preocupação com a chegada de uma massa de ar polar nas regiões produtoras, além da baixa do dólar nas últimas sessões.
Com isso, às 11h36 pelo horário de Brasília o mercado registrava altas de 480 pontos para o vencimento julho/16, que estava cotado em US$ 1,37 cents/lb. Setembro/16 também subia 480 pontos, com negociações a US$ 138,95 cents/lb. Já dezembro/16 chegava a US$ 141,55 cents/lb, enquanto março/17 subia 490 pontos e estava cotado a US$ 144,25 cents/lb.
Nos últimos dias, o mercado internacional vem refletindo o cenário climático brasileiro, que registrou volumes expressivos de chuvas, além da massa de ar polar prevista para os próximos dias.
"Com a colheita brasileira avançando para quase 25%, as chuvas que tem caído nos cafezais e terreiros nos últimos dias, juntamente com o prognóstico de o tempo permanecer úmido na próxima semana forçou os baixistas a desmancharem suas apostas. Os produtores receosos de uma piora de qualidade e não encontrando preços 'atrativos' no mercado doméstico acabam dosando as vendas e, portanto provendo pouca resistência às cotações", reportou em seu relatório semanal o diretor de commodities do Banco Société Générale, Rodrigo Costa.
Para o analista do Escritório Carvalhaes, Eduardo Carvalhaes, o mercado não consegue mensurar o tamanho dos estoques brasileiros, pela dificuldade de informações oficiais. Com dados recordes de exportações em 2014 e 2015, consumo interno positivo e com resultados abaixo do esperado na safra anterior, investidores entendem que não há mais oferta disponível.
“Esperava-se que a colheita da safra 15/16 fosse antecipada, o que acabou não acontecendo devido as chuvas que seguem atrapalhando o andamento e que deve impedir que cafés novos cheguem ao mercado nas próximas semanas”, explica Carvalhaes.
Além disto, há preocupação sobre a qualidade do café que está sendo colhido, depois do longo período de chuvas. Com isso, em muitas regiões os trabalhos no campo estão parados. Segundo informações divulgadas pela Cooxupé, maior cooperativa de café do mundo, a colheita entre os cooperados chegou a 9,94% até 3 de junho e chegou a ser interrompida na área da abrangência.
"As chuvas provocam a queda do grão, necessitando de varrição.... (e) alguns cafeicultores conseguem fazer a varrição somente no final da colheita, ou seja, término de agosto. O apodrecimento do grão é uma consequência", informou a Cooxupé, por meio da assessoria de imprensa.
Já o levantamento da Safras & Mercado divulgado na última semana, aponta que até o dia 1º de junho a colheita atingia 21% do total estimado. O analista da consultoria, Gil Carlos Barabach, explica que as chuvas atrapalharam o ritmo dos trabalhos no Paraná, Minas Gerais e São Paulo. "Embora o resultado ainda seja bem positivo, principalmente em relação ao tamanho do grão, o excesso de umidade preocupa, pois pode prejudicar a qualidade da bebida. Mas, no geral, o quadro ainda é favorável", diz o analista.
Apesar da preocupação com o risco de geadas, as últimas informações apontam que das regiões produtoras apenas o oeste do Paraná foi atingido, mas com fraca intensidade. Dados da Somar Meteorologia apontam que nos próximos dias não há risco de geadas, apenas para a região norte do estado paranaense, podendo atingir temperaturas de 2°C e 4°C em Apucarana, Londrina e Ibaiti.
O agrometeorologista da Somar Meteorologia, Marco Antonio dos Santos, aponta que as chuvas devem reduzir nos próximos dias. “Somente em meados da semana que vem é que as chuvas irão retornar ao Sul do País, por conta do enfraquecimento da massa de ar polar. As chuvas permanecerão mais concentradas sobre a região Sul, o que é normal para essa época do ano”, explica.
Outro fator que está influenciado nos preços é baixa do dólar em relação ao real nos últimos dois dias. Às 11h59, no horário de Brasília, a moeda caia 1,43% e estava cotada a R$ 3,399. Segundo a agência de notícias Reuters, este é o menor patamar em quase um ano, refletindo a aposta do mercado de que o Banco Central deve intervir menos no câmbio, além do cenário internacional favorável.
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