Café: Bolsa de Nova York fecha semana com alta de mais de 2% e recupera perdas dos últimos dias
As cotações futuras do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) fecham a semana com alta de 2,08% no vencimento maio/16 e recuperam parte das perdas acumuladas da semana anterior, quando o mercado teve recuo de mais de 5%. A semana foi marcada por notícias diversas, desde desequilíbrio na oferta global, as novidades no financeiro, principalmente no câmbio e petróleo, e as compras realizadas pelos operadores comerciais em meio à ausência de vendedores.
Nesta sexta-feira (15), após oscilar dos dois lados da tabela de olho no financeiro, os contratos do arábica na ICE fecharam praticamente estáveis e registrando bom volume de rolagens de posição. O maio/16 registrou 122,95 cents/lb com queda de 20 pontos. O vencimento julho/16 teve 124,85 cents/lb, o setembro/16 anotou 126,60 cents/lb e o dezembro/16 fechou o dia cotado a 128,80 cents/lb, ambos com baixa de 25 pontos.
"Os operadores internacionais acompanhando o desenrolar da novela política no Brasil aliado à proximidade da safra cafeeira não adotam postura agressiva no mercado deixando as cotações oscilando dentro de um curto intervalo mercadológico", afirma o analista de mercado da Maros Corretora, Marcus Magalhães.
O dólar comercial fechou a sessão de hoje cotado a R$ 3,524 na venda com 1,38% de alta repercutindo a atuação do Banco Central, após o bom humor do mercado com a votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados no domingo (17). A moeda estrangeira mais valorizada em relação ao real dá maior competitividade às exportações do Brasil. Além disso, as variações no preço do petróleo também acabam influenciando as commodities agrícolas.
Nos últimos meses, os embarques de café pelo Brasil têm sido altos. Segundo dados do CeCafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil), em março as exportações de café verde atingiram 2,696 milhões de sacas de 60 kg, o volume é 3,1% mais alto em relação ao mês de fevereiro, apesar da entressafra.
A GCA (Green Coffee Association) divulgou hoje que os estoques de café verde dos Estados Unidos tiveram alta de 160 milhões de sacas em março, totalizando 6,03 milhões de sacas, indicando que a demanda pelo grão no país continua firme nesses primeiros meses do ano. Os Estados Unidos são um dos principais países importadores da commodity brasileira.
» Café: Estoques de café verde dos EUA sobem quase 160 mil sacas em março, aponta GCA
Segundo agências internacionais, o câmbio continua sendo o principal fator para as oscilações do arábica no terminal externo. No entanto, compras realizadas pelos operadores comerciais, a ausência de vendedores e os fundos de investimento menos comprados contribuíram para a sustentação das cotações na semana.
No lado fundamental, os preços sentiram também durante esses últimos dias a pressão por conta de um possível desequilíbrio entre oferta e demanda no mercado, que foi reforçado pela divulgação do Rabobank na quarta-feira.
O banco especializado em commodities estima um déficit global de 700 mil sacas na safra 2016/17. Isso por conta da queda na produção do Espírito Santo, que é o maior estado produtor da variedade robusta no Brasil. Em seu último levantamento, o Rabobank esperava que o mercado tivesse um superávit de 3,7 milhões de sacas.
Levando em conta apenas a variedade arábica, o banco espera um excedente global de 3,3 milhões de sacas. Enquanto que para o robusta o déficit deve ser de 3,3 milhões de sacas.
» Rabobank estima déficit mundial em 700 mil sacas na safra 2016/17
Mercado interno
Nas praças de comercialização do Brasil, os negócios com café seguiram lentos durante toda esta semana, mesmo com a recuperação nos terminais externos. Os preços dos principais tipos de café negociados estão aquém das expectativas e os produtores preferem aguardar os desdobramentos no cenário político e econômico brasileiro para voltar aos negócios, mesmo estando na entrada da safra – período que, normalmente, o cafeicultor precisa de renda.
O Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da ESALQ/USP) reportou durante a semana uma redução entre os diferenciais do arábica e robusta. Ontem, o arábica valia R$ 89,34 a mais que o conilon e, conforme os pesquisadores do Cepea, essa diferença pode se estreitar ainda mais, uma vez que "a produção de robusta deve ser pequena, ao passo que a de arábica deve se recuperar". As informações são do CNC (Conselho Nacional do Café).
O tipo cereja descascado teve maior valor de negociação hoje em Espírito Santo do Pinhal (SP) com R$ 540,00 a saca – estável. A maior oscilação ocorreu em Poços de Caldas (MG) com alta de 0,97% e saca cotada a R$ 522,00.
Da sexta-feira passada para hoje, a cidade que registrou maior variação para o tipo foi Varginha (MG) com alta de R$ 5,00 (0,96%), saindo de R$ 520,00 para R$ 525,00 a saca.
O tipo 4/5 teve maior valor de negociação em Guaxupé (MG) com R$ 531,00 a saca e avanço de 0,95%. A maior oscilação no dia dentre as praças ocorreu em Varginha (MG) com queda de 1,40% e saca a R$ 493,00.
A variação mais expressiva de preço na semana para o tipo 4/5 foi registrada em Varginha (MG), por lá a saca estava cotada a R$ 505,00 na sexta-feira passada, mas teve desvalorização de R$ 12,00 (-2,38%), e agora está em R$ 493,00.
O tipo 6 duro teve maior valor de negociação em Espírito Santo do Pinhal (SP) com R$ 500,00 a saca – estável. A maior oscilação no dia ocorreu em Araguari (MG) que registrou queda de 5,88% e teve saca cotada a R$ 480,00.
Para o tipo, conforme o gráfico, a maior oscilação na semana foi registrada em Araguari (MG), que tinha saca cotada a R$ 500,00, mas caiu R$ 20,00 (-4%) e agora vale R$ 480,00.
Na quinta-feira (13), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 465,86 com alta e 0,43%.
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