Febre Aftosa: Brasil inicia campanha de imunização e amplia discussão sobre a retirada da vacina
O Brasil deve vacinar em maio 170 milhões de animais contra a febre aftosa durante a primeira etapa da campanha nacional de imunização de 2021. Serão imunizados bovinos e bubalinos de todas as idades na maioria dos 21 Estados, entre os quais São Paulo, que tem como meta vacinar 10,5 milhões de bovídeos.
Segundo informações da Divisão de Febre Aftosa da Secretaria de Defesa Agropecuária, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a retirada da vacina contra a febre aftosa prevista para 2021 foi suspensa em decorrência da pandemia do novo coronavírus.
Entretanto, o País recebeu parecer favorável da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) para reconhecimento dos estados do Paraná, do Rio Grande do Sul e do Bloco I (Acre, Rondônia e parte do Amazonas e do Mato Grosso) como zonas livres de febre aftosa sem vacinação. Em maio, o tema será avaliado durante a 88ª Sessão Geral da Assembleia Mundial dos Delegados da OIE.
Para o presidente eleito para a gestão 2021-2024 do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), médico-veterinário Odemilson Donizete Mossero, para a retirada da vacinação é necessário que sejam cumpridas todas as etapas preconizadas no Programa Nacional de Erradicação da Febre Aftosa (Pnefa), com a participação efetiva e engajamento das entidades do Agronegócio, dos produtores e dos governantes.
“É preciso o fortalecimento contínuo dos serviços de defesa e vigilância sanitária animal, incluindo a ampliação do quadro de profissionais; a disponibilização de infraestrutura, equipamentos e veículos adequados; a reorganização dos postos de fiscalização; e a reorganização de estudos e monitoramento epidemiológico, especialmente de áreas fronteiriças”, pontua o presidente eleito do CRMV-SP.
Impactos da retirada da vacinação
A vacinação visa manter a imunidade do rebanho em um nível alto, enquanto todas as etapas necessárias para a retirada da vacina em cada bloco sejam atendidas, conforme previsto pelo Pnefa. Impedindo assim uma reintrodução da doença.
Com a retirada da vacinação, há uma expectativa pelo maior reconhecimento internacional do trabalho desenvolvido em relação à erradicação da febre aftosa no Brasil. “Isso se traduz na ampliação de mercados importadores de carne e outros produtos dessa indústria. Também se espera uma redução de custos para o sistema produtivo, pois os gastos com a vacina e o manejo do gado também sairão da rotina dos produtores”, explica Fábio Paarmann, integrante da Comissão Técnica de Saúde Animal do CRMV-SP.
Para Mossero, alcançar esse status significa que todo o trabalho que envolve o sistema de Defesa Sanitária Animal do País está funcionando. Que a integração entre atividades oficiais e da iniciativa privada está ocorrendo, e que os produtores e as comunidades locais estão envolvidos.
“Como consequência, haverá ganhos em credibilidade internacional não só para o Programa Nacional de Erradicação da Febre Aftosa, mas para todos os programas oficiais implantados na agropecuária brasileira”, avalia o presidente eleito do CRMV-SP.
Com o avanço dessa nova fase e das maiores garantias sanitárias na qualidade do produto, ampliam-se as chances de negociação e o valor final agregado. “Além disso, o valor atualmente utilizado pelos produtores para a imunização dos rebanhos poderá ser revertido na ampliação dos investimentos em novos programas de saúde animal ou mesmo em melhoria na infraestrutura da produção”, conclui Mossero.
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