Desvalorização da arroba não garante menor preço à carne no varejo
O valor da arroba do boi gordo encerrou janeiro com o menor índice desde 2012. A queda dos últimos meses, porém, não garante ao consumidor menor preço nas gôndolas. Desde 2005 até hoje, o preço médio do quilo da carne no varejo subiu 284% e chegou a R$ 21,84/kg, enquanto o produtor recebeu apenas 1,5 vezes mais pela arroba. Uma diferença de 127% entre a saída do boi da propriedade até a sua chegada na mesa do consumidor. Para o diretor executivo da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari, o cenário não é uma surpresa. “É uma irresponsabilidade o que varejo faz em Mato Grosso. A confiança do consumidor final é testada diariamente com a prática de preços cada vez maiores, sem respeitar as margens da cadeia, levando o cliente ao limite. A população mato-grossense deveria estar consumindo carne com a mesma qualidade por preço menores, não fosse essa política”, afirma Vacari.
Do campo à mesa, o boi passa por três etapas – produção, o atacado e o varejo. Há cinco anos o mercado tinha um preço médio da carne de R$13,12, o que significava uma arroba de R$ 196,80, enquanto no atacado a mesma medida valia R$94,64/@ e para o pecuarista, R$ 84,50/@. Uma diferença de 60% de preço, do produtor até o consumidor. Entre atacado e o varejo, a janela de lucro era de 48%. No fechamento das primeiras semanas de fevereiro/17, em comparação a fevereiro de 2012, essa diferença total dobrou e o preço médio da carne aumentou R$8,72/kg para o consumidor. O lucro do atacado para o varejo ficou em 100%, ou seja, 3 vezes maior. “Não há explicação técnica para todo esse aumento dos últimos anos. De todos os elos da cadeia, o varejo tem aumentado as margens, enquanto o produtor tem recebido menos por isso. Em dezembro, o consumidor pagou o maior preço histórico pelo quilo da carne bovina”, reforça Vacari.
Segundo dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA), o preço da arroba do boi gordo registrou queda pelo terceiro mês consecutivo em janeiro, fechando o mês com valor médio de R$ 127,19/@, 0,48% a menos do que a média de dezembro/16. O diretor executivo alerta para que o consumidor fique atento. “É importante que ele pesquise, avalie e compre com quem tem a melhor condição. Esse comportamento impacta diretamente no preço. A sustentabilidade da cadeia produtiva da carne, depende do equilíbrio do mercado e da coerência de valores entre esses elos – mercado, frigorifico e produtores”, ressalta Vacari.
Com o maior rebanho do país, com 30,2 milhões de cabeças, Mato Grosso produz mais de um milhão de toneladas de carne bovina. Desse total, 20% são destinados ao mercado internacional e 80% para o mercado interno.
0 comentário
Scot Consultoria: A cotação subiu nas praças paulistas
Suspensão das compras do Carrefour na França vai impactar carne bovina brasileira ou é apenas marketing sem efeito prático
Radar Investimentos: Escalas de abate mais curtas dos frigoríficos vêm sendo fator decisivo para impulsionar os preços
Boi/Cepea: Altas seguem firmes; escalas são ainda menores que em outubro
Scot Consultoria: Alta na categoria de fêmeas em SP
Brangus repudia veto do Carrefour à carne do Mercosul