Conselho de cafeicultores reitera quebra de safra do Brasil; vê chuvas fracas
SÃO PAULO (Reuters) - A safra de café do Brasil, maior produtor global da commodity, deverá sofrer uma queda na comparação com o volume esperado em 2015, afirmou nesta sexta-feira o Conselho Nacional do Café (CNC), apontando ainda que as chuvas recentes vieram em volumes insuficientes.
A instituição que representa os produtores afirmou que as adversidades climáticas de 2014, com calor e tempo seco históricos, acrescidas do veranico de janeiro deste ano, ocasionaram problemas aos cafezais brasileiros.
"É nítida, até o momento, a menor quantidade de frutos nos pés, com a má formação das rosetas, bem como a desuniformidade dos grãos, o que, inegavelmente, já impactará de forma negativa no volume a ser colhido em 2015", afirmou o presidente-executivo do CNC, Silas Brasileiro, em nota.
Em sua primeira estimativa, no início de janeiro, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projetou uma colheita de 44,11 milhões a 46,61 milhões sacas em 2015, praticamente estável ante o ano passado.
Mas, segundo Brasileiro, o setor apenas terá uma "ideia real" do tamanho da quebra de safra no final deste mês, quando a Fundação Procafé finalizará as pesquisas de campo que está realizando a pedido do CNC.
O representante dos produtores disse que, neste começo de fevereiro, houve o retorno das precipitações em algumas regiões do cinturão produtor, "mas as chuvas vieram em volumes aquém da média para o período e de forma intercalada, não sendo suficientes para a recuperação do armazenamento de água no solo".
A Somar Meteorologia informou na quinta-feira que o bloqueio atmosférico que impedia a formação de chuvas mais frequentes e prolongadas durante o verão no Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste do Brasil já não existe mais, e essas regiões com lavouras assoladas pela seca ao longo de 2014 e em janeiro deverão ser beneficiadas por precipitações normais em fevereiro e março.
Na avaliação do meteorologista Marco Antônio dos Santos, da Somar, essas chuvas vão beneficiar a agricultura, mas não vão reverter perdas nas culturas atingidas pelas altas temperaturas e baixa umidade.
O CNC observou ainda que cabe ao setor monitorar a questão climática e aguardar que as precipitações voltem em sua escala normal, de maneira que os frutos do café possam completar seu ciclo de granação "e não registrarmos uma quebra ainda maior na colheita deste ano".
(Por Roberto Samora)
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