CNC: Governo prorroga estado de emergência fitossanitária para broca do café em Minas Gerais por um ano
BALANÇO SEMANAL — 16 a 20/03/2015
EMERGÊNCIA FITOSSANITÁRIA PARA MG — Na quarta-feira, 18 de março, o presidente executivo do CNC, deputado federal Silas Brasileiro, reuniu-se com a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, senadora Kátia Abreu, para debater questões pontuais e de médio e longo prazos à cafeicultura nacional. Entre os assuntos tratados, estava a prorrogação da Portaria nº 188 do Mapa, que decreta estado de emergência fitossanitária, relacionada à broca (Hypothenemus hampei), para Minas Gerais. A ministra dedicou especial atenção ao assunto e assinou nova portaria, a de nº 80, publicada no Diário Oficial da União ontem (19), que prorroga por um ano o prazo da vigência.
Essa medida é fundamental para que os produtores do principal estado cafeeiro do Brasil possam ter condições de controlar a praga, haja vista que, desde a proibição da comercialização do Endosulfan, até então único produto com eficácia no combate à broca, os cafeicultores brasileiros não possuíam substitutivos. O CNC agradece o posicionamento da ministra Kátia Abreu nessa demanda, assim como enaltece o trabalho do secretário de Defesa Agropecuária, Decio Coutinho, e do diretor do Departamento de Sanidade Vegetal, Luis Rangel, que foram essenciais para a adoção dessa importante medida.
PREÇO MÍNIMO DO CAFÉ — Também apresentamos à ministra a necessidade de reajuste dos preços mínimos dos cafés arábica e robusta. Em abril de 2014, CNC e CNA realizaram trabalhos com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e o próprio Mapa e chegou-se a um custo médio de produção de R$ 343 por saca para o arábica, evidenciando que o preço mínimo de R$ 307 estava defasado. Para 2015, com a valorização do dólar, além da escassez de água para lavouras irrigadas, apresentamos que os custos aumentaram ainda mais, sendo emergencial que o preço mínimo da variedade seja elevado a valores condizentes com os gastos na produção.
Para o café conilon, diferente do ocorrido com o arábica e após congelamento desde 2009, o preço mínimo da variedade foi reajustado para R$ 180,80 por saca no ano passado, ficando ainda abaixo do custo de produção. Além disso, a escassez de recursos hídricos, a valorização do dólar, que encarece os insumos, e os maiores custos com encargos trabalhistas e sociais têm pesado sobre a cultura e tornado a atividade mais cara, sendo necessária, portanto, nova atualização.
LINHAS DE FINANCIAMENTO — O presidente executivo do CNC, deputado federal Silas Brasileiro, tratou, ainda, das questões das linhas de financiamento do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé). A esse respeito, anotamos a necessidade de anúncio e liberação dos recursos de forma única, evitando maiores especulações no mercado, após consenso entre os titulares do Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC), e em tempo hábil e de acordo com as necessidades do setor.
BANCO DE GERMOPLASMA — Também abordamos as negociações entre a Embrapa e a World Coffee Research (WCR) no encontro com a ministra. No que tange a essa matéria, Silas Brasileiro se posicionou contrário à entrega de nossas vantagens tecnológicas, obtidas em 100 anos de pesquisa, a países concorrentes, haja vista que produzimos café sob as mais rígidas leis ambientais e sociais — que aumentam nossos custos —, sendo a tecnologia a nossa única vantagem competitiva frente a outras nações cafeeiras, as quais não alcançam nosso nível de produtividade. Além disso, não vemos como coerente essa troca de conhecimentos, quando temos imensa vantagem sobre os demais produtores. Por que, então, esse fornecimento tecnológico gratuito quando nossos concorrentes não têm que arcar com nossos custos ambientais e sociais adicionais aos deles?
LEILÃO DE ESTOQUES PÚBLICOS — A Conab comunicou que realizará, na próxima quarta-feira (25), um leilão para a venda de mais de 40 mil sacas de café dos estoques públicos, que se encontra armazenado nas unidades da estatal em Minas Gerais, Espírito Santo e Goiás. Cientes dos elevados custos para a manutenção desses produtos, fomos favoráveis à medida em reuniões realizadas em outubro de 2014, quando o café estava acima de US$ 2,00 por libra-peso na Bolsa de Nova York. Entretanto, elucidamos que as definições para a implantação técnica do pregão deveriam ser debatidas com o segmento privado da cafeicultura. Porém, tal fato não ocorreu e o edital saiu com um vício quando não citou que esses cafés estão desmerecidos em razão do longo período de armazenagem.
O CNC agradece a atenção prestada pela ministra Kátia Abreu em nos atender na representação de demandas do setor cafeeiro. Ela mostrou interesse em trabalhar não apenas no fortalecimento da produção, como também apoiando toda a cadeia produtiva e se dispôs a tratar dos pleitos apresentados, dando o melhor encaminhamento possível, inclusive com diálogo permanente, haja vista a importância da cafeicultura no contexto socioeconômico do Brasil. Além disso, a senadora observou a necessidade da agregação de valor ao café, com uma política moderna em que o País ocupe seu espaço não apenas na exportação do produto in natura, mas também na do produto industrializado.
MERCADO – As cotações internacionais do café apresentaram forte recuperação nesta semana, impulsionadas principalmente por movimentos de realização de lucro e recompra de posições por especuladores. A desvalorização do real impulsionou a alta dos preços no mercado físico brasileiro, resultando em aquecimento dos negócios.
O mercado segue bastante volátil, ainda com o dólar sendo o principal fator de influência. Os agentes permanecem aguardando os resultados da colheita brasileira, que, para a variedade conilon, começará com intensidade a partir de abril.
No Brasil, o dólar voltou a valorizar-se ante o real, encerrando a sessão de ontem a R$ 3,2965 e acumulando alta de 1,5% desde a última sexta-feira. Os motivadores desse desempenho são o cenário internacional, a conturbada situação política e econômica do País e as incertezas sobre a continuidade, a partir de abril, do programa de swap cambial do Banco Central do Brasil.
Na ICE Futures US, o vencimento maio do Contrato C foi cotado, na quinta-feira, a US$ 1,4415 por libra-peso, acumulando alta de 1.435 pontos em relação ao final da semana passada. Na ICE Futures Europe, as cotações do robusta também apresentaram recuperação. Ontem, o vencimento maio/2015 encerrou o pregão a US$ 1.815 por tonelada, com ganhos de US$ 107 desde o final da semana anterior.
A desvalorização do real potencializou a recuperação dos preços no mercado doméstico nesta semana, que registrou número maior de negócios. Na quinta-feira, os indicadores calculados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) para as variedades arábica e conilon foram cotados a R$ 482,39/saca e a R$ 309,62/saca, respectivamente, com variação de 11,4% e 3,6% no acumulado da semana.
O Informe Estatístico do Café, do Ministério da Agricultura, mostrou que as exportações brasileiras de café (verde e industrializado) apresentaram recuo de 3,8% em fevereiro de 2015, para 2,78 milhões de sacas, ante as 2,89 milhões de sacas do mesmo mês de 2014. A receita, porém, foi 32% superior, atingindo US$ 540 milhões, na comparação com os US$ 408 milhões de fevereiro do ano passado. De acordo com levantamento realizado pelo Cepea, a queda do volume exportado reflete os bons níveis dos estoques dos importadores e a dificuldade de formar lotes de qualidade pelos exportadores brasileiros.
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