Mercado da carne bovina em MT está em compasso de espera
Após a identificação de um caso atípico de encefalopatia espongiforme bovina (EEB) em uma unidade frigorífica em Mato Grosso, o mercado de carne mato-grossense segue em observação. Apesar do bom volume de exportações nos primeiros dias de setembro, o cenário ainda está difícil de ser lido, dificultando projeções.
Ontem (15), o Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) declarou que não há previsão para o fim da suspensão de exportação do Brasil para China, Rússia e Arábia Saudita. Os três países barraram a compra de carne bovina brasileira após a oficialização dos dois casos de EEB, popularmente conhecida como “mal da vaca louca”. Além de Mato Grosso, houve um diagnóstico também em Minas Gerais.
A paralisação das exportações para a China foi tomada pelo Mapa de forma preventiva. Mesmo com a confirmação laboratorial de que os dois casos derivavam de uma anomalia genética, e não nutricional, a Rússia optou por suspender as compras do Brasil.
Nesta semana, a Arábia Saudita anunciou bloqueio à carne produzida por cinco plantas frigoríficas de Minas Gerais, sem impacto para Mato Grosso, que segue fornecendo proteína animal ao país sem restrições.
“É um momento de vigilância e espera. Tivemos um mês de agosto aquecido nas exportações, com recorde no volume embarcado. O início de setembro indicava que o ritmo seguiria intenso, mas a suspensão de vendas para a China é um fato muito relevante para Mato Grosso, já que 62% das nossas exportações são destinadas ao mercado chinês”, contextualiza o diretor de Operações do Instituto Mato-grossense da Carne (Imac), Bruno de Jesus Andrade.
A participação da China nas exportações mato-grossenses é realizada por oito das 31 indústrias frigoríficas ativas no estado, que são as unidades habilitadas pelo rigoroso protocolo do governo chinês. Mato Grosso tem o maior rebanho bovino do Brasil e é o maior produtor de carne bovina no País, sendo também o segundo maior exportador.
Com o risco sanitário minimizado após a comprovação de origem genética para os dois casos de EEB, as incertezas são comerciais. “Sabemos que se tratava de duas situações de exceção e esse fato tranquiliza o mercado. Temos protocolos de controle e defesa sanitária sólidos, reconhecidos pela OIE e pelo mercado internacional. Agora, precisamos mensurar os reflexos econômicos”, observa Andrade.
Em agosto, Mato Grosso exportou 50,18 mil toneladas de equivalente carcaça (TEC) de carne bovina. É um número recorde, que correspondeu a uma alta de 20,94% em relação ao volume embarcado em julho. Esse marco foi recebido como boa notícia pelo mercado, já que, de janeiro a agosto, o estado ainda enfrenta uma retração de 5,32% no volume embarcado se comparado ao mesmo período de 2020.
“Por outro lado, a receita com a exportação em 2021 está 7,92% acima da registrada em 2020, sinalizando a valorização da carne bovina mato-grossense no mercado internacional”, pontua o executivo do Imac.
Situação não é inédita. Esta não é a primeira vez em que a EEB paralisou o comércio exterior da carne bovina mato-grossense. Em 2019, um caso da doença foi identificado no estado, também de forma atípica e sem risco sanitário.
As exportações foram imediatamente suspensas, como prevê o protocolo de controle sanitário da OIE. O fato teve como consequências a queda nas cotações de boi gordo, a redução na escala de abate dos frigoríficos e uma pequena retratação nas exportações (de apenas 1,13%).
Em 2019, a suspensão nas exportações durou 10 dias. Neste ano, já são 12 dias de bloqueio. O Mapa informa que todas as informações técnicas foram enviadas para os governos da China, Rússia e Arábia Saudita, mas não é possível precisar em quanto tempo haverá resposta de cada país. O mercado, assim, segue em compasso de espera.
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