Café valorizado estimula troca da saca do grão por equipamentos e insumos na Femagri 2016
A valorização nos preços do café na semana passada contribuiu para que a Femagri (Feira de Máquinas, Implementos e Insumos Agrícolas), que aconteceu entre os dias 16 e 18 deste mês, em Guaxupé (MG), registrasse recorde em negócios. No evento, o cooperado da Cooxupé (Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé) pôde usar seu café como moeda de troca para aquisição máquinas e insumos agrícolas. Nenhuma cooperativa no mundo faz esse tipo de transação.
A pergunta mais ouvida nos mais de 130 estandes da Femagri deste ano, organizada pela Cooxupé desde 1997 foi: "Quantas sacas custa este produto?". Uma colhedora de café com valor de mercado de mais R$ 600 mil pôde ser adquirida na feira por pouco mais de 1.100 sacas de 60 kg. Um trator que custa cerca de R$ 90 mil era trocado por 179 sacas e uma roçadeira de R$ 920 por menos de duas.
O cafeicultor de Campestre (MG), Zenun Elias Jorge Zenun, faz a aquisição de produtos para sua fazenda durante a feira há alguns anos e acredita que a Femagri é uma ótima oportunidade para os cooperados da Cooxupé fazer negócios. "Nesta época do ano o produtor está descapitalizado e prestes a iniciar a colheita da nova safra, sem essa ajuda da cooperativa ficaria tudo mais difícil para o cafeicultor", afirma.
Zenum faz a aquisição de produtos com troca em café em uma parcela. No entanto, para a compra de insumos e equipamentos neste ano, ele preferiu parcelar a compra em três safras.
O superintendente de Desenvolvimento dos Cooperados da Cooxupé, José Eduardo Santos Júnior, apontou que os valores estabelecidos à saca de café para a troca (R$ 520,00 para 2016; R$ 555,00 para 2017; e R$ 585,00 para 2018) incentivaram os cafeicultores a investirem em tecnologias para melhorar a produtividade de suas lavouras.
O preço do café no mercado futuro para 2017 em R$ 555,00 a saca é o maior registrado durante o período da feira desde 2006. Os preços do café, que eram referência para os negócios na feira, foram puxados pela forte alta na Bolsa de Nova York – que teve valorização acumulada de quase 8% na semana passada – com a valorização cambial, indicadores técnicos e, principalmente, a projeção de queda na produção mundial do grão.
A operação que ganhou o nome de "barter", que significa trocar no português, é bem simples. "Fazemos uma análise de crédito do produtor cooperado, levando em conta sua fidelidade, que inclui entrega do café no prazo e compra de insumos. Com a liberação, o cafeicultor pode fazer a compra de produtos na feira e pagar em três anos ou usar o café como moeda de troca", afirma Santos.
A Cooxupé projetava um crescimento de 16% no volume de negócios neste ano. No entanto, já no primeiro dia de feira, os números surpreenderam. Teve até congestionamento nas entradas do evento. Em seus três dias de realização, a Femagri registrou crescimento de 25% no volume de negócios, totalizando R$ 150 milhões.
"O crescimento de 25% refere-se ao faturamento de produtos por parte da cooperativa, não considerando tratores e veículos. Teremos o fechamento desses dados na próxima semana e, por isso, acreditamos que as negociações ainda podem ser maiores", explicou na sexta-feira passada o superintendente da cooperativa.
A produção de café na área de atuação da Cooxupé, que é a maior cooperativa exportadora do Brasil, deve atingir 9,5 milhões de sacas na safra 2016/17. Desse volume, 7,5 milhões de sacas serão apenas de cooperados. Dos associados, a cooperativa espera receber 4,9 milhões de sacas do grão na nova safra, além de adquirir outras 1,2 milhão de sacas no mercado. A expectativa é exportar 4,6 milhões de sacas na nova safra.
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