RECESSÃO: Economia brasileira ainda não atingiu fundo do poço, avalia mercado

Publicado em 28/08/2015 21:35
em veja.com

Quem está preocupado com a condição dos trabalhadores e dos brasileiros mais pobres precisa ficar de olho em dois índices.

Mesmo após amargar a segunda queda trimestral seguida do Produto Interno Bruto (PIB), a economia brasileira deve continuar patinando nos últimos dois trimestres do ano, segundo economistas consultados pelo site de VEJA. Nesta sexta-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a economia do país retraiu 1,9% no entre abril e junho e 0,7% entre janeiro e março, levando o país a entrar em um quadro de recessão técnica - quando há dois trimestres seguidos de baixa. A queda nos investimentos, aliada ao baixo nível do consumo das famílias - que despencou 2,1% no segundo trimestre -, devem continuar a frear o crescimento até o final de 2015.

"O próximo trimestre será o fundo do poço para a economia brasileira, com queda de 0,2%. Já no último trimestre, devemos ficar perto da estabilidade", prevê Thaís Zara, economista-chefe da Rosenberg Associados. No final do ano, a consultoria estima uma retração de 2,5%, maior do que os 2,06% de recuo esperados pelo mercado. Para 2016, a estimativa da Rosenberg é de baixa de 0,5%, também mais pessimista do que os 0,24% projetados no último boletim Focus, do Banco Central (BC). Se a economia fechar no vermelho por dois anos seguidos, será a primeira vez que isso acontece na história do país desde que o PIB passou a ser calculado pelo IBGE, em 1948. Segundo os economistas consultados, uma retomada do crescimento deve ocorrer somente a partir de 2017.

O Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (IBRE/FGV) também prevê que o PIB voltará a fechar no vermelho no terceiro trimestre e melhorar um pouco no quarto trimestre. Para o ano todo, o instituto calcula um encolhimento no PIB da ordem de 2,06%. "A economia vai piorar um pouco antes de se recuperar, e essa retomada será lenta e gradual", avaliou o pesquisador do IBRE/FGV Regis Bonelli. Segundo ele, devido ao "carregamento estatístico" de 2015, o PIB do próximo também deve ter uma ligeira queda.

Bonelli ainda é enfático em dizer que o Brasil está em recessão desde o segundo trimestre de 2014. "Possivelmente, esse quadro vai durar sete trimestres, sendo o período mais longo de recessão já visto", avalia. No começo do mês, o Comitê de Datação de Ciclos Econômicos (Codace), da FGV, divulgou um documento em que identificou a ocorrência de um pico no ciclo de negócios no primeiro trimestre de 2014, que representou o fim de uma expansão econômica que durou 20 trimestres - entre o segundo trimestre de 2009 e o primeiro de 2014. Para o Codace, a fase cíclica, marcada pelo declínio na atividade econômica de forma disseminada, é denominada recessão.

O economista Gesner de Oliveira, sócio da GO Associados, aponta três razões para a baixa do PIB. Primeiro, a sucessão de "equívocos" cometidos pelo governo Dilma Rousseff na condução da economia, desde subsídios concedidos a setores específicos ao descontrole da política monetária. Segundo, o modelo de crescimento calcado no consumo se esgotou. "O endividamento das famílias e da concessão de crédito chega a um limite. Não tem como continuar crescendo". E terceiro, o fator externo, de queda no preço das commodities e da perspectiva de desaceleração econômica da China, principal parceira comercial do Brasil.

"Não é possível continuar com o que vinha acontecendo - empréstimos subsidiados pelo BNDES, controle artificial dos preços, contabilidade criativa. É como se você tivesse tampado a válvula de escape da panela de pressão. Ou você tira o dedo ou ela explode", afirma Gesner.

Luz no fim do túnel - Os economistas também são unânimes em dizer que a retomada pelo menos está no horizonte, ainda que não no curto prazo. "Não há mais chance de o consumo crescer devido à alta do inflação e do desemprego. As exportações podem ajudar um pouco por causa do câmbio favorável, mas não é suficiente para puxar toda a economia. Vai depender mesmo de quando as empresas começarem a investir", avalia Gesner, destacando a importância de por em prática o programa de concessões anunciado pelo governo no primeiro semestre.

Os investimentos caíram pelo oitava vez seguida no segundo trimestre deste ano e chegaram ao menor nível desde 1996. "O governo não tem mais a bala na agulha de antes", disse Bonelli, referindo-se ao último trimestre de 2008 e ao primeiro de 2009, quando o Brasil também passou por um quadro de recessão técnica. Naquela época, o governo contava com dinheiro em caixa por causa do boom das commodities e conseguiu impulsionar a economia, injetando recursos nas empresas via BNDES e liberando subsídios. "Não temos mais esse dinheiro", completou Bonelli.

O agravamento da crise política e as dificuldades do governo em promover o ajuste fiscal também tendem a deixar no chão a confiança dos empresários e investidores ."O brasileiro precisa ter uma visão mais clara de como será feito o ajuste fiscal. E o governo precisa de capital político para implementá-lo", concluiu Thaís Zara.

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Os trabalhadores pobres são os mais prejudicados pelo escorregão da economia. Mas onde estão os supostos defensores dos pobres para protestar contra a queda do PIB? por LEANDRO NARLOCH, DE VEJA.COM

O primeiro é a produtividade. Um empregador só vai pagar R$ 5 mil de salário se o funcionário render um pouco mais que isso. A produtividade determina o teto, o máximo que uma pessoa pode ganhar.

Já o valor mínimo depende da oferta e procura. Se houver gente demais à procura de vagas, o empregador poderá pagar muito menos que R$ 5 mil de salário. Do contrário, se houver um bocado de patrões em busca do trabalhador, eles terão que reduzir suas margens e contratar por algum valor bem próximo do lucro que o funcionário produz.

Por isso o segundo índice relevante à condição dos pobres é o crescimento da economia. PIB em alta significa mais vagas, mais shoppings abrindo, mais prédios em construção. A empregada doméstica pode dar adeus à patroa que a trata mal e tentar uma vaga de vendedora na loja de sapatos.

Uma notícia como a de hoje, uma retração do PIB que espantaria até mesmo os gregos em crise, atinge os pobres no peito.

O estranho é que nenhum dos supostos defensores dos pobres sai às ruas diante desse fato. Nenhum cronista ou colunista de esquerda vocifera pela internet reclamando da pior notícia que os trabalhadores brasileiros poderiam ouvir. Cadê a CUT e os sindicatos protestando contra a provável recessão?

Vai entender.

@lnarloch

Gradações da crise

Pessimismo como prato principal

Pessimismo como prato principal

Em sua fala, de 30 minutos, no jantar que a Fiesp lhe ofereceu ontem, Michel Temer até que tentou jogar algum otimismo no ambiente. Temer disse que que a crise tem gradações.

- Tem a crise administrativa, que é a de menor relevância. Depois, a crise econômica, mais preocupante, e a crise política. O que se deve evitar é a crise institucional, a mais grave das crises. Eu reconheço que no Brasil de hoje temos uma crise econômica e uma crise política.

O tom de lamento dos vinte empresários presentes ao jantar pode ser resumido pelo que disse Benjamin Steinbruch:

- A situação não está ruim, está é muito pior.

Por Lauro Jardim

 

Três opções

Dilma ainda não decidiu o que fazer da articulação política

Dilma ainda não decidiu o que fazer da articulação política

Dilma ainda não sabe o que fazer com a articulação política. As opções em sua mesa hoje são:

* reativar a Secretaria de Relações Institucionais;

* distribuir funções entre Aloizio Mercadante, Giles Azevedo, Edinho Silva e outros palacianos;

* recompor-se com Temer e encontrar uma solução mista em que peemedebistas de peso mais leve do que o do vice cuidem do varejo da distribuição de cargo, enquanto Temer, Mercadante, Giles e Edinho cuidam da tal “macropolítica”.

Até ontem, a terceira solução era a mais forte.

Por Lauro Jardim

Gastos sem controle

dilma e levy

CPMF foi compensada, mas vai voltar

Quando a CPMF deixou de ser cobrada, em 2008, o governo aumentou a Contribuição sobre o Lucro Líquido (CSLL) dos bancos de 8% para 15% (anteontem, o Congresso aprovou nova subida, agora para 20%) como forma de compensar esta perda.

Sem falar no IOF, que também subiu imediatamente após a CPMF ser extinta em janeiro em 2008 e hoje arrecada cerca de 30 bilhões de reais por ano (até 2007, a arrecadação com o IOF passava pouco dos 10 bilhões de reais).

Ou seja, o governo está recriando a CPMF, mesmo tendo vorazmente compensado sua extinção de outras formas, pela evidente incapacidade de controlar seus gastos.

Por Lauro Jardim

Não dá mais. Nem os petistas suportam Dilma Rousseff

O naufrágio do Titanic Dilma chegou à cabine petista.

1) Walter Pinheiro (PT-BA) afirmou ao Broadcastque firmará posição contra a volta da CPMF, derrubada em 2007: “Sou radicalmente contra, o imposto vai explodir a inflação e aumentar ainda mais a retração econômica”. Em conversa com ministros, o senador chegou a ponderar se há “falta de rumo” no governo.

Acorde, Pinheiro. Não há governo.

2) O recuo de 1,9% do PIB no segundo trimestre – que está em 33º em ranking com 35 países e atinge em cheio os trabalhadores pobres com a diminuição das ofertas de trabalho – foi considerado um “desastre” por interlocutores de Dilma, segundo o Estadão.

Um auxiliar direto da suposta presidente disse ao jornal que “a combinação de popularidade no ‘volume morto’ e queda acentuada do PIB torna mais difícil a ‘equação’ para o governo, que se vê confrontado com ameaça de impeachment, ‘caos político’ na relação com o Congresso e desgaste com a adoção de uma série de medidas impopulares”.

Se a suposta economista Dilma mal consegue resolver uma ‘equação’ fácil (como 13 – 4, que, para ela, é igual a 7), imagine uma difícil, que ainda inclui o rombo de R$ 10 bilhões nas contas públicas em julho, o pior desempenho desde 2001.

Melhor o PT pedir o impechment também, antes que o Brasil morra afogado.

Felipe Moura Brasil ⎯ https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil

 

A tentativa de exumar a CPMF é coisa de batedor de carteira fantasiado de governante

A ideia de ressuscitar a CPMF com codinome trocado é mais que outra esperteza tramada pelos embusteiros acampados no poder há quase 13 anos. É uma bofetada no rosto do Brasil que pensa e presta, habitado por gente que paga todas as despesas do governo arruinado pela incompetência e pela corrupção. É também um insulto intolerável aos milhões de indignados que exigem nas ruas o imediato encerramento da era da canalhice.

A carga tributária é cada vez mais indecente, constata o comentário de 1 minuto para o site de VEJA. Mas cinismo e safadeza não têm cura. Enquanto programam nas sombras mais aumentos, os extorsionários federais planejam a exumação da CPMF. Não para melhorar a saúde, mas para reduzir as dimensões siderais do buraco escavado por Lula e ampliado pelo poste que instalou no Planalto.

De novo, os incapazes capazes de tudo querem transferir a conta da farra de que desfrutaram para os lesados de sempre ─ já crescentemente atormentados pela inflação sem controle e pela expansão do desemprego. Se a pilantragem não for sepultada no Congresso, a imensa maioria de inconformados precisa tomar o freio nos dentes e juntar-se num movimento de desobediência civil cuja bandeira principal será a suspensão do pagamento de todo tipo de tributo que não tenha como escapar da retaliação merecidíssima.

Esse calote superlativo, que se estenderia até a interdição dos perdulários irrecuperáveis, foi resgatado do terreno da fantasia pelas pesquisas de opinião e pelas portentosas manifestações de rua. Os brasileiros decididos a abreviar o mandato de Dilma vão chegando a 70%. São tratados pelo governo lulopetista como se fossem um bando de idiotas. Os que permanecem na seita agonizante nem chegam a 10%. É hora de mostrar-lhes como se deve tratar todo batedor de carteira fantasiado de governante.

J. R. Guzzo: Restos a pagar

Publicado na versão impressa de VEJA

O segundo governo da presidente Dilma Rousseff deu para imaginar o fim do mundo a cada vez que a população vai para a rua; deve ter suas razões. Daí, quando as pessoas voltam para casa e se descobre que o mundo, obviamente, continua de pé, as altas autoridades da República passam a contar vantagem. Insultam os manifestantes. Dizem que estão fazendo um governo praticamente perfeito ─ se uma ou outra coisa não vai bem, a culpa é da economia dos Estados Unidos, ou da China, ou de quem mais possa lhes dar na telha.

Agem como se todos os brasileiros que não foram às manifestações estivessem a favor do governo. Acreditam que saíram da bacia das almas porque fecharam negócio com a nova equipe de resgate chefiada pelo senador Renan Calheiros e seus associados de sempre ─ Fernando Collor, José Sarney, Paulo Maluf e outros gigantes que hoje são os anjos da guarda da esquerda nacional. A presidente, mais uma vez, diz: “Daqui ninguém me tira”.» Clique para continuar lendo

(por J. R. GUZZO)

Linha de produção da fábrica da Nissan Retomada deve ser verificada somente a partir de 2017, dizem economistas(Germano Luders/VEJA)

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veja.com

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