Flutuação do valor da arroba do boi pode ser entrave nas tomadas de decisões
A alta do mercado de grãos, as oscilações da arroba do boi e a seca que inicia neste mês de maio são fatores que interferem diretamente no sucesso ou fracasso da atividade da pecuária de corte. Por conta dessa instabilidade atual, uma das dúvidas dos produtores rurais é terminar de engordar o boi dentro da propriedade ou vender para o confinamento? Se levarmos em conta que a alimentação do animal representa 40% do custo total de produção, decidir qual caminho escolher pode ser decisivo neste momento.
Para ter certeza qual operação é mais viável, é necessário que o produtor faça uma análise de viabilidade do negócio com o máximo de informações possíveis como: fluxo de caixa, expectativa da arroba futura, análise de risco, além dos dados zootécnicos do seu rebanho. A zootecnista e especialista em produção animal, Carolinne Mota, afirma que cada propriedade deve ser avaliada em questão.
Ela explica que se for necessária a estruturação física da fazenda para a engorda é importante levar em consideração esse investimento inicial que é alto. “Mas, se a estrutura já existir é possível sim buscar alternativas, principalmente de subprodutos, que substituam, mesmo que parcialmente, os grãos nobres como milho e farelo de soja, reduzindo assim o maior desembolso da engorda”, diz.
O primeiro passo é decidir sobre as dietas a serem fornecidas e as matérias primas que serão utilizadas durante o confinamento. Carolinne afirma que ser pego de surpresa no meio do confinamento, com a falta de alguma matéria prima, pode levar os resultados do negócio ao fracasso. “Por isso, o mais importante é estimar a quantidade necessária para o período e já realizar contratos de fornecimento ou formas de estocagem”, orienta a especialista.
Sucesso no processo de engorda
O segredo de todo sistema de engorda é alinhar dietas bem balanceadas com matérias primas de qualidade, rotina de manejo, disponibilidade e qualidade de água, protocolos sanitários bem ajustados e, principalmente, controle do bem estar dos animais. “Não adianta em nada fornecer a melhor ração do mercado e não ter rotina e leitura de cocho. São muitos os fatores que devem ser ajustados nos mínimos detalhes para evitar os riscos de perdas”, alerta a especialista.
Carolinne avalia que se planejar é o segredo, pois assim, o pecuarista não ficará à mercê do preço da arroba flutuante na hora da venda, o que garante a segurança financeira ao confinamento. “Por exemplo, se a arroba produzida for de R$170,00, o produtor não precisa se preocupar com o preço de venda, pois qualquer valor acima do seu custo será lucro, e quanto mais melhor”, diz.
Estratégias para aumentar o lucro na atividade
A adubação de pastagens é uma forma clássica de aumentar o número de arrobas por hectare e consequentemente o lucro. Aliado a isso, já existem tecnologias nutricionais no mercado que possibilitam aumentar a lotação por hectare. “Uma delas é a utilização de proteinados de alto consumo ou até mesmo rações de dieta total na qual o animal consegue comer em torno de 2% do peso vivo diariamente. Um animal que come 2% do peso em ração quase não tem ingestão de pasto, possibilitando assim ampliar a lotação da fazenda”, explica a zootecnista.
A profissional acrescenta ainda que isso só é possível pela inclusão de alimentos fibrosos como, por exemplo, a torta de algodão e combinações de aditivos que evitem os riscos de acidose e potencializam os ganhos de peso. “Essa estratégia de confinamento a pasto vem ganhando força, já que não é necessário uma estrutura de currais de confinamento e produção de silagem e os animais tem demonstrado melhores ganhos de peso porque o ambiente a qual são acostumados não muda”, salienta ela.
Faça as contas antes de qualquer decisão
A especialista pontua ainda que uma conta simples pode levar o produtor a fazer a melhor escolha neste momento. “Para saber se é mais viável vender o animal magro ou engordar basta somar o lucro obtido na engorda com o preço do animal magro e dividir pela quantidade de arrobas do animal magro”, ensina a zootecnista.
Ela diz que esse resultado será o valor que a arroba do boi magro precisa ser vendida, ou seja, se o valor encontrado for possível de vender no mercado é mais viável vender o animal magro, mas se esse valor for fora da realidade do mercado é recomendada a engorda desse animal.
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