Epitáfio de uma era: Aqui jaz a CUT, "entrincheirada e com a arma na mão"
Aconselhada por Lula, Dilma reuniu todas as siglas que o petismo chama de “movimentos sociais”. Fez isso para provar que não está só. Às vésperas de mais um ‘asfaltaço’, a presidente quis dar voz à sua infantaria. Entre os oradores, Vagner Freitas, presidente da CUT. Encenado no Planalto, o ato foi uma metáfora para a decadência. E o discurso do companheiro Vagner foi o epitáfio de uma era.
“O que se vende hoje no Brasil é a intolerância, é o preconceito. Preconceito de classe contra nós”, disse o mandachuva da CUT. “Quero dizer em alto e bom tom que somos defensores da unidade nacional, da construção de um projeto nacional de desenvolvimento para todos e para todas. E que isso implica agora, nesse momento, ir para as ruas, entrincheirado, com arma na mão, se tentarem derrubar a presisdenta Dilma Rousseff.”
Dirigindo-se à inquilina do Planalto, o orador por muito pouco não bateu continência. Perdido em algum lugar do século 19, declarou: “Seremos, presidenta Dilma, [diante de] qualquer tentativa de atentado à democracia, à senhora ou ao presidente Lula, nós seremos o Exército que vai enfrentar essa burguesia na rua…” Seguiu-se um coro de “não vai ter golpe.”
Vagner Freitas valeu-se uma antiga regra da propaganda: personalize. Tudo pode ser vendido, seja óleo de peroba ou uma tese, se tiver uma cara e um enredo. Dê um nome ao seu inimigo, ornamente-o com um rabo e um par de chifres e pronto! Seus problemas acabaram. A identificação de um demônio para o qual se possa transferir todas as culpas livra o orador de qualquer tipo de exame. A começar pelo mais espinhoso: o auto-exame. A CUT descobriu o seu: “A burguesia”.
O chefe da falange da CUT estava muito ocupado ajudando a fazer a história do novo Brasil para compreendê-la. Presos na Lava Jato, os ex-guerreiros do povo brasileiro consolidaram a sua desilusão. Deve ser mesmo dura a experiência de ter que aceitar, depois de 13 anos de usufruto do poder, que a conquista se deu sem método, com muita calhordice e hipocrisia.
Por sorte, José Dirceu e João Vaccari Neto estão presos. Sabe Deus o que faria o companheiro Vagner se, armado das virtudes que carrega no coldre, encontrasse a dupla de novos burgueses na rua. No momento, Dirceu, Vaccari e o imenso etcétera que compõe o esquema de pilhagem da Petrobras são os motores que podem mover o impeachment.
Vagner Freitas é um crítico ardoroso do ministro Joaquim Levy e do senador Renan Calheiros. Natural. Não é fácil suportar a ideia de ter que substituir os ídolos da infância por novos herois da resistência —sobretudo quando esses novos herois são velhos burgueses e a comandante da tropa confraterniza com eles ao mesmo tempo em que afirma que nunca mudou de lado.
Em condições normais, um presidente de central sindical pregando o uso de armas em pleno Palácio do Planalto, ao lado da suposta chefe da nação, deveria ser tratado como caso de polícia. Mas é preciso dar um desconto. Para o companheiro Vagner Freitas, a revisão da história do seu universo imaginário beira a autoflagelação. Sua retórica amalucada deve ser vista como uma espécie de contrição de alguém que elabora o epitáfio de uma era: ‘Aqui jaz a República da CUT, entrincheirada e com arma na mão!’
(por Josias de Souza, do UOL)
Também eleito pelo voto popular, Collor não escapou da queda exigida pela turma que agora chama de ‘golpe’ o despejo de Dilma
Como Fernando Collor em 1989, Dilma Rousseff atravessou a campanha presidencial de 2014 contando mentiras, falsificando estatísticas e declamando promessas que revogou na primeira semana de mandato. Como Collor, Dilma precisou de poucos dias para cair em desgraça com os eleitores, agravar o raquitismo da base governista no Congresso e transformar-se numa colecionadora de recordes de impopularidade. Como Collor, Dilma enredou-se em delinquências que dão cadeia em qualquer país menos primitivo.
Muito mais que Collor, Dilma fez que não viu, protegeu ou acobertou casos de polícia e esquemas corruptos cujas dimensões siderais fazem o agora senador parecer um mero batedor de carteira. Repelida, como Collor, pela imensa maioria dos brasileiros, Dilma tenta manter-se no emprego agarrada à falácia que recita na discurseira de todos os dias: nada justifica o encurtamento de um mandato conquistado nas urnas. Nesta semana, em conversa com o poste que Lula instalou no Planalto, o próprio Collor tratou de refrescar-lhe a memória: “Eu também fui eleito pelo povo”.
Em 1992, empenhado em abreviar o inquilinato do inimigo no gabinete presidencial, os chefões do PT argumentaram que escolhas equivocadas devem ser desfeitas quando colocam em risco o futuro do país. E enxergaram na queda do chefe de governo um triunfo do estado de direito. Neste inverno sem similares, os devotos da seita acusam de “golpista” quem constata que chegou a hora de encerrar um embuste que ameaça a sobrevivência do Brasil. Se Dilma sair, talvez ocorram algumas chuvas e trovoadas. Se ficar, a nação será castigada até 2018 pela tempestade perfeita.
(por Augusto Nunes)
Oliver: Aula de massinha política
VLADY OLIVER
Vamos explicar para quem ainda não conseguiu entender? A imensa maioria dos brasileiros sai às ruas pacificamente porque quer o fim desse governo, dessa política, dessa administração, mas ainda confia nas instituições para resolver esse problema. Em qualquer nação civilizada, isto bastaria para que os governantes entendessem a grandeza de um gesto político. Aqui não. Aqui, bandido fica encastelado no governo roubando e você precisa chamar a polícia para tirá-lo de lá.
Na leitura avariada dessa gente, as manifestações em si não são o golpe, mas ensejariam um. Fica claro que não querem sair da teta, certo? A crise se resolveria pacificamente se, confiando nas instituições, os próprios bandidos caíssem em si e se entregassem. Alguém aqui acha que farão isso?
Há dois elefantes no governo, um em decorrência do outro; ambos se segurando na mamata.
São os “políticos da forma geral” que puxaram para si as benesses do poder e os ladrões, que perceberam como era fácil nesse cenário montar uma gigantesca máquina de roubar. Usar um bandido para derrubar o outro é quase escandaloso, mas parece que é a única saída que temos no momento. A outra é deixar claro quem é quem nessa trama sórdida e exigir que o cidadão pare de votar em bandidos. A desinformação aqui é industrial e a ignorância, um negócio muito rentável para os poderosos de turno.
Sabermos que a única oposição efetiva ao governo emana da própria base “aliada” desse governo cheira a vigarice, não é mesmo? Onde está a oposição? Quem acredita na covardia dessa gente não entende nada de ideologia; são todos de esquerda, meus amigos. Todos amiguinhos. O contrário de capitalismo é o comunismo; o de democracia é que é ditadura. Assim como não existem democracias comunistas, não existirão ditaduras capitalistas. Podem ir tirando os “little horses from the rain” que isso aqui já é uma ditadura, que também precisará ser derrubada como aquela outra. É preciso desenhar?
Se o capitalismo só produz “senhores de engenho”, o socialismo só produz bandidos. Com essa visão clara de ambos fica claro entender o que pensam, o que os move e o que defendem. Parem de aplaudir idiotas que empurram ideologia pra você com palavras elegantes. Eles continuam não valendo o que comem e brandindo uma mentira fundamental. Você precisa ser manipulado. Não sabe votar: se soubesse, não cairia nessa armadilha toda vez que ela é montada por aqui. E com urnas eletrônicas superfaturadas então? O serviço fica muito mais simples.
Não acredito em “planos mirabolantes”, nem em hegemonia mundial para se conquistar o poder. Acredito em algo muito pior: a “mentalidade” reinante. Por ela, subir na vida é pelo atalho e isso é lugar comum em qualquer tecido social rasgado e puído como o nosso. É nas entranhas que essa gente se acomoda, “transferindo renda” para os próprios bolsos. É tão escancarado que não sei como não somos governados pelo PCC de uma vez, no lugar do seu braço político, o PT.
Comunistas nunca se rendem, meus caros. Eles se imiscuem. Eles sempre se misturarão com a farinha poítica manca que produzimos por aqui, para ficarem à espreita de novas brechas na sociedade ─ para expandir a infiltração. Ou reconhecemos este estado de coisas e barramos essa gente via enxugamento da coisa pública, exigindo competência administrativa para cargos públicos, ou seremos eternos reféns de novas quadrilhas.
Por último, a pétubrais. Instrumento vagabundo de um golpe em gestação, a estatal aparelhada até a medula é um monstro que atravessa a gasolina mais cara do planeta para os seus consumidores. E tem gente que apresenta essa vigarice como “exemplo de desenvolvimento”. Desenvolvimento de bandidos, ainda não está claro? Ou desmontamos o Estado elefante de nosso lombo ou permitiremos eternamente que financiem, via esses mamutes gordurosos, as quadrilhas de turno, com o dinheiro desviado com que esses vigaristas atuam, meus caros. Acordem.
Hora de recreio.
(por Vlady Oliver)
No EL PAÍS: Eduardo Cunha sofre revés no STF em sua cruzada pelo impeachment
A manobra do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para acelerar a votação das contas do Governo Dilma na Câmara, foi frustrada nesta quinta-feira pelo Supremo Tribunal Federal, em uma decisão que garante um pequeno alento à presidenta. O ministro Luís Roberto Barroso, do STF, definiu que as contas presidenciais terão de ser analisadas em sessões do Congresso Nacional — Câmara e Senado— e não somente pelos deputados, como era o desejo do peemedebista. E quem deve colocar essas votações em pauta é o presidente do Congresso, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), o velho-novo aliado de Rousseff.
Cunha já havia cumprido parte do plano para abrir caminho ao pedido de impeachment de Dilma. A principal aposta da oposição passa pela análise das contas do Governo petista em 2014, a serem possivelmente rejeitadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) por causa das chamadas pedaladas fiscais. Para votar as contas de Rousseff, porém, era necessário seguir o rito da Casa, de aprovar antes as contas dos Governos dos ex-presidentes Itamar Franco (PMDB), Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que estavam esquecidas pelos parlamentares há anos. Entre os dias 6 e 7 os deputados aprovaram, em votação simbólica e a toque de caixa, todas as contas passadas. Esperavam agora só a decisão do TCU sobre Dilma para embasar um pedido de impeachment, que começa a tramitar pela Câmara.
CRISE POLÍTICA BRASILEIRA
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Com a decisão do Supremo, Cunha se vê diante da primeira derrota concreta depois que anunciou o rompimento com o Planalto. Alguns analistas observam que o presidente da Câmara começou, efetivamente, a perder poder, sendo colocado para escanteio pelo próprio partido. Nesta semana, por exemplo, o senador Renan Calheiros e outros peemedebistas apresentaram uma série de propostas para ajudar o Governo a sair da crise, a chamada 'Agenda Brasil'. Cunha não foi chamado para participar dos debates e classificou as sugestões como “espumas”.
Na prática, a sentença do STF é outra prova do fortalecimento de Renan. A decisão de Barroso atendeu a um pedido de uma senadora que é muito próxima do presidente do Senado, Rose de Freitas (PMDB-ES), a presidente da Comissão Mista de Orçamento. A parlamentar pediu ao STF que todos os julgamentos de contas de presidentes fossem suspensos porque nenhum deles havia sido feito em sessões conjuntas do Congresso. Barroso decidiu que apenas os próximos julgamentos deveriam ser feitos desta maneira. Ainda cabe recurso à decisão.
Cunha, o público e o privado
O martírio de Cunha, investigado no escândalo da Lava Jato, não acaba por aí. Nesta quinta-feira, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que comanda a investigação do núcleo político citado na operação, o acusou de usar uma estrutura pública para promover sua defesa pessoal no caso. Em parecer enviado ao Supremo, Janot diz que o deputado mistura o “público com o privado” em sua tentativa de anular as provas. Para entender o recado de Janot é preciso retomar um novelo que ganha cada dia mais tons rocambolescos.
O presidente da Câmara solicitou há três meses que a Advocacia Geral da União entrasse com recurso judicial – ou agravo regimental, na linguagem jurídica - no Supremo alegando que o Poder Legislativo e “seus membros em particular” usufruem da prerrogativa de imunidade parlamentar. O objetivo era anular eventuais provas encontradas na ação de busca e apreensão em seu gabinete no dia 6 de maio. O time comandado por Janot havia sido autorizado pelo Supremo a ir atrás de evidências de que o deputado teve participaçãona apresentação de dois requerimentos feitos pela Câmara em 2011, pedindo auditoria dos contratos entre as empresas Mitsui, Samsung e Petrobras.
Os pedidos da Casa, feitos naquele ano, seriam uma tentativa de paralisar os negócios dessas companhias, que estariam se negando a pagar propina a Cunha. O deputado sempre negou essa versão, alegando que a ex-deputada Solange Almeida, do PMDB do Rio, como ele, era a autora dos requerimentos. A equipe da Procuradoria Geral, porém, solicitou a ação no gabinete para colher provas de que o pedido teria sido elaborado num computador aberto com a senha de Cunha, como havia publicado a Folha.
Dois delatores da Lava Jato, Alberto Youseff e o lobista Julio Camargo, confirmaram a versão de que Cunha era o mentor desses requerimentos, usados para pressionar as fornecedoras da Petrobras a pagar milhões de dólares em propina.
Janot encaminhou nesta quinta os argumentos da Procuradoria ao Supremo para desmontar a ação de Cunha. “O único argumento do agravo que sugere evocação de prerrogativa institucional gira em torno da alegação de uma exótica imunidade de sede da Câmara dos Deputados, que, segundo Janot, age como se fosse “não apenas independente, mas verdadeiramente soberana”.
O texto do procurador faz menção ao lema que Eduardo Cunha tem tentado sustentar para o Legislativo durante o seu ‘reinado’: “Câmara independente, democracia forte”, costuma repetir o deputado, aproveitando a fragilidade do Governo Dilma para fortalecer o seu papel. Por ora, Cunha perde pontos nessa batalha.
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O presidente da Câmara dos Deputados tem culpa e, está sendo colocado à mostra. Cabe perguntar: O quê o Presidente "carrega" em sua biografia?
Os pagamentos efetuados pelo lobista da Andrade Gutierrez à sua manteúda e, para explicar-se lançou mão de notas fiscais frias de venda de bovinos e, para finalizar: Em março de 1990, tão logo tornou-se líder do governo no Congresso Nacional, Renan Calheiros divulgou o pacote de medidas baixado por Collor, entre as quais destacava-se o confisco de parcela dos ativos depositados em cadernetas de poupança. GRANDE HOMEM !!!O correto é: O quê o Presidente do Senado "carrega" em sua biografia?
O que o Sr Angelo Miquelão Filho comenta, é exatamente o que está acontecendo, o medo que estes movimentos (CUT MST entre outros) tem de perder as regalias e as fartas verbas, como foi publicado no boletim da FAEP alguns dias atras, faz com que atendam imediatamente o chamado dos chefões, em defesa dos seus interesses.
O povo ordeiro e trabalhador articula o movimento no domingo, que não tem o que fazer pode ser qualquer dia, provavelmente com todas as despesas pagas, com o dinheiro do povo que trabalha.
Estou com vontade de errar e, depois consertar, a empresa é Mendes Junior e não a Andrade Gutierrrez. Pronto mais um conserto com "ESSE" e não com "CÊ".