Café: Após chuvas, safra 2016/17 do Brasil pode crescer até 15%, mas cafeicultores não acreditam em recorde
Após quatro temporadas consecutivas de quebra, a safra 2016/17 de café do Brasil pode chegar a 49 milhões de sacas de 60 kg, com aumento de até 15% em relação a atual. Por conta das condições climáticas mais favoráveis às plantações no mês passado e nos primeiros dias de dezembro, além da alta bienalidade. A estimativa é do presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Silas Brasileiro. No entanto, alguns cafeicultores acreditam que a situação ainda demanda atenção.
"Estimo que recebemos em 2015, até agora, de 900 a mil milímetros de chuva, quase o mesmo que nos dois últimos anos juntos. No entanto, essas precipitações ainda não são suficientes para garantir uma boa produção. O mês de janeiro costuma ter altas temperaturas e menos chuvas, isso pode acabar abortando chumbinhos", explica o presidente do Sindicato Rural de Boa Esperança (MG), Manoel Joaquim da Costa, no Sul do estado.
A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) estima que a colheita de café do Brasil totalize 42,15 milhões de sacas de 60 kg na safra atual. O primeiro levantamento da Companhia para a safra 2016/17 deve ser divulgado apenas na primeira quinzena de janeiro do ano que vem.
No município de Guapé (MG), apesar do retorno das chuvas nos últimos dias, algumas perdas já estão consolidadas para a próxima temporada, uma vez que as altas temperaturas e o clima seco afetaram o pegamento da florada. Além disso, as precipitações nesse momento estão prejudicando as plantas.
"Não será uma perda como tivemos nos dois anos anteriores, mas teremos mais um ano de produção menor. E nos cafezais que tiveram um bom pegamento da florada, as chuvas estão derrubando os chumbinhos", explica o produtor rural do município, Frank Scanavachi.
O fisiologista de café e pesquisador aposentado do IAC (Instituto Agronômico de Campinas), Joel Irineu Fahl, acredita que a próxima safra do Brasil deve ter produção um pouco melhor em relação às anteriores e acredita que as perdas nas lavouras agora não são motivadas pelas precipitações, mas sim pelas condições climáticas durante a florada. "No período de dezembro a janeiro sempre há queda de alguns chumbinhos, depois disso não é para cair mais. Essa queda, no geral, é causada porque a planta teve baixa nutrição ou recebeu pouca chuva e altas temperaturas", afirma.
Para o produtor rural Fernando Barbosa, de São Pedro da União (MG), é importante que as precipitações prossigam nos próximos meses para continuar garantindo um bom desenvolvimento das plantas, além de assegurar reserva de água caso tenhamos um período de estiagem no próximo ano.
No entanto, para Barbosa, o principal problema para o café na safra 2016/17, no Sul de Minas, é o enchimento dos grãos, que ainda ocorrem de forma irregular e podem prejudicar o rendimento das lavouras. "Tivemos duas floradas, sendo a primeira vinda de um período de seca. Na segunda, tivemos um pouco mais de chuvas, com isso o pegamento do chumbinho foi mais uniforme e agora alguns muito pequenos e outros maiores, o que chamamos de duas fases", diz.
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