Boi: Pesquisa de programação fetal avalia potencial de engorda dos bezerros
Uma pesquisa desenvolvida pela Apta (Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios), órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, quer avaliar o crescimento e desenvolvimento muscular dos bezerros com a nutrição fetal adequada.
Ainda que embrionário, o projeto pretende mostrar o quão imprescindível é a programação fetal do rebanho de cria para trazer níveis reprodutivos cada vez melhores, garantindo uma pecuária lucrativa e eficiente.
Conforme explica o pesquisador, Gustavo Resende Siqueira, da Apta, a gestação dos bezerros geralmente coincide com o período da seca, onde normalmente as vacas costumam perdem peso pela falta de pasto. “É importante garantir uma boa nutrição as fêmeas nesse momento, e agora queremos avaliar se uma suplementação proteica vai garantir animais com características que potencializam a engorda”, diz.
Já é conhecida a importância dessa nutrição materna durante a gestação, contudo, a pesquisa ressalta a necessidade de intensificação da alimentação proteica da matriz, durante o terço médio e final da gestação, uma vez que a capacidade de desenvolvimento das crias é determinada pela quantidade do número de fibras musculares existentes em sua estrutura corpórea.
A maior parte do desenvolvimento do feto no útero da vaca ocorre no último terço da gestação e, evidentemente, há maior exigência por nutrientes. Em função disso, por muito tempo os seis meses iniciais não foram devidamente valorizados. Hoje, sabemos que isso é um erro, pois deficiências nutricionais nessa fase podem resultar em alterações que serão determinantes nas próximas fases da vida do animal.
A partir de maio, os animais que passaram pelo processo de programação fetal seguiram para engorda, onde efetivamente os resultados da pesquisa serão comprovados. Segundo Siqueira, o gado será terminado no sistema do boi 777, também uma tecnologia de ganho de peso desenvolvida pela Apta, que tem como premissa a formação de 7@ em cada fase do ciclo pecuário, totalizando um animal de 21@ em 24 meses.
A pesquisa quer comprovar que a programação fetal influi no número e tamanho de adipócitos (células de gordura) e no tipo de fibras musculares. Assim, podendo resultar em maior ou menor marmoreio e até em diferenças na conversão alimentar dos animais.
Um projeto parecido também está sendo desenvolvido na fazenda Casa Branco Agropastoril, no sul de Minas Gerais. A propriedade - que já é referência em genômica de bovinos -, quer associar seus projetos de tecnologia de gado de elite com mais essa iniciativa de melhoramento dos animais para obtenção de produtividade.
Pecuária do Conhecimento
Outro importante projeto conduzido pelo Polo Regional de Desenvolvimento de Tecnologias dos Agronegócios da Alta Mogiana, localizado em Colina, no interior de São Paulo, em parceria da Phibro Saúde Animal, capacita os pecuaristas no uso de tecnologias que vão potencializar renda da atividade.
O curso, criado para divulgar o conceito do Boi 7-7-7, busca potencializar a qualidade da carne produzida no Brasil, gerando maior rentabilidade do produtor e um produto adequado aos frigoríficos.
O sistema é baseado sobre quatro aspectos: genética, manejo, nutrição e pasto. De acordo com o pesquisador, Flávio Dutra de Resende, da Apta Alta Mogiana, “a ideia é gerar um animal de qualidade, jovem, com bom acabamento, para atender à pluralidade do mercado”.
Enquanto a média nacional é de cinco arrobas por hectare por ano, o Boi 7-7-7 chega a alcançar mais de dez arrobas hectare por ano. Assim, através do projeto, os pecuaristas participam do curso e podem aplicar o conceito em suas propriedades.
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