Café: Chegada da nova safra pode mexer com Bolsa de Nova York, que trabalha sem direcionamento nas últimas sessões
Nesta quinta-feira (31), as cotações futuras do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) fecharam com leve alta nos principais vencimentos, após oscilarem dos dois lados da tabela. Sem novidades fundamentais, o mercado busca direcionamento se baseando em aspectos técnicos e no câmbio. Para analistas, o mercado deve continuar se baseando nessas questões até pelo menos o início da colheita da safra 2016/17 no Brasil.
O contrato maio/16 fechou a sessão de hoje cotado a 127,45 cents/lb com alta de 45 pontos, o julho/16 teve 129,55 cents/lb com 50 pontos de valorização. Já o vencimento setembro/16 anotou 131,25 cents/lb e o dezembro registrou 132,90 cents/lb, ambos com avanço de 55 pontos.
"A grande influência no mercado neste momento é o câmbio. O dólar teve um movimento intenso em relação ao real nos últimos dias e isso acaba impactando Nova York, que também busca acomodação após o rally nas últimas semanas", explica o analista de mercado da Safras & Mercado, Gil Carlos Barabach.
Nesta quinta-feira (31), o dólar comercial recuou 0,68%, cotado a R$ 3,596 na venda em meio as crescentes apostas dos investidores com o impeachment da presidente Dilma Rousseff. A divisa americana encerrou este mês com queda de 10,17%, o maior tombo desde abril de 2003.
Após a forte alta na terceira semana do mês de março, as cotações do arábica no terminal externo esboçam fraqueza ao buscar níveis acima de US$ 130,00 cents/lb. "O mercado se mostra acomodado entre 130,00 cents/lb e 124,00 cents/lb. Rompendo isso é que podemos ter alguma oscilação maior. Mas sem novidades, esses patamares devem ser mantidos", afirma Barabach.
Para ele, no aspecto fundamental, apenas a chegada da nova safra tem força para mudar esse atual direcionamento do mercado.
Informações de agências internacionais também dão conta que apesar da baixa nas cotações pelo terceiro dia seguido ainda há dúvidas entre os operadores em relação à oferta global de café nesta temporada devido aos reflexos do El Niño nas principais origens produtoras. "A oferta mundial está muito ajustada, frágil", disse o diretor geral da Coex, Ernesto Álvarez.
A Bloomberg reportou recentemente, com base em entrevista com analistas, que a demanda mundial poderá superar a produção em 4 milhões de sacas de 60 kg nesta temporada. No atual ano agrícola, houve um déficit de 4,8 milhões de sacas, segundo um operador da Coex Coffee Group, com sede em Miami. Os estoques do Brasil serão os menores em 15 anos até 30 de junho, de acordo com o exportador local, Tristão Trading Co.
Mercado interno
Os negócios nas praças de comercialização do Brasil continuam lentos. Mesmo com a proximidade da colheita, acontecem apenas transações isoladas com os preços aquém das expectativas dos vendedores. "Os produtores conseguiram fazer bons negócios nas últimas semanas e diante desses preços preferem ficar mais distantes do mercado", afirma Barabach.
O tipo cereja descascado teve maior valor de negociação hoje em Espírito Santo do Pinhal (SP) com R$ 550,00 a saca e alta de 1,85%. Foi a maior alta no dia dentre as praças.
O tipo 4/5 também teve maior valor de negociação em Guaxupé (MG) com R$ 538,00 a saca e baixa de 2,36%. Também a maior oscilação dentre as praças hoje.
O tipo 6 duro teve maior valor de negociação nas cidades de Araguari (MG), Franca (SP) e Varginha (MG) com R$ 510,00 a saca, preço estável na primeira e na última e alta de 2% na segunda. A maior oscilação no dia ocorreu em Guaxupé (MG) com R$ 490,00 a saca e queda de 2% e em Franca (SP).
Na quarta-feira (30), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 486,32 com queda de 0,86%.
Bolsa de Londres
Os futuros do café robusta na Bolsa de Londres (ICE Futures Europe), antiga Liffe, fecharam praticamente estáveis nesta quinta-feira. O contrato maio/16 registrou US$ 1496,00 por tonelada com queda de US$ 8, o julho/16 teve US$ 1532,00 por tonelada e recuo de US$ 3, enquanto o setembro/16 anotou US$ 1552,00 por tonelada e desvalorização de US$ 5.
Na quarta-feira (30), o Indicador CEPEA/ESALQ do café conillon tipo 6, peneira 13 acima, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 374,29 com alta de 0,59%.
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