Demagogia no pé – Quer se libertar? Vá para Tuiuti ou para Nilópolis, no colo de Anísio Abraão David, bicheiro de protesto

Publicado em 15/02/2018 19:59
Comissão de Frente da Paraíso do Tuiuti: segundo o enredo, a escravidão ainda está por aí, e a reforma trabalhista é uma das suas manifestações. Demagogia barata (por REINALDO AZEVEDO)

Até carnavalesco já aprendeu que é preciso “apelar ao social” e gritar contra a política e os políticos se quiser ter, como diz a blague, aquele “plus a mais” que vai fazer a diferença entre os jurados. Também na avenida, a demagogia triunfa sobre a técnica, a estética e, pois, na rima sem solução, sobre a ética. Curioso: assistimos a um “Carnaval politizado” na terra do “direito carnavalizado”. No país em que juízes não portam a bandeira da Constituição e em que ministros do Supremo manipulam os códigos legais como se fossem alegorias de mão, faz sentido assistir à premiação da discurseira pedestre, com samba no pé…

A escola que venceu o desfile do Rio, o principal do país, foi a Beija-Flor, com o samba-enredo “Monstro É Aquele Que Não Sabe Amar (Os Filhos Abandonados da Pátria Que Os Pariu)”. O trocadilho dispensa tradução. Lá estão estes versos:
“Ganância veste terno e gravata
Onde a esperança sucumbiu
Vejo a liberdade aprisionada
Teu livro eu não sei ler, brasil!
Mas o samba faz essa dor dentro do peito ir embora
Feito um arrastão de alegria e emoção o pranto rola
Meu canto é resistência
No ecoar de um tambor
Vêm ver brilhar
Mais um menino que você abandonou”.

No “terno e gravata”, vai a referência óbvia às ditas elites e aos políticos. É mesmo? Venham cá: nos morros, de onde provêm a maioria das escolas, e nas periferias, de onde vem a Beija-Flor, os, digamos assim, “locais” conseguiram fazer um sistema mais justo do que aqueles que se transformaram em alvos do samba-enredo? O presidente de honra da Beija-Flor é o bicheiro Anísio Abraão David. No dia 7 de junho do ano passado, ele comemorou seus 80 anos numa festa de gala no Museu de Arte Moderna do Rio. Todos os engravatados estavam lá.

Anísio é um veterano de investigações da Polícia Federal — foi protagonista de ao menos três delas. Seu irmão, Farid Abraão David, exerce o terceiro mandato à frente da Prefeitura de Nilópolis. Ricardo Abraão, seu sobrinho, já foi deputado estadual. Simão Sessim, seu primo, exerce o 10º mandato de deputado federal. O filho de Simão, Sérgio, também já foi prefeito da cidade que abriga a escola. Mas, obviamente, a culpa pelas misérias do país — e do Rio — é dos outros engravatados. O júri se deixou comover por uma comissão de frente que simulava vítimas de balas perdidas. Afinal, se nada mais há a fazer, que se carnavalize a tragédia e se ouça: “Deeeeezzzz”.

Abraão David agora é também da ala das vítimas.

Por um décimo
Por um décimo, a Paraíso do Tuiuti não empatou em pontos com a Beija-Flor. Seu samba-enredo: “Meu Deus, meu Deus, Está extinta a escravidão?” A letra do dito-cujo, obviamente, conclui que não.

Lá está esta maravilha:
“Meu Deus! Meu Deus!
Se eu chorar não leve a mal
Pela luz do candeeiro
Liberte o cativeiro social

Não sou escravo de nenhum senhor
Meu Paraíso é meu bastião
Meu Tuiuti, o quilombo da favela,
É sentinela da libertação”

Uma das alas da escola protestava contra a reforma trabalhista, associada, ora vejam, ao trabalho escravo. Não é coisa do morro, mas de algum subintelectual esquerdista e pé-de-chinelo por lá infiltrado. Afinal, a dita reforma vai servir para garantir direitos a milhões de trabalhadores informais. Portanto, terá um efeito contrário ao anunciado pela escola.

A demagogia e o populismo também levaram para a avenida boneco do presidente Michel Temer, caracterizado como vampiro. Nas redes, as esquerdas babavam de satisfação. E lá se ouvia o samba-enredo: “Pela luz do candeeiro, liberte o cativeiro social”. Candeeiro? Temer é o presidente que reestruturou o setor elétrico, que Dilma Rousseff havia quebrado, o que nos livrou de um apagão, aí não for falta de água da chuva. A luz está garantida. Seja a regular, sejam os tais “gatos”, muito comuns nos morros do Rio.

O autor do samba-enredo da Tuiuti não aprendeu nada. Na década de 60, uma música de protesto chamada “Morro (Feio não é bonito)” cantava:
“Feio, não é bonito
O morro existe
Mas pede pra se acabar”.

A música é de Carlos Lyra, e a letra, de Gianfrancesco Guarnieri.

Segundo os sábios do Tuiuti, o feio não é apenas bonito: a favela, agora, é sentinela da libertação. Todos amarrados, claro!, ao tronco da CLT, já que os valentes são contra a reforma trabalhista.

Mas os jurados acharam aquilo tudo uma lindeza, e os esquerdistas deram plantão do Twitter. Convenham: nada é tão doce, tão fácil e tão politicamente correto como resolver as misérias do Brasil com um sambinha, não é mesmo?

Que tempos estes! Juízes do Supremo se comportam como carnavalescos, e carnavalescos, como juízes do Supremo. Inclusive do Supremo Saber.

Você quer se libertar, amigo? Corra para o Morro do Tuiuti. (REINALDO AZEVEDO)

Sim, você pagou parte do avião de Huck e de outros milionários. O programa que permite a maravilha é obra de Lula e do PT!

Você anda algo desconfiado de que pagou parte do avião do apresentador de televisão Luciano Huck e de sua mulher, Angélica, também apresentadora? Bem, não posso condená-lo por isso porque, como direi?, isso é mesmo verdade.

Lá vou eu ter de falar da tal aeronave comprada por Huck com financiamento do BNDES. Alguém dirá que o tema é velho. Não é não. E não é justamente porque se trata de algo muito antigo. Diria que remonta à época das capitanias hereditárias. Se há coisa que não envelhece no Brasil é esse nosso jeitinho de fazer com que os pobres financiem o luxo dos bacanas. Parece conversa de esquerdista? Pois não é! Ninguém opera tão bem essa transferência como as esquerdas. Só para dar um exemplo: sabem a reforma da Previdência, que os comunas rejeitam? Os únicos beneficiados pelo atual sistema são os servidores que ganham altos salários. A pobrada come poeira. É o pobre financiando o rico.

Volto a Huck. Ele comprou o tal avião segundo as regras de um troço chamado “Programa de Sustentação do Investimento”. É conhecido pela sigla “PSI”. Ele não cometeu nenhuma ilegalidade. Em 2013, recorreu a um empréstimo de R$ 17,7 milhões para comprar um jatinho da Embraer. Tal financiamento faz parte de uma linha de crédito chamada BNDES Finame (Financiamento de Máquinas e Equipamentos). A beneficiária foi a Brisair Serviços Técnicos e Aeronáuticos Ltda, de que ele e sua mulher, Angélica, são sócios. O Itaú foi a instituição financeira que intermediou a operação. Os juros do empréstimo foram de 3% ao ano, com 114 meses de amortização para o pagamento.

Certo!

Vamos ver antes que diabos é esse tal “PSI”. Se você quiser mais detalhes, está aquiTranscrevo trecho do que vai na página do BNDES:
O Programa de Sustentação do Investimento (PSI), criado em 2009 e operado por meio de repasses do BNDES, e, posteriormente, a partir de 2011, operado também pela Finep Finep, busca estimular a produção, aquisição e exportação de bens de capital e a inovação tecnológica.
As operações de financiamento a planos de negócios em inovação são realizadas exclusivamente pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP).
A Media Provisória nº 663, de 19 de dezembro de 2014, alterou a Lei n° 12.096/2009 elevando o limite de financiamentos subvencionáveis pela União até o montante de R$ 452 bilhões, além de estender o prazo para concessão desses financiamentos para 31 de dezembro de 2015.

O “PSI”, como a gente nota, é filho genuíno do governo do PT, mais especialmente de Lula. Foi criado no penúltimo ano de seu segundo mandato. Deve ter sido uma das ideias do iluminado Guido Mantega. O programa se divide em dois grupos: o das “Grandes Empresas” e o das “Micros, Pequenas e Médias”. Bem, até aí, vá lá.

Em qualquer caso, o seu sentido, está lá escrito, é a “inovação”. Que inovação? Ora, a tecnológica. Isso justificaria, então, os juros subsidiados. Afinal, a correção ficava abaixo da TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo), de 6,75%, referência do BNDES até o ano passado. Mais: há uma outra diferença entre a TJLP e Taxa Selic, que é aquela que o Tesouro paga para captar recursos no mercado. No período de vigência do financiamento para Huck, a taxa média anual da Selic foi de 10,8%.

Em síntese: o populacho brasileiro, por meio do Tesouro, tomou dinheiro do mercado a 10,8% ao ano. O BNDES emprestou a Huck e a milhares de outros a taxas bem mais baixas. Quem pagou a diferença? O mesmo Tesouro — ou seja, todos nós. Parte do avião do rapaz é nossa. A gente só não pode gozar daquele conforto.

Eis aí: essa foi uma das maravilhas da era petista. As esquerdas foram as primeiras a acusar a mamata de que Huck foi beneficiário. Ocorre que ele não foi o único. Sob o pretexto de se apoiar inovação tecnológica, criou-se o “Bolsa Avião”. Para quem pode comprar avião, ora essa, ainda que a juros subsidiados, pagos pelos desdentados sem direito nem a ônibus.

O pobretão que quiser financiar a compra de um carro usado vai arcar com juros bancários. E ponto final.

Quem manda ser pobre? Fosse multimilionário, teria acesso ao tal “PSI” e poderia investir em tecnologia nas asas de um jatinho, pago, em boa parte, pela brasileirada, cujo salário médio é de R$ 2.100.

Não! Não foi a direita da “exclusão social” que criou essa maravilha!

Foi o PT.

Huck voa nas asas que lhe foram dadas pelos petistas.

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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo

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