Exportação de animais vivos: o Brasil tem muito espaço para ampliar suas vendas e o Instituto Biológico pode ajudar
Desde sua criação, em 1927, o Instituto Biológico (IB-APTA), instituição de pesquisa da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, atua para tornar o agro paulista e brasileiro cada vez mais seguro e competitivo. Uma destas frentes, conduzida pelo Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Sanidade Animal, trabalha para atender as demandas do setor pecuário, relacionado à importação e exportação de animais vivos (bovinos e suínos) e seus produtos, principalmente sêmen e embriões bovinos.
Há mais de 20 anos, o IB realiza o diagnóstico diferencial de doenças da reprodução e vesiculares em bovinos. Razão pela qual é constantemente procurado para atender aos protocolos sanitários exigidos pelos países importadores, referentes a brucelose, IBR/IPV, BVD, Língua azul e leucose enzoótica bovina, febre aftosa e estomatite vesicular.
Essa notoriedade se deve ao fato de que o IB é acreditado na norma ISO/IEC 17025, que dá credibilidade às análises realizadas e reconhecimento internacional, garantindo inclusive a harmonização dos testes diagnósticos nos protocolos sanitários acordados entre os países importador e exportador.
Em fevereiro de 2023, o IB iniciou novo atendimento para exportação de bovinos vivos para o Marrocos. Até o momento, serão analisados cerca de 6 mil animais para febre aftosa e língua azul. Destacamos que o exame de febre aftosa é realizado somente em um laboratório credenciado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária e acreditado na ISO/IEC 17025.
De acordo com Líria Okuda, diretora do Laboratório de Virose de Bovídeos, os holofotes para o Brasil tendem a subir, já que o país possui rebanho bovino estimado em 210 milhões de cabeças, que garantem sua liderança como fornecedor de proteína animal. Graças ao avanço do Programa Nacional de Erradicação da Febre Aftosa, novos mercados podem ser abertos e, portanto, o rigor sanitário também tende a aumentar, já que a pandemia da Covid-19 acendeu o alerta sobre a importância de uma Saúde Única.
Muito espaço para crescer
O Brasil, maior exportador de carne bovina do mundo, de acordo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), ainda está em fase embrionária quando se trata da comercialização de gado em pé – nome técnico que indica esse tipo de transação. Em 2021, foram exportadas em torno de 2,4 milhões de toneladas de bovinos vivos em todo o mundo, esse volume representa aproximadamente 20% do comércio internacional de bovinos, considerando a soma de animais vivos e carnes. Nesse período, a participação do país foi de pouco mais 1% do total.
O comércio de animais vivos, embora promissor, exige uma operação logística complexa. Para chegar ao país de destino, o animal geralmente precisa enfrentar uma viagem de milhares de quilômetros, que vai da fazenda fornecedora ao porto de origem, passando pelo transporte marítimo e por terra, até o frigorífico ou a fazenda de destino. Muitas vezes ainda se exige um período de quarentena no mercado de destino.
A entrada do Brasil no restrito grupo exportadores de gado vivo é resultado do esforço conjunto do setor privado e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Empresários do setor agropecuário souberam aproveitar a oportunidade e mostrar ao mercado que o Brasil atende aos quesitos necessários para atuar como player nesse segmento, oferecendo a qualidade e a sanidade do rebanho bovino exigidas. O Mapa criou as condições legais, de acordo com as normas internacionais, para impulsionar esse segmento exportador, reconhecendo a capacidade do IB para realizar as análises necessárias.
A comercialização do gado em pé é um nicho que, se bem explorado, pode trazer mais divisas para o Brasil e o reconhecimento do setor, coloca o Instituto Biológico como centro de excelência e referência em saúde animal, afirma a pesquisadora.
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