CNC participa de audiência pública sobre qualidade e importação de café
AUDIÊNCIA PÚBLICA — Na quinta-feira, 2 de setembro, participamos de audiência pública, na Câmara dos Deputados, que visou ao debate sobre a importação de café verde e a respeito do Projeto de Lei 1.713/2015, que "Institui a Política Nacional de Incentivo à produção de Café de Qualidade". O presidente executivo do CNC, deputado federal Silas Brasileiro, apresentou as ponderações da entidade no tocante aos temas, conforme destacado abaixo.
— Qualidade: Após uma explanação na qual demonstrou os principais influenciadores na produção, indústria e comércio; a importância do cooperativismo no fomento à qualidade, pois as cooperativas são facilitadoras no acesso do produtor a recursos técnicos e financeiros para a adoção de boas práticas; o trabalho do CNC nos âmbitos nacional e internacional para que se incremente a produção qualitativa, o presidente do Conselho pontuou que o PL 1.713/2015 possui viés positivo, uma vez que objetiva elevar a qualidade da produção brasileira de café, por meio de instrumentos, como crédito, seguro, pesquisa e inovação tecnológica, capacitação gerencial, qualificação do trabalhador, associativismo e cooperativismo, certificações e inteligência competitiva, entre outros, servindo como estímulo.
Por outro lado, o deputado recordou que é preciso cautela ao criar uma obrigação legal de oferta de linha de crédito para reestruturação produtiva e renovação de cafezais, devido aos possíveis impactos mercadológicos desta medida. Por ser uma cultura perene, dada a ciclos de preços e produção, cujas cotações são formadas em um mercado de característica especulativa, explicamos que se deve planejar cuidadosamente o estímulo a novos plantios de café, pois as novas variedades, com potencial de produzir maior qualidade de bebida, também tendem a ser mais produtivas, de forma que a introdução em ampla escala dessas inovações tecnológicas no campo pode gerar excedente de oferta e, consequentemente, queda de preços, reduzindo a renda dos cafeicultores.
Concluindo, no tocante à disponibilização de crédito para a cafeicultura, o Conselho Nacional do Café defendeu que sejam fortalecidas as competências das vias institucionais existentes e que o Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC), por meio de seu Comitê Diretor de Planejamento Estratégico (CDPE), continue analisando, elencando e deliberando sobre as prioridades de financiamento ao setor.
— Importação: A respeito da aquisição de café verde pelo Brasil, o presidente do CNC explicou que a entidade entende a necessidade de debate e não cria objeção às discussões. Entretanto, salientou que o Conselho não concorda com medidas que sejam adotadas sem consultas prévias ao setor produtivo, haja vista que uma ação que vise a algo positivo, como a agregação de valor, poderá ter impactos reversos e gerar prejuízos econômicos aos cafeicultores, impactando diretamente as economias de centenas de municípios, resultando em crescimento do desemprego, desaquecimento do setor de serviços e instabilidade social, com aumento dos índices de violência e inchaço nas cidades grandes.
Em decorrência disso, Silas Brasileiro comunicou que o CNC realiza monitoramento permanente das ações que podem afetar a renda da cafeicultura e foi a primeira instituição a alertar a todos sobre a autorização intempestiva para importar café do Peru e a atuar junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e à Presidência da República para reverter tal decisão.
LIBERAÇÕES DO FUNCAFÉ — O Ministério da Agricultura, informou, ontem, que as liberações de recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) para os agentes financeiros chegaram a R$ 1,272 bilhão até o dia 2 de setembro (confira aqui https://migre.me/rqGZP). Esse montante corresponde a 37,19% do total contratado pelas instituições, que soma R$ 3,421 bilhões (clique aqui e confira https://migre.me/rqH1i) até o momento. Para a safra 2015, o Fundo tem R$ 4,136 bilhões à disposição da cadeia produtiva.
DÁRIO MARTINELLI — O Conselho Nacional do Café presta homenagem a um dos principais responsáveis pela introdução do café conilon no Espírito Santo, Dário Martinelli, que faleceu na quinta-feira, 3 de setembro. Visionário, foi um dos pioneiros no ingresso, na produção e no avanço da cafeicultura de robusta capixaba, na década de 70, após o Governo ter erradicado a atividade no Estado. Em união com outros produtores, adquiriu as mudas e as reproduziu em viveiros no município de São Gabriel da Palha, desenvolvendo uma atividade economicamente rentável para milhares de famílias do ES.
Martinelli também teve uma trajetória política regional marcante, iniciada como vereador de São Gabriel da Palha, onde compôs a primeira Câmara Municipal, em 1967, a qual presidiu nessa legislatura. Também foi prefeito do município em dois mandatos (1971-1973 e 1977-1983) e elegeu-se deputado estadual em 1989. Além disso, presidiu a Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel (Cooabriel), a maior do Brasil no que se refere a café conilon. O CNC presta sua homenagem a esse herói da cafeicultura capixaba e nacional, deixando votos de pesar, conforto e paz aos familiares e amigos.
MERCADO – Os preços futuros do café registraram perdas nesta semana, influenciados pela forte desvalorização do real ante o dólar, que aumenta a competitividade das exportações do Brasil, e pelas questões climáticas.
Influenciadas pelas incertezas quanto ao futuro das contas públicas do País, as cotações do dólar comercial atingiram os maiores valores desde dezembro de 2002 e passaram a operar acima dos R$ 3,75. Ontem, a moeda norte-americana foi cotada a R$ 3,7598, acumulando valorização de 4,8% em relação à última sexta-feira.
A pressão baixista nas cotações futuras do café arábica também vem das previsões de aumento da umidade nas regiões produtoras brasileiras a partir de novembro, quando é esperado que o El Niño atinja o seu pico. As agências meteorológicas internacionais divulgaram, nos últimos dias, que o fenômeno climático iniciado em 2015 pode ser um dos mais fortes dos últimos 65 anos.
Com base em informações da Somar Meteorologia, o CNC alerta, a esse respeito, que é precipitado precificar o café com base em modelos meteorológicos que apresentam imperfeições e que têm superestimado intensidade dos últimos El Niños.
Além disso, a atmosfera tem apresentado respostas diferenciadas aos aquecimentos do Oceano Pacífico nos últimos anos. Como evidências, citamos a resposta atípica, em 2015, do clima da Região Sul ao El Niño, com a presença de período seco e quente após os temporais de julho, incomum para esta época do ano. As chuvas fortes ocorridas na Índia também não são condizentes com as características do fenômeno climático.
A Somar Meterologia prevê um retorno mais gradativo da chuva para o Sudeste e Centro-Oeste, na comparação com a primavera do ano passado, quando as precipitações oscilaram bastante. Porém, mais para o fim do ano, a expectativa é de aumento da oscilação da chuva no Brasil, devido à tendência de diminuição da temperatura no Pacífico equatorial leste. Segundo a empresa, esse fato pode “abrir margem para os fatores intrassazonais, como bloqueios atmosféricos e a ‘Oscilação Madden Julian’, fenômenos que foram importantes para explicar a seca dos últimos anos no Sudeste”.
Em função disso, reforçamos o caráter precipitado das interpretações exageradamente otimistas quanto ao desenvolvimento da temporada 2016 de café no Brasil, já que o clima está mais imprevisível do que nunca e somente o acompanhamento diário das condições do campo, nos próximos meses, trará informações confiáveis para projetarmos a próxima colheita brasileira de café.
Na ICE Futures US, o vencimento dezembro do Contrato C foi cotado, na quinta-feira, a US$ 1,1955 por libra-peso, com queda de 450 pontos em relação ao fechamento da semana passada. As cotações do robusta, negociadas na ICE Futures Europe, também foram impactadas pelo câmbio brasileiro. O vencimento novembro/2015 encerrou o pregão de ontem a US$ 1.590 por tonelada, com queda de US$ 21 em relação ao final da semana anterior.
No mercado físico nacional, os vendedores se mantiveram retraídos, aguardando futuras valorizações. Os indicadores calculados pelo Cepea para as variedades arábica e conilon foram cotados a R$ 451,98/saca e a R$ 334,59/saca, respectivamente, com altas de 2,5% e 1,9% em relação ao fechamento da semana passada. Com o patamar alcançado ontem, o indicador para a saca do conilon registrou sua nova máxima na série histórica da instituição.
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