Programa de recuperação de pastagem em Minas Gerais será apresentado na COP26

Publicado em 05/11/2021 16:02
Desenvolvido pela ABCZ, programa conta com a parceria da Emater-MG

O programa Integra Zebu, da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), será apresentado na próxima segunda-feira (8/11) às 15 horas para os participantes da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26). O evento é considerado o mais importante debate ambiental e de sustentabilidade do mundo. A apresentação vai mostrar uma experiência exitosa do programa na recuperação de pastagens, no Triângulo Mineiro, e falar dos próximos passos de expansão dos trabalhos. O Integra Zebu tem entre seus parceiros institucionais, a Emater-MG, empresa pública de extensão rural, vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa).

As informações do Censo Agropecuário do IBGE/2017 e dados publicados pelo Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (LAPIG) demonstraram que a área de pastagens do Brasil é de 181 milhões de hectares e que aproximadamente 50% desta área está degradada. A degradação das pastagens, além de reduzir a produtividade, aumenta a vulnerabilidade do solo e os processos de desgastes, influenciando o nível de sustentabilidade da pecuária nacional.

A recuperação de pastagens degradadas no Brasil pode ser considerada como uma das grandes iniciativas ambientais no mundo. O Integra Zebu tem por objetivo propor, incentivar e divulgar soluções para recuperar pastagens degradadas, com ênfase em sistemas de Integração Lavoura e Pecuária (ILP) e Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF), e no manejo de pastagens.

Diretrizes

As diretrizes do Integra Zebu consistem firmar parcerias e incluir o tema na pauta permanente do debate técnico e de discussões políticas, junto aos governos municipais, estaduais e federal. Também são objetivos do programa a realização de eventos técnicos, cursos de capacitação e atualização técnica para criadores, técnicos e parceiros; além de fomentar iniciativas de pesquisa aplicada.

Projeto-piloto e expansão

O trabalho desenvolvido no projeto-piloto do Integra Zebu, até o momento, constituiu na implantação e acompanhamento de 14 unidades demonstrativas, sendo quatro delas unidades de referência tecnológica, por serem mais voltadas para estudos e levantamentos científicos. Todas as unidades estão em propriedade rurais de 12 municípios da região do Triângulo Mineiro.

Para a safra 2021/2022, outros 10 municípios do estado também vão contar com unidades demonstrativas. Desta vez, na região do Alto Paranaíba. Além disso, também estão sendo implantadas outras 10 unidades nos estados do Mato Grosso, Tocantins e Goiás.

“Receber o convite para participar desse encontro, que reúne grandes lideranças mundiais e debater pauta tão importante, reforça ainda mais a certeza de que estamos no caminho certo. A sustentabilidade é uma das bandeiras da ABCZ, que por meio de programas e ações busca promover uma pecuária cada vez mais produtiva, rentável e alinhada ao meio ambiente. E a nossa participação na COP26 será uma oportunidade de também mostrarmos ao mundo”, comemora Rivaldo Machado Borges Júnior, presidente da ABCZ.

O evento da Organização das Nações Unidas (ONU) reúne desde o último dia 31, no Reino Unido, chefes de Estado e delegações governamentais de cerca de 200 países para discutir ações de combate ao aquecimento global. Os debates vão até o dia 12 de novembro, com metas do Acordo de Paris, assinado em 2015. O acordo é um tratado mundial para reduzir a emissão de gases de efeito estufa para limitar o aumento médio da temperatura global a 2ºC .

Apresentação e parcerias

O convite para compartilhar o resultado do programa, realizado em Minas Gerais, partiu do Ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite. A apresentação do trabalho será transmitida do estúdio do órgão executivo federal, em Brasília, por videoconferência, com ligação direta para a cidade de Glasgow, na Escócia, onde está acontecendo a COP 26.

“O Integra Zebu é um case de sucesso, tanto que vai ser um dos painéis da COP 26. O Ministério do Meio Ambiente gostou da proposta, pois vamos apresentar um modelo de trabalho, um exemplo de ação prática. Teremos quinze minutos de apresentação e depois vamos abrir para o debate”, explica João Gilberto Bento, que fará a exposição. Ele é responsável, na ABCZ, por programas de sustentabilidade.

Segundo o representante da associação, as parcerias têm sido essenciais para o sucesso do projeto. Ele destaca o papel da Emater-MG e dos órgãos de pesquisa participantes. “Os bons resultados são frutos das parcerias dos órgãos de pesquisa, Embrapa e a Epamig, e do trabalho da extensão rural que implanta efetivamente o programa, na propriedade rural”, ressalta.

João Gilberto lembra que a Emater-MG tem um contrato de parceria com a ABCZ, semelhante ao que a empresa tem com as prefeituras mineiras. “Nós definimos um grupo de propriedades, estrategicamente posicionadas, onde está sendo implantada a metodologia. E essas propriedades se dispõem a se abrir para visitas e realização de dias de campo”, conclui.

Emater-MG

O coordenador técnico da Emater-MG, Gustavo Laterza, tem acompanhado bem de perto os resultados positivos do projeto-piloto implantado no Triângulo Mineiro e fala das atribuições da empresa na iniciativa. “Temos um contrato de parceria com a ABCZ, para prestar atendimento aos produtores das unidades selecionadas. O nosso papel é identificar os produtores que desejem participar para implantar de modo participativo as unidades demonstrativas, prestando atendimento e compartilhando o conhecimento da tecnologia dos sistemas de integração, com ênfase em ILP e ILPF. Queremos recuperar o pasto degradado e potencializar o uso da mesma área nas atividades de agricultura, pecuária ou floresta, como o exemplo ocorrido no projeto-piloto no Triângulo, através da produção de silagem de milho”, informa.

O coordenador da Emater-MG confirma a orientação na divulgação da tecnologia, mediante visitas técnicas. “Promoveremos com parceiros os eventos técnicos, como dias de campo e encontros técnicos, por exemplo, para compartilhar o que foi desenvolvido na propriedade”, garante.

Ainda de acordo o coordenador da Emater-MG, o manejo inadequado é uma das principais causas de degradação das pastagens. “A falta de correção do solo, de deficiência na adubação periódica e do estabelecimento inadequado das pastagens, também contribui para este cenário”, diz.

Laterza explica que, um pasto recuperado, mediante a integração com lavoura, amplia a lotação de animais por hectare, favorece a resposta de rentabilidade, por meio do aumento na produção de carne e leite na mesma área, e tem um impacto ambiental relevante, no que se refere ao sequestro de carbono. “Isso gera um sequestro em torno de duas toneladas de carbono por hectare e por ano. Então, o balanço do sequestro de carbono (retirada do gás carbônico da atmosfera) é positivo, num pasto desenvolvido e bem manejado,” informa.

Além da Emater-MG, o Integra Zebu também conta com parcerias da Asbraer, Embrapa, Ministério da Agricultura, Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e outras instituições.

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Fonte:
Emater-MG

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