RS passa a ofertar cerca de 12 milhões de bovinos livres de febre aftosa sem vacinação
O novo status sanitário do Rio Grande do Sul e Paraná e dos Estados do chamado Bloco 1 – Rondônia, Acre e municípios do Amazonas e do Mato Grosso – beneficia toda a cadeia de proteína animal. O anúncio da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), de reconhecimento destas regiões como zonas livres de febre aftosa sem vacinação ocorreu na manhã desta quinta-feira (27 de maio).
Apenas no setor de bovinos, as regiões terão oferta de cerca de 40 milhões de cabeças de gado de área livre de febre aftosa sem vacinação. Do total, cerca de 12 milhões de cabeças são do RS. “O volume de bovinos sem vacinação que o Brasil coloca no mercado é maior do que todas as áreas livres sem vacinação dos países da América do Sul, que contempla o território do Chile e do Peru e áreas da Argentina e da Bolívia”, explica Gilson Renato Evangelista de Souza, atual responsável pelo Programa Nacional de Vigilância para Febre Aftosa (PNEFA) na Superintendência Federal de Agricultura no Rio Grande do Sul (SFA-RS).
A indústria de carne bovina terá acesso a mercados que exigem elevado status sanitário, como Coreia do Sul, Japão, Chile, Filipinas e Estados Unidos. Além disso, o reconhecimento da OIE beneficia os setores de aves e suínos, com a comercialização de miúdos e carne com osso. As empresas poderão aumentar o valor agregado e o volume exportado para destinos tradicionais, além de abrirem negociações com mercados mais exigentes, explica Alicia Appel Farinatti, chefe do Serviço de Fiscalização de Insumos e Saúde Animal-SISA/SFA-RS.
“No campo técnico, a certificação eleva o status de controle. E é resultado do trabalho dos serviços oficiais do Estado e em nível federal, dos auditores agropecuários, que acompanham e inspecionam a implementação do programa nacional”, explica Helena Pan Rugeri, superintendente do Ministério da Agricultura no Estado. Para isso, os Estados tiveram de adotar medidas para se candidatarem à certificação, como a elaboração de planos de contingência, em caso de incidência da doença.
Os esforços para acabar com o surto de febre aftosa no Estado, no começo dos anos 2000, ainda estão na memória de Helio Pinto, auditor aposentado há quatro anos. Agora, comemora a decisão da OIE. “A exemplo de Santa Catarina, produtores e indústrias do Rio Grande do Sul irão alcançar mercados mais vantajosos, o que vai beneficiar toda a cadeia produtiva com o ingresso de recursos”, diz.
Bernardo Todeschini, que hoje é adido agrícola do Brasil na União Europeia, comenta a mudança de status. “É uma grande oportunidade para mudar a perspectiva de fiscalização e vigilância para um nível mais avançado”, diz. Para Todeschini, o reconhecimento da OIE representa a remoção de um obstáculo ao empreendedorismo. “Passará a empreender sem o limite que a vacina impõe, e poderá direcionar a produção para um mercado específico, como o que consome carne alimentado a pasto”, exemplifica.
O novo status é uma conquista coletiva que necessita de atenção permanente, considera Soraya Elias Marredo, delegada do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários no Rio Grande do Sul (DS-RS ANFFA). E reforça a necessidade de atenção às demandas por pessoal, treinamento e capacitação e de veículos para as equipes de fiscalização. “Quem deseja se manter em patamar sanitário elevado tem de se manter vigilante. Isso inclui recursos materiais e humanos, por meio de concurso para auditores fiscais. É preciso considerar que serão novos mercados, novas exportações, o que é muito positivo, pois vai movimentar toda a cadeia produtiva ao mesmo tempo em que aumenta nossa responsabilidade”, explica Soraya.
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