CNC: Clima mais seco favorece colheita, mas preocupa para a safra 2016 de café no Brasil
FATOR CLIMÁTICO NAS SAFRAS — O cenário meteorológico segue como o centro das atenções da cafeicultura brasileira. Se por um lado o clima mais seco nas últimas semanas favorece o andamento da colheita, por outro começa a causar preocupações quanto à safra 2016, já que poderá impactar a formação das floradas para o ciclo futuro e, consequentemente, afetar a produtividade das plantas.
O CNC entende que, a partir de setembro, com os trabalhos de colheita praticamente em seu estágio final, serão necessárias chuvas em volumes suficientes para que as floradas surjam, mantenham-se e vinguem frutos. Porém, caso voltemos a vivenciar um cenário de poucas e esparsas precipitações, há grande possibilidade dos botões florais surgirem, mas não conseguirem abrir — devido à falta de umidade —, sendo queimados pelo sol e fazendo com que os cafeicultores voltem a observar perdas produtivas.
Ainda é cedo para se prognosticar quaisquer números à temporada cafeeira 2016 no País, mas é necessário que fiquemos atentos aos cenários, pois, este ano, ainda conseguiremos honrar nossos compromissos com os mercados internacional e brasileiro, contudo, e em função disso, caminhamos para uma nova mínima no volume dos estoques nacionais, à medida que o ritmo das exportações — 20,5 milhões de sacas embarcadas de janeiro a julho de 2015 — e do consumo interno — cerca de 21 milhões de sacas — tem se mantido.
FERAB — Na quinta-feira, 13 de agosto, na condição de presidente executivo do CNC, atendemos a um convite da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Kátia Abreu, para participarmos do lançamento e para integrarmos o Fórum das Entidades Representativas do Agronegócio do Brasil (FERAB).
O colegiado tem o objetivo de promover o diálogo com as principais entidades que representam o agronegócio no País, atualizando e nivelando as informações necessárias para o pleno desenvolvimento da atividade, e estreitar as relações para, juntos, setores público e privado, idealizarem novas políticas e estratégias de implantação estabelecendo uma rede de informações sistematicamente alimentada, voltada ao benefício dos produtores e do Brasil.
O CNC louva a iniciativa da ministra por compreender o alcance dessa relação entre a iniciativa privada e o Governo e será grande parceiro nesse sentido, pois entendemos que a agropecuária brasileira possui papel fundamental na manutenção da estabilidade econômica, na geração de renda, na alimentação dos brasileiros, na criação de empregos e nas exportações.
FUNCAFÉ 2015 — A Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) assinou novo contrato com um agente financeiro, conforme extrato publicado no Diário Oficial da União desta sexta-feira, 14 de agosto. A liberação dos recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), dessa vez, somou R$ 105 milhões, que foram repassados para o BPN Brasil Banco Múltiplo auxiliar produtores nas linhas de Estocagem e Aquisição de Café (FAC).
Do montante total de R$ 4,136 bilhões do Funcafé autorizados para a safra 2015, até o momento foram contratados 75,34% pelas instituições financeiras, ou R$ 3,116 bilhões. Desse volume, R$ 1,206 bilhão foi destinado para Estocagem, R$ 717 milhões a Custeio, R$ 596,5 milhões para FAC e R$ 596,5 milhões a Capital de Giro, sendo R$ 269,5 milhões para Cooperativas de Produção, R$ 203 milhões a Indústrias de Torrefação e R$ 124 milhões para Indústrias de Solúvel (confira tabela abaixo – clique para ampliar).
MERCADO – Ignorando o cenário macroeconômico internacional, que levou à desvalorização de grande parte das commodities, os futuros do café apresentaram desempenho positivo nesta semana. A preocupação quanto ao aperto no equilíbrio entre a oferta e demanda mundial conferiu sustentação às cotações e os contratos da variedade arábica situaram-se entre os que mais se valorizaram nos últimos sete dias (gráfico abaixo).
A decisão do Banco Central da China de promover significativa desvalorização do yuan nesta semana surpreendeu o mercado financeiro internacional, com impacto negativo nas bolsas e nas cotações das commodities. Porém, o café não foi afetado por esse cenário, já que os investidores seguiram focados na menor produção brasileira, agravada pelo grande percentual de peneira baixa, apurado nos quase dois terços de grãos colhidos até o momento, e por incertezas quanto ao desenvolvimento da temporada 2016/17.
Na ICE Futures US, o vencimento setembro do Contrato C foi cotado, ontem, a US$ 1,3705 por libra-peso, com alta de 925 pontos em relação ao fechamento da semana passada. As cotações do robusta, negociadas na ICE Futures Europe, seguiram tendência similar. O vencimento setembro/2015 encerrou o pregão a US$ 1.704 por tonelada, acumulando valorização de US$ 43 desde a última sexta-feira.
No mercado físico nacional, a melhora dos preços resultou em aquecimento dos negócios. Além da alta externa, o câmbio brasileiro desvalorizado favorece o aumento dos valores da saca do café. Na quinta-feira, dólar comercial foi cotado a R$ 3,5137, em patamar próximo ao final da semana passada.
Os indicadores calculados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) para as variedades arábica e conilon foram cotados, ontem, a R$ 476,60/saca e a R$ 329,28/saca, respectivamente, com variação de 5,5% e 1,7% em relação à última sexta-feira.
O Cepea chama a atenção para os valores recordes atingidos pelo indicador do conilon, em função da retração da oferta doméstica enquanto a demanda internacional segue aquecida. Esse fato tem afetado positivamente os preços do arábica rio, já que, com valores próximos aos do robusta nacional, tem sido mais demandado pelo torrefadores por melhorar a qualidade dos blends.
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