Redução do rebanho nos EUA deve favorecer Brasil, avalia CNA
A produção da pecuária de corte do Brasil, que tem hoje nos Estados Unidos seu principal concorrente, pode assumir a primeira posição no cenário internacional nos próximos anos, já que o mercado norte-americano vem passando por redução do seu rebanho, influenciado pelo abate de matrizes e pelas fortes secas que comprometeram o setor produtivo naquele território. Como os EUA consomem mais que produzem, houve a necessidade de eles se abrirem para importar o produto de outras nações, dentre elas o Brasil.
Levantamento do Departamento de Agricultura dos EUA indica que o setor produtivo mundial de carne bovina chegará a 59,7 milhões de toneladas equivalentes em carcaça. No ranking, a produção brasileira detém 17% de todo o planeta, sendo superada apenas pelos EUA, que respondem por 19%. Mesmo assim, em 2014, o mercado nacional liderou as exportações com 21% das vendas externas.
“A abertura dos EUA, da China e da Arábia Saudita à nossa carne bovina in natura deve favorecer ainda mais nossas exportações e estimular nossa produtividade. E isto vai acontecer tanto em sistemas semi-intensivos como intensivos de pastagens”, salienta Rafael Linhares, assessor técnico da Confederação Nacional de Agricultura (CNA). Ele acredita que a pecuária de corte do País também vá crescer favorecida pela boa nutrição do gado aliada à melhoria genética e à sanidade sob controle.
“As negociações para a abertura do mercado dos EUA para nossa carne bovina in naturaavançaram recentemente. As negociações estão em curso há 15 anos e a participação da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Kátia Abreu, foi essencial para o avanço deste diálogo”, comenta Linhares.
DECISÃO
Segundo o assessor técnico da CNA, com a publicação da “final rule” (decisão final), no último dia 2 de julho, os EUA atestaram que a carne brasileira atende aos padrões norte-americanos de saúde animal e ainda afirmaram que “nosso País é capaz de cumprir com seus requisitos de certificação”. É um passo importante para que, nos próximos anos, o Brasil assuma também a liderança deste setor produtivo, até porque a demanda pela carne nacional deve subir.
“Esta decisão autoriza a exportação de 13 Estados, mais o Distrito Federal. São eles: Bahia, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Rondônia, São Paulo, Sergipe e Tocantins. Entretanto, para que a abertura do mercado de fato ocorra, ainda ficaram pendentes as análises de saúde pública”, alerta o assessor técnico da CNA.
Linhares também ressalta outro dado que envolve aquele mercado, reforçando a importância de estreitar laços comerciais com o mercado norte-americano. “Os EUA foram o principal destino para a carne bovina industrializada brasileira, somando US$ 224 milhões em 2014. Este valor representa um aumento de 179% em relação ao ano 2000.”
VALOR BRUTO DE PRODUÇÃO
O boletim do Valor Bruto da Produção da carne bovina de modo geral, no Brasil, calculado pela Confederação Nacional de Agricultura para julho, estima uma quantia em torno de R$ 89,3 bilhões. No entanto, a CNA acredita que esta possa ser superada em 13%, se quando comparada ao VBP de 2014, considerando os preços reais, deflacionados pelo IGP-DI (Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna).
“Este crescimento substancial se deve à expectativa de aumento nos preços da carne bovina. Por isso, a CNA projeta crescimento de 11% nos preços e de 2% na produção. Dentre os itens da pecuária, a bovina é disparada a cadeia que deve representar o maior crescimento do setor”, ressalta Linhares.
Comparativo do setor pecuário entre Brasil e EUA
Por equipe SNA/RJ
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