Crise faz consumo de carne cair no segundo trimestre

Publicado em 20/09/2016 08:06

O volume de bovinos abatidos no segundo trimestre reflete a queda do consumo de carne bovina no País, segundo analistas. Na quinta-feira (15), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o país abateu 7,63 milhões de cabeças de bovinos sob algum tipo de serviço de inspeção sanitária no segundo trimestre de 2016. O montante é 0,05% menor do que o registrado no segundo trimestre de 2015. A expectativa era de uma leve alta em relação ao ano passado, acompanhando o aumento natural da população e também porque, em 2015, frigoríficos haviam paralisado unidades que voltaram a produzir este ano.

A queda observada para o volume total de animais, em relação ao ano passado, tem como causas a queda da capacidade de absorção de carne pela demanda interna e a desvalorização do dólar nos últimos meses, afirmou a analista Lygia Pimentel, sócia-diretora da AgriFatto. “Com as margens estreitas, os frigoríficos tiraram o pé do acelerador ainda mais, em um movimento complementar ao que vimos no ano passado (paralisação e fechamento de plantas)”, disse.

“Durante o primeiro semestre, os frigoríficos mantiveram a mesma quantidade de abates, com uma arroba mais valorizada e amargaram margens ruins”, disse o analista Caio Toledo da FCStone. Ele projeta uma queda para os abates do terceiro trimestre devido à limitada oferta de animais e ao movimento de frigoríficos de “enxugar seus estoques”.

A proporção de fêmeas (vacas e novilhas) nos abates do trimestre caiu, com uma participação de 40%, ante 42% registrada no segundo trimestre de 2015. “É o quarto ano consecutivo de queda da proporção de fêmeas abatidas para o segundo trimestre”, disse Lygia. “Esse movimento reforça novamente o incremento da capacidade de produzir bezerros, algo que deverá ser sentido sobre os preços do boi gordo nos próximos anos”. Já Toledo avalia que a queda é justificada pelo preço alto do bezerro. Segundo ele, os valores pagos pelos animais de reposição começam a se estabilizar, mas a tendência é de que voltem a cair. “Poderemos ver a participação de fêmeas voltar a crescer no próximo ano”, disse.

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Gazeta do Povo

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