CNC: Sem novidades nas origens e também do lado da demanda, futuros do café arábica mantiveram movimento lateral nesta semana
BALANÇO SEMANAL — 09 a 13/11/2015
COMBATE À BROCA — Como é de conhecimento público, o Conselho Nacional do Café, desde a proibição do endosulfan, vem realizando gestões junto ao Governo Federal para que sejam registrados produtos para o combate efetivo à broca do café, fato que excluiria a necessidade de anúncio e renovação anual da emergência fitossanitária nos Estados produtores do Brasil.
A esse respeito, nesta semana, em contato com a Coordenação-Geral de Agrotóxicos e Afins (CGAA) do Departamento de Fiscalização de Insumos Agrícolas (DFIA) da Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), tivemos o conhecimento que o produto Voliam Targo teve seu processo de registro finalizado e seu certificado emitido, com sua publicação no Diário Oficial da União tendo prazo legal para ocorrer nos próximos 30 dias.
O CNC agradece o empenho e o trabalho desenvolvido pelo staff do Mapa no intuito de viabilizar o registro de produtos para o combate à broca, o qual contribuirá para os tratos culturais dos produtores brasileiros e vetará que a praga venha a ser um problema substancial em nossas lavouras. Por outro lado, continuaremos reforçando a necessidade de que mais produtos sejam analisados e registrados, de maneira que haja competição no mercado e se evitem sobrepreços por falta de concorrência.
QUALIDADE — Nesta semana, a Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (CAPADR) da Câmara dos Deputados aprovou, por unanimidade, o Projeto de Lei nº 1.713/2015, que Institui a Política Nacional de Incentivo à Produção de Café de Qualidade, de autoria do Deputado Evair de Melo, com emendas, nos termos do parecer do relator, do deputado Luiz Cláudio (PR-RO).
O CNC tem acompanhado e participado da construção dessa proposição legislativa, pois reconhece que o investimento na produção de cafés de qualidade resulta na melhoria da renda dos produtores e na proteção contra as oscilações de mercado. Os cafés de alta qualidade têm acesso a canais diferenciados de comercialização, com significativos prêmios sobre as cotações básicas do Contrato C, negociado na Bolsa de Nova York, e sem enfrentar a volatilidade que predomina no mercado das commodities. Por isso, contribuem significativamente para a agregação de valor às exportações brasileiras de café.
Nesse sentido, o CNC entende que o apoio ao aprimoramento da qualidade da produção cafeeira é uma importante estratégia diante da conjuntura de mercado atual, onde o enfraquecimento do real ante o dólar tem pressionado as cotações internacionais do café, mas, não tem sido suficiente para garantir preços domésticos remuneradores ante os custos de produção. Isso porque a forte desvalorização cambial tem aumentado significativamente os preços dos insumos importados, pesando sobre o já inflado custo devido aos sucessivos aumentos dos salários, dos valores de manutenção dos maquinários agrícolas e dos combustíveis.
Reconhecendo a importância do fomento à qualidade dos cafés do Brasil, principalmente para a melhoria da renda dos produtores, o CNC congratula a iniciativa do deputado Evair de Melo em trazer esse tema para a pauta do Poder Legislativo.
O PL 1.713 tem por objetivo instituir a Política Nacional de Incentivo à Produção de Café de Qualidade, visando à elevação do padrão qualitativo do café brasileiro por meio do estímulo à produção, à industrialização e à comercialização de cafés de categorias superiores. Suas diretrizes estão em consonância com as seguidas pelos representantes do setor produtor nacional, CNC e CNA, no desenvolvimento da política cafeeira no âmbito no Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC), sendo elas: sustentabilidade; desenvolvimento tecnológico; diversidade de origens; adequação das ações governamentais às especificidades das origens; parcerias entre os setores público e privado; estímulo às economias locais e a redução das desigualdades regionais; valorização dos cafés do Brasil; e acesso a mercados de cafés especiais e de qualidade.
A proposição legislativa define como instrumentos da Política Nacional de Incentivo à Produção de Café de Qualidade o crédito rural para a produção, industrialização e comercialização; a pesquisa agrícola e o desenvolvimento tecnológico; a assistência técnica e a extensão rural; o seguro rural; a capacitação gerencial e a formação de mão-de-obra qualificada; o associativismo, o cooperativismo e os arranjos produtivos locais; as certificações; as informações de mercado; e os fóruns, câmaras e conselhos setoriais, públicos e privados.
Por entender que o PL 1.713/2015 é um importante passo no sentido de ampliar a produção de café de qualidade do Brasil, o CNC apresentou emendas ao relator da proposição, deputado Luiz Cláudio, com o objetivo de garantir a efetiva implementação da Política Nacional de Incentivo à Produção de Café de Qualidade, respeitando o arcabouço institucional existente.
Cumprimentamos e agradecemos o ilustre relator da matéria por acatar nossas emendas e reconhecer a importância do fortalecimento da representação do setor produtivo nacional no delineamento da política de café do Brasil, a qual se concretiza via CDPC. Como é interesse precípuo da produção nacional o aumento da qualidade dos cafés do Brasil, o envolvimento do CDPC, conforme acatado pelo relator e aprovado pela CAPADR, é a melhor estratégia para garantir um amplo alcance da Política Nacional de Incentivo à Produção de Café de Qualidade.
MERCADO — Sem grandes novidades nas origens e também do lado da demanda, os futuros do café mantiveram o movimento lateral nos últimos dias. Os agentes de mercado seguem atentos ao desenvolvimento da safra brasileira 2016/17, neste período em que as condições climáticas têm forte influência sobre os volumes que serão colhidos no próximo ano.
A Fundação Procafé divulgou os resultados de seu monitoramento, realizado em outubro, nas regiões Sul de Minas, Cerrado Mineiro e Mogiana Paulista. De forma geral, a elevada temperatura, associada à irregularidade das chuvas, aumentou a demanda evapotranspirativa dos cafeeiros, podendo causar danos nas próximas safras, caso não haja reposição total de água.
O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) apurou que as chuvas ocorridas entre o final de outubro e início de novembro proporcionaram novas floradas em todas as praças de café arábica. Porém, as altas temperaturas e o baixo volume de precipitações, até meados de outubro, prejudicaram o “pegamento” das primeiras floradas. O quadro abaixo (clique para ampliar) resume as informações disponibilizadas pela instituição.
Segundo a Climatempo, para a próxima semana não há previsão de volumes significativos de chuvas sobre as regiões cafeeiras do Sudeste do Brasil. Entre 17 e 21 de novembro, os mapas meteorológicos indicam precipitações da ordem de até 30 mm sobre as principais origens nacionais.
O Cepea também apresentou dados que ilustram o quadro econômico desfavorável à aquisição dos insumos necessários para a realização dos tratos culturais recomendados, após as recentes chuvas. De acordo com nota divulgada pela instituição, “no Cerrado Mineiro, para que o produtor adquira uma tonelada de ureia neste início de novembro, é necessário o equivalente a 3,33 sacas de 60 kg de café arábica do tipo 6 bebida dura para melhor a preço regional e, há um ano, bastavam 2,85 sacas de café. No Noroeste do Paraná, o produtor precisa de 3,5 sacas de café tipo 6 neste início de mês para adquirir o mesmo insumo, 0,57 saca a mais que há um ano. Em São Paulo, a compra atual requer 0,65 saca a mais, com uma tonelada de ureia equivalendo a 3,54 sacas de café”.
Na ICE Futures US, o vencimento dezembro do Contrato C foi cotado, na quinta-feira, a US$ 1,1875 por libra-peso, acumulando perdas de 240 pontos ante o fechamento da sexta-feira antecedente. Na ICE Futures Europe, o contrato futuro do café robusta com vencimento em janeiro/2016 encerrou o pregão a US$ 1.609 por tonelada, com alta de US$ 5 em relação ao final da semana anterior.
O dólar comercial foi cotado, ontem, a R$ 3,7672 com variação positiva de 0,1% ante o fechamento da última sexta. Os principais fatores de influência na precificação da moeda norte-americana continuam sendo a instabilidade política e econômica do País, a perspectiva de alta dos juros dos Estados Unidos e as intervenções do Banco Central do Brasil no mercado cambial.
No mercado físico nacional, os indicadores calculados pelo Cepea para as variedades arábica e conilon foram cotados, ontem, a R$ 465,34/saca e a R$ 375,54/saca, respectivamente, com variação de -0,2% e 0,1% em relação ao fechamento da semana passada.
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