Endividamento dos cafeicultores do Espírito Santo cresce até 7% após perdas severas com a seca
Os cafeicultores do Espírito Santo já começam a sentir as consequências de duas safras consecutivas de quebra no estado. O endividamento com os bancos aumentou entre 6% e 7% em relação à safra passada e a reserva de grãos, que ainda poderia garantir renda ao produtor, está acabando.
"O cafeicultor estava garantindo oferta ao mercado com a reserva das últimas safras, mas agora o café acabou, e com isso a inadimplência começa a crescer. Estimamos que ela tenha saltado entre 6% e 7% em relação à temporada passada", explica o presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras do Espírito Santo (OCB-ES), Esthério Colnago. Para ele, esses números podem ser bem maiores uma vez que os bancos privados não divulgam seus dados.
Os cafeicultores capixabas enfrentam condições climáticas adversas desde 2014, o que fez a produção do estado cair bastante na temporada passada. Já a safra 2016/17 ainda é uma incógnita. De acordo com o Incaper (Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural), o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) aponta para uma leve alta de 7,3% a produção de robusta no estado, por conta de um aumento na produtividade por área, totalizando 8 milhões de sacas.
Já a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) estima uma quebra de 1% na produção da variedade em relação a 2015 devido à redução de áreas plantadas, com 7,7 milhões de sacas, ante as 7,8 milhões registradas na safra 2015/16.
No ano passado, em meio ao risco de desabastecimento, o governo do estado priorizou o consumo humano e proibiu a irrigação das lavouras de café em algumas cidades. Cerca de 80% das plantações de robusta do Espírito Santo utilizam sistemas irrigados.
A cafeicultura é um dos setores mais importantes da agropecuária do Espírito Santo e responde por 37,6% do VBPA (Valor Bruto da Produção Agropecuária Capixaba). Cientes da importância da produção de café para o estado, representantes dos cafeicultores tentam desde novembro com o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) estender o prazo para pagamento das dívidas dos produtores com os bancos públicos.
"A OCB-ES em conjunto com outras entidades fizeram uma carta aberta para o Mapa para prorrogação das dívidas dos cafeicultores, mas até agora não tivemos resposta. Enquanto não temos uma solução, é importante que os produtores tentem renegociar suas dívidas com cada banco", afirma Esthério Colnago.
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